quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Living – Espetacular filme pode ser a grande SURPRESA do próximo Oscar! [Festival do Rio 2022]

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É preciso saber viver… Adaptação britânica de um filme chamado Viver do genial cineasta japonês Akira Kurosawa, Living é um emocionante drama que nos mostra o recorte final de uma estrada dentro de um universo de possibilidades que se abrem, quando enxergar-se outros sentidos para vida, na trajetória de um burocrata que busca servir de exemplo, sem tempo para raivas ou arrependimentos. O cineasta sul-africano Oliver Hermanus consegue chegar à sua obra-prima da carreira, emocionando o público ao longo de inesquecíveis 102 minutos de projeção. As atuações de Bill Nighy e Aimee Lou Wood (a Aimee de Sex Education) são estupendas! Living pode ser a grande surpresa do próximo Oscar!

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Baseado fielmente nas linhas escritas na década de 50 por Kazuo Ishiguro e Akira Kurosawa (só trazendo os paralelos para a Inglaterra), na trama conhecemos o Sr.Williams (Bill Nighy), um homem que trabalha quase toda vida no funcionalismo público, mais precisamente no departamento de obras públicas. Esse homem de fala mansa, pacato, parece ter um cotidiano robótico, monótono, com as responsabilidades bem demarcadas e um relacionamento distante com os filhos. No dia em que recebe a notícia de que está com uma doença terminal e tem poucos meses de vida, praticamente vê o filme de sua vida passar pelas suas memórias e nos dias seguintes vai buscar novos caminhos para sua estrada, se envolvendo em novas relações interpessoais e experiências, mesmo com o pouco tempo de vida que ainda tem.

A visão do outro sobre a situação do protagonista é fundamental para que o filme encontre sentido aos nossos olhos. Os ótimos coadjuvantes que compõe a mesa de trabalho do departamento do Sr. Williams contribuem para uma rápida construção do maçante momento do seu dia a dia. Uma dessas personagens, a sonhadora e atenciosa Margareth (Aimee Lou Wood, em grande atuação) parece entrar em uma desconstrução quando passa a olhar de forma diferente para o chefe, num primeiro momento um zumbi, depois a delicadeza e a troca mútua o transformam em um realizador de momentos. Há um mutualismo nítido nessa relação, um chega com a atenção, o outro com exemplos de sua vasta experiência. Cenas emocionantes surgem nesses diálogos.

O protagonista se apega nas memórias para de libertar, no início é uma navegação sozinha, solitária. Partindo do cotidiano do trabalho, rotina bem construída pelo roteiro, vamos entendendo alguns porquês perdidos na personalidade tímida que muitas vezes não parece ter forças para um sonhar. A disciplina que se mistura com a mesmice, logo se transforma em agarrar o pouco tempo de vida que ainda tem. Ele experimenta a boemia, o presentear pessoas de bem, tirar do estado de indecisão uma obra de um parque que se concluída vai gerar futuras lembranças em outros. Em falar em lembranças, é exatamente por aí o início de seu despertar. Uma das cenas mais lindas de 2022, esse homem sentado em um balanço, sabendo que já se vai, uma emoção que transborda para nossos corações, quanta coisa é dita apenas com o olhar. Nesse momento (e em tantos outros) brilha o veterano Bill Nighy. Não há palavras para definir essa atuação.

Living chega com muita força na corrida ao próximo Oscar, em algumas categorias. O projeto, que ainda conta com uma belíssima trilha sonora assinada pela compositora francesa Emilie Levienaise-Farrouch, nos faz refletir constantemente sobre como vivemos a nossa própria vida. Imperdível!

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Baseado fielmente nas linhas escritas na década de 50 por Kazuo Ishiguro e Akira Kurosawa (só trazendo os paralelos para a Inglaterra), na trama conhecemos o Sr.Williams (Bill Nighy), um homem que trabalha quase toda vida no funcionalismo público, mais precisamente no departamento de obras públicas. Esse homem de fala mansa, pacato, parece ter um cotidiano robótico, monótono, com as responsabilidades bem demarcadas e um relacionamento distante com os filhos. No dia em que recebe a notícia de que está com uma doença terminal e tem poucos meses de vida, praticamente vê o filme de sua vida passar pelas suas memórias e nos dias seguintes vai buscar novos caminhos para sua estrada, se envolvendo em novas relações interpessoais e experiências, mesmo com o pouco tempo de vida que ainda tem.

A visão do outro sobre a situação do protagonista é fundamental para que o filme encontre sentido aos nossos olhos. Os ótimos coadjuvantes que compõe a mesa de trabalho do departamento do Sr. Williams contribuem para uma rápida construção do maçante momento do seu dia a dia. Uma dessas personagens, a sonhadora e atenciosa Margareth (Aimee Lou Wood, em grande atuação) parece entrar em uma desconstrução quando passa a olhar de forma diferente para o chefe, num primeiro momento um zumbi, depois a delicadeza e a troca mútua o transformam em um realizador de momentos. Há um mutualismo nítido nessa relação, um chega com a atenção, o outro com exemplos de sua vasta experiência. Cenas emocionantes surgem nesses diálogos.

O protagonista se apega nas memórias para de libertar, no início é uma navegação sozinha, solitária. Partindo do cotidiano do trabalho, rotina bem construída pelo roteiro, vamos entendendo alguns porquês perdidos na personalidade tímida que muitas vezes não parece ter forças para um sonhar. A disciplina que se mistura com a mesmice, logo se transforma em agarrar o pouco tempo de vida que ainda tem. Ele experimenta a boemia, o presentear pessoas de bem, tirar do estado de indecisão uma obra de um parque que se concluída vai gerar futuras lembranças em outros. Em falar em lembranças, é exatamente por aí o início de seu despertar. Uma das cenas mais lindas de 2022, esse homem sentado em um balanço, sabendo que já se vai, uma emoção que transborda para nossos corações, quanta coisa é dita apenas com o olhar. Nesse momento (e em tantos outros) brilha o veterano Bill Nighy. Não há palavras para definir essa atuação.

Living chega com muita força na corrida ao próximo Oscar, em algumas categorias. O projeto, que ainda conta com uma belíssima trilha sonora assinada pela compositora francesa Emilie Levienaise-Farrouch, nos faz refletir constantemente sobre como vivemos a nossa própria vida. Imperdível!

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