domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Lorde faz seu retorno ao mundo da música com o espetacular single “Solar Power”

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A cantora e compositora neozelandesa Lorde havia feito seu último lançamento oficial ainda em 2017 com o aclamado álbum Melodrama. Quatro anos mais tarde e inúmeras promessas de uma nova era, a artista fez um glorioso e surpreendente retorno aos holofotes hoje, 10 de junho, com o lançamento inesperado de Solar Power, lead single de seu terceiro álbum de estúdio homônimo.

Para aqueles que já acompanhavam a ainda jovem carreira da performer – ou ao menos que conheciam suas músicas mais famosas, como a premiada “Royals” -, sabe-se que um dos aspectos de sua estética e a imprevisibilidade e a negação total do status quo do cenário fonográfico (motivo pelo qual é quase impossível colocá-la em um gênero musical). Condecorada como o “futuro da música” pelo lendário David Bowie, Lorde flutuou do dream pop ao art pop à medida que arquitetava uma identidade única e que serviria de inspiração para diversos outros nomes, incluindo Billie Eilish e Olivia Rodrigo, ambas já tendo expressado admiração pelo trabalho da colega.



Por essas razões, não é surpresa que a nova música seja diferente do que já nos apresentara. Ora, ela inclusive resolve se afastar das costumeiras homenagens a Billie Holiday e Fleetwood Mac para encarnar uma versão contemporânea e nostálgica, ao mesmo tempo, de George Michael, mergulhando de cabeça no pop-funk dos anos 1990 sem perder a mão das incursões mainstream do dance e do nu-disco. Mais do que isso, a produção, que fica a encargo tanto dela quanto de Jack Antonoff (responsável por alguns dos melhores álbuns do século e colaborador de longa data da cantora), faz menções ao capricho estilizado e propositalmente afetado do compositor francês Bruno Coulais e até mesmo expande as referências à dissonante marca de Lucio Battisti.

A antêmica canção também não deixa a desejar no tocante à narrativa que conta: celebrando a época do verão, com toda a exuberância de cores (acid green, aquamarine) e uma exaltação sensorial do que esse vibrante período representa, não apenas para a atmosfera da faixa, mas talvez para o sensível e amadurecido momento em que Lorde se encontra. E não se enganem: a familiar progressão, que explode num envolvente frenesi de otimismo, é a cereja de um bolo que vinha sido preparado com carinho e cautela há bastante tempo – e que serve como uma abertura impecável a uma era promissora.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A cantora e compositora neozelandesa Lorde havia feito seu último lançamento oficial ainda em 2017 com o aclamado álbum Melodrama. Quatro anos mais tarde e inúmeras promessas de uma nova era, a artista fez um glorioso e surpreendente retorno aos holofotes hoje, 10 de junho, com o lançamento inesperado de Solar Power, lead single de seu terceiro álbum de estúdio homônimo.

Para aqueles que já acompanhavam a ainda jovem carreira da performer – ou ao menos que conheciam suas músicas mais famosas, como a premiada “Royals” -, sabe-se que um dos aspectos de sua estética e a imprevisibilidade e a negação total do status quo do cenário fonográfico (motivo pelo qual é quase impossível colocá-la em um gênero musical). Condecorada como o “futuro da música” pelo lendário David Bowie, Lorde flutuou do dream pop ao art pop à medida que arquitetava uma identidade única e que serviria de inspiração para diversos outros nomes, incluindo Billie Eilish e Olivia Rodrigo, ambas já tendo expressado admiração pelo trabalho da colega.

Por essas razões, não é surpresa que a nova música seja diferente do que já nos apresentara. Ora, ela inclusive resolve se afastar das costumeiras homenagens a Billie Holiday e Fleetwood Mac para encarnar uma versão contemporânea e nostálgica, ao mesmo tempo, de George Michael, mergulhando de cabeça no pop-funk dos anos 1990 sem perder a mão das incursões mainstream do dance e do nu-disco. Mais do que isso, a produção, que fica a encargo tanto dela quanto de Jack Antonoff (responsável por alguns dos melhores álbuns do século e colaborador de longa data da cantora), faz menções ao capricho estilizado e propositalmente afetado do compositor francês Bruno Coulais e até mesmo expande as referências à dissonante marca de Lucio Battisti.

A antêmica canção também não deixa a desejar no tocante à narrativa que conta: celebrando a época do verão, com toda a exuberância de cores (acid green, aquamarine) e uma exaltação sensorial do que esse vibrante período representa, não apenas para a atmosfera da faixa, mas talvez para o sensível e amadurecido momento em que Lorde se encontra. E não se enganem: a familiar progressão, que explode num envolvente frenesi de otimismo, é a cereja de um bolo que vinha sido preparado com carinho e cautela há bastante tempo – e que serve como uma abertura impecável a uma era promissora.

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