Legion, criada por Noah Hawley (Fargo), conta a história de David Heller (Dan Stevens), um jovem diagnosticado com esquizofrenia que confronta a possibilidade de que as vozes e visões que possui sejam, na verdade, parte de seus poderes.
Ao ler a sinopse não é possível imaginar a quantidade de informações, perguntas e cliffhangers que a série irá trazer ao longo dos oito episódios da primeira temporada. Ao embarcar na história adaptada por Hawley, o público passa toda essa primeira etapa, juntamente a David, Syd Barrett (Rachel Keller), Dr. Melanie Bird (Jean Smart), Ptonomy Wallace (Jeremie Harris) e Cary (Bill Irwin) e Kerry Loudermilk (Amber Midthunder), a desvendar quem de fato é esse jovem conturbado.
A narrativa possui uma abordagem lenta, o que pode prejudicar na hora de prender o telespectador de frente para a TV. O defeito de Legion reside justamente no desenvolvimento do roteiro, afinal, quando se está no quarto episódio parece que ainda estamos no primeiro, numa espécie de introdução contínua sobre o que será abordado no decorrer da temporada. Um exemplo deste problema é a falta de desenvolvimento dos personagens secundários, pois somente na metade da série é quando um pouco do passado deles começa a ser desvelado.
Entretanto, é possível afirmar sem medo que a criação de Noah Hawley está apta da nota máxima no quesito técnico. Um dos pontos mais marcantes está na condução da direção dos episódios que, por diversas vezes, transmite a sensação de estar dentro da cabeça do protagonista. Imagine se você pudesse enxergar o mundo a partir da perspectiva de um esquizofrênico? Agora imagine se esse esquizofrênico descobrisse que possui poderes e vivesse uma batalha para vencer forças do mal que habitam dentro de si? É assim que é possível ver, através da lente da câmera, o mundo de Heller.
Outro ponto positivo são as cores utilizadas, desde a iluminação das cenas até as roupas dos personagens. É quase impossível não ser conquistado pela beleza das mesmas. A trilha sonora também não deixa a desejar e consegue levar o telespectador a quase ter uma taquicardia, em momentos tensos, como a se sentir tão relaxado quanto a personagem de Keller em uma determinada cena do sexto episódio.
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Os atores de Legion também merecem seu lugar na lista de itens que se sobressaem na série. Dan Stevens faz um trabalho incrível ao interpretar David, em momento algum o ator perde o público. Pelo contrário, este é estimulado a querer saber cada vez mais sobre quem é ele, como uma peça de quebra-cabeças que parece nunca terminar.
Aubrey Plaza, eternizada por seu papel como April Ludgate, em Parks and Recreation, mostra o quão versátil consegue ser ao interpretar Lenny Busker, a amiga/inimiga debochada que você mais respeita. Rachel Keller, Jean Smart, Bill Irwin, Amber Midthunder, Jeremie Harris, Jemaine Clement, Mackenzie Gray, Hamish Linklater, entre outros, também entregam excelentes atuações.
David, Lenny e Syd merecem a atenção do telespectador, assim como o show técnico de como fazer uma série de TV. Contudo, é preciso melhorar, a partir da segunda temporada, a narrativa, o desenvolvimento da história e dos personagens que não se encontram em destaque. Se Noah Hawley conseguir isso, a série pode facilmente se consagrar como uma das melhores da TV no momento.
Assista:
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