domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Legítimo Rei – Épico sangrento segue a cartilha dos filmes de guerra

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Após o grandioso Coração Valente (1995), de Mel Gibson, o escocês David Mackenzie (A Qualquer Custo), retoma a história de independência da Escócia a partir do início do século XIV. Sendo um sucessor histórico do famoso épico, Legítimo Rei (Outlaw King) destaca a jornada de fracassos e vitórias de Robert the Bruce (Chris Pine) para tornar-se o autêntico rei da Escócia.

Após a derrota de William Wallace em batalha, Robert e seu pai (James Cosmos) juram obediência dos escoceses ao rei da Inglaterra Edward I (Stephen Dillane) em busca de restabelecer a paz no reino. Ele é apontado como guardião da Escócia junto com seu rival John III Comyn (Callan Mulvey) e, em gratidão a sua honraria, recebe o posto de coletor de impostos e uma esposa, Elizabeth Burgh (Florence Pugh), afilhada do rei.



Nesse contexto histórico, Legítimo Rei possui dois elementos fortes em sua narrativa. Primeiro, o romance entre Robert e Elizabeth, afinal a atriz Florence Pugh se sobressai em todas as suas cena como uma jovem determinada e corajosa. Segundo, a crueldade bárbara medieval, tanto nos momentos de luta, quanto do pequenos embates entre os homens do rei e o povoado. Ou seja, o filme cresce em momentos de romance e batalhas sangrentas, entretanto, os outros desenlaces da saga de Robert carecem de emoção.

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Com maestria, Mackenzie explora as belas paisagens escocesas, mas as encenações de invasões aos povoados aparentam serem risíveis. Justamente porque pretende-se mostrar que Robert avança em seu plano e é uma ameaça ao reino inglês, contudo a impressão é oposta. Com o dever de carregar o filme, a atuação de Chris Pine é regular e apresenta muito pouco das sensações do personagem. Apenas quando ele descobre que a sua esposa e a filha Marjorie (Josie O’Brien) foram aprisionadas, o seu rosto resplandece sua derrota pessoal.

Em contrapartida, o seu aliado James Douglas, vivido por Aaron Taylor-Johnson vocifera bravura, revolta e orgulho por toda a história, tendo mais relevância em cena do que o próprio protagonista. Os outros coadjuvantes não conseguem nenhum destaque, enquanto o antagonista Príncipe de Gales Edward (Billy Howle) é personificado como imbecil e hediondo. Um homem que tem coragem de destripar um aldeão, mas no meio da batalha implora por ajuda sem honra.

Como vilão, o personagem que virá a ser o rei Edward II é estereotipado e ao invés de ser um inimigo a ser temido, torna-se um tropeço no meio do caminho. Sem conseguir trazer a sensação de estupor da guerra naquele momento, Legítimo Rei segue um passo a passo das produções de época, com aldeias, castelos e lutas de espadas, mas perdendo o vigor.

Apesar da morte William Wallace servir de estopim para a revolta de Robert, o personagem histórico é representado apenas por um pedaço do seu braço, já esquartejado e espalhado pelos cantos da Inglaterra. O filme não consegue transmitir a verdadeira relevância de Robert the Bruce e a sua temperança em frente às consecutivas derrotas, as baixas na família e a descrença das pessoas.

Seu único grande momento é na última batalha, em que para encorajar o seu pequeno exército ele grita: “Conheço todos vocês como homens, mas hoje nós seremos animais ferozes”. Com 10 minutos de duração, a sequência não economiza no banho de sangue junto com o lamaçal do campo de batalha. Entre homens, armaduras, espadas e cavalos, é impossível distinguir os detalhes, mas os espíritos de hostilidade e triunfo são impressos fortemente.

Com um recorte de apenas um ano e meio, Legítimo Rei limita-se entre a morte de William Wallace e o começo da conflagração de Robert até a sua vitória que simbolicamente é o ponto de partida para o seu sucesso nos anos posteriores. Para finalizar este capítulo da história escocesa, Mackenzie destaca o reencontro do casal, celebrando a união do lutador triunfante e da mulher que passa meses pendurada em uma jaula ao relento em lealdade ao marido.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Após o grandioso Coração Valente (1995), de Mel Gibson, o escocês David Mackenzie (A Qualquer Custo), retoma a história de independência da Escócia a partir do início do século XIV. Sendo um sucessor histórico do famoso épico, Legítimo Rei (Outlaw King) destaca a jornada de fracassos e vitórias de Robert the Bruce (Chris Pine) para tornar-se o autêntico rei da Escócia.

Após a derrota de William Wallace em batalha, Robert e seu pai (James Cosmos) juram obediência dos escoceses ao rei da Inglaterra Edward I (Stephen Dillane) em busca de restabelecer a paz no reino. Ele é apontado como guardião da Escócia junto com seu rival John III Comyn (Callan Mulvey) e, em gratidão a sua honraria, recebe o posto de coletor de impostos e uma esposa, Elizabeth Burgh (Florence Pugh), afilhada do rei.

Nesse contexto histórico, Legítimo Rei possui dois elementos fortes em sua narrativa. Primeiro, o romance entre Robert e Elizabeth, afinal a atriz Florence Pugh se sobressai em todas as suas cena como uma jovem determinada e corajosa. Segundo, a crueldade bárbara medieval, tanto nos momentos de luta, quanto do pequenos embates entre os homens do rei e o povoado. Ou seja, o filme cresce em momentos de romance e batalhas sangrentas, entretanto, os outros desenlaces da saga de Robert carecem de emoção.

Com maestria, Mackenzie explora as belas paisagens escocesas, mas as encenações de invasões aos povoados aparentam serem risíveis. Justamente porque pretende-se mostrar que Robert avança em seu plano e é uma ameaça ao reino inglês, contudo a impressão é oposta. Com o dever de carregar o filme, a atuação de Chris Pine é regular e apresenta muito pouco das sensações do personagem. Apenas quando ele descobre que a sua esposa e a filha Marjorie (Josie O’Brien) foram aprisionadas, o seu rosto resplandece sua derrota pessoal.

Em contrapartida, o seu aliado James Douglas, vivido por Aaron Taylor-Johnson vocifera bravura, revolta e orgulho por toda a história, tendo mais relevância em cena do que o próprio protagonista. Os outros coadjuvantes não conseguem nenhum destaque, enquanto o antagonista Príncipe de Gales Edward (Billy Howle) é personificado como imbecil e hediondo. Um homem que tem coragem de destripar um aldeão, mas no meio da batalha implora por ajuda sem honra.

Como vilão, o personagem que virá a ser o rei Edward II é estereotipado e ao invés de ser um inimigo a ser temido, torna-se um tropeço no meio do caminho. Sem conseguir trazer a sensação de estupor da guerra naquele momento, Legítimo Rei segue um passo a passo das produções de época, com aldeias, castelos e lutas de espadas, mas perdendo o vigor.

Apesar da morte William Wallace servir de estopim para a revolta de Robert, o personagem histórico é representado apenas por um pedaço do seu braço, já esquartejado e espalhado pelos cantos da Inglaterra. O filme não consegue transmitir a verdadeira relevância de Robert the Bruce e a sua temperança em frente às consecutivas derrotas, as baixas na família e a descrença das pessoas.

Seu único grande momento é na última batalha, em que para encorajar o seu pequeno exército ele grita: “Conheço todos vocês como homens, mas hoje nós seremos animais ferozes”. Com 10 minutos de duração, a sequência não economiza no banho de sangue junto com o lamaçal do campo de batalha. Entre homens, armaduras, espadas e cavalos, é impossível distinguir os detalhes, mas os espíritos de hostilidade e triunfo são impressos fortemente.

Com um recorte de apenas um ano e meio, Legítimo Rei limita-se entre a morte de William Wallace e o começo da conflagração de Robert até a sua vitória que simbolicamente é o ponto de partida para o seu sucesso nos anos posteriores. Para finalizar este capítulo da história escocesa, Mackenzie destaca o reencontro do casal, celebrando a união do lutador triunfante e da mulher que passa meses pendurada em uma jaula ao relento em lealdade ao marido.

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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