domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Loucura de Amor – Netflix lança fofíssima versão atualizada de ‘Nunca Fui Beijada’

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Quem cresceu na década de 1990 teve a oportunidade de ver nos cinemas clássicos da comédia romântica que marcaram toda uma geração, como ‘Quem Vai Ficar com Mary?’ e ‘Nunca Fui Beijada’, filmes com mocinhas indefesas que, de alguma forma, precisavam ser resgatadas. Mais de vinte anos depois, chega à NetflixLoucura de Amor’, uma versão espanhola dessa história, só que com uma narrativa atualizada e totalmente apaixonante.



Adri (Álvaro Cervantes) é o típico homem bem-sucedido na vida, garanhão, que não se prende a ninguém. Certa noite, ele faz uma aposta com os amigos de que consegue seduzir uma loira que está no bar, porém, quando estava a caminho da moça, Carla (Susana Abaitua) esbarra nele. Encantado pela energia eufórica da moça à sua frente, Adri se sente hipnotizado e segue aquela enigmática moça em todos os seus mirabolantes planos – e, com ela, tem a melhor noite de sua vida. Porém, com o nascer do sol, a misteriosa moça sai correndo, deixando Adri sem nenhuma informação sobre ela e com um enorme vazio no peito.

Sob a roupagem de comédia romântica estilo conto de fadas, o roteiro de Eric Navarro e Natalia Durán se apropria do argumento utilizado em ‘Nunca Fui Beijada’ para construir uma narrativa mais honesta e atual: a do homem que se infiltra em um determinado lugar para tentar conquistar a mulher amada, porém, ao chegar lá, descobre que ele não é nenhum príncipe encantado e o conceito de salvamento da mulher indefesa é uma ideia romântica que já não tem espaço no mundo moderno.

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Loucura de Amor’ se dedica também em desenvolver os personagens secundários extremamente carismáticos, cujas histórias emocionam o espectador pelo mesmo motivo: todos possuem algum distúrbio psiquiátrico, e a forma como o filme trabalha essas questões é bastante honesta, ainda que por vezes seja um pouco didático demais. Dentre todos, o mais comovente é Saúl (Luis Zahera), que pega a gente desprevenido e arranca lágrimas que não vimos se formar em nossos olhos.

A direção de Dani de la Orden encontra o equilíbrio certo para dosar pitadas de romance romântico conduzidas pelas situações cômicas realmente engraçadas – tudo isso para enfeitar o verdadeiro drama de ‘Loucura de Amor’: a (in)capacidade do ser humano de respeitar o outro como ele ou ela é. Situado em uma bela locação, o filme ganha muito com a entrega dos atores a tão complexos personagens, trazendo uma leitura não estereotipada dos indivíduos com distúrbios psiquiátricos. Com quase uma hora e quarenta de duração, o filme atravessa todos os momentos no tempo certo, encabeçados por uma abertura intensa, divertida e deliciosa, que fisga o espectador nos primeiros quinze minutos.

Loucura de Amor’ é um filme fofinho e respeitoso, que diverte e faz refletir na mesma proporção. Entrega tudo que esperamos dele e ainda deixa uma linda mensagem: amar não é querer mudar o outro para tentar encaixá-lo dentro de uma dita normalidade, mas sim entender que ele ou ela têm suas diferenças e particularidades; é preciso respeitar isso e amar o outro assim mesmo.

 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Crítica | Loucura de Amor – Netflix lança fofíssima versão atualizada de ‘Nunca Fui Beijada’

Quem cresceu na década de 1990 teve a oportunidade de ver nos cinemas clássicos da comédia romântica que marcaram toda uma geração, como ‘Quem Vai Ficar com Mary?’ e ‘Nunca Fui Beijada’, filmes com mocinhas indefesas que, de alguma forma, precisavam ser resgatadas. Mais de vinte anos depois, chega à NetflixLoucura de Amor’, uma versão espanhola dessa história, só que com uma narrativa atualizada e totalmente apaixonante.

Adri (Álvaro Cervantes) é o típico homem bem-sucedido na vida, garanhão, que não se prende a ninguém. Certa noite, ele faz uma aposta com os amigos de que consegue seduzir uma loira que está no bar, porém, quando estava a caminho da moça, Carla (Susana Abaitua) esbarra nele. Encantado pela energia eufórica da moça à sua frente, Adri se sente hipnotizado e segue aquela enigmática moça em todos os seus mirabolantes planos – e, com ela, tem a melhor noite de sua vida. Porém, com o nascer do sol, a misteriosa moça sai correndo, deixando Adri sem nenhuma informação sobre ela e com um enorme vazio no peito.

Sob a roupagem de comédia romântica estilo conto de fadas, o roteiro de Eric Navarro e Natalia Durán se apropria do argumento utilizado em ‘Nunca Fui Beijada’ para construir uma narrativa mais honesta e atual: a do homem que se infiltra em um determinado lugar para tentar conquistar a mulher amada, porém, ao chegar lá, descobre que ele não é nenhum príncipe encantado e o conceito de salvamento da mulher indefesa é uma ideia romântica que já não tem espaço no mundo moderno.

Loucura de Amor’ se dedica também em desenvolver os personagens secundários extremamente carismáticos, cujas histórias emocionam o espectador pelo mesmo motivo: todos possuem algum distúrbio psiquiátrico, e a forma como o filme trabalha essas questões é bastante honesta, ainda que por vezes seja um pouco didático demais. Dentre todos, o mais comovente é Saúl (Luis Zahera), que pega a gente desprevenido e arranca lágrimas que não vimos se formar em nossos olhos.

A direção de Dani de la Orden encontra o equilíbrio certo para dosar pitadas de romance romântico conduzidas pelas situações cômicas realmente engraçadas – tudo isso para enfeitar o verdadeiro drama de ‘Loucura de Amor’: a (in)capacidade do ser humano de respeitar o outro como ele ou ela é. Situado em uma bela locação, o filme ganha muito com a entrega dos atores a tão complexos personagens, trazendo uma leitura não estereotipada dos indivíduos com distúrbios psiquiátricos. Com quase uma hora e quarenta de duração, o filme atravessa todos os momentos no tempo certo, encabeçados por uma abertura intensa, divertida e deliciosa, que fisga o espectador nos primeiros quinze minutos.

Loucura de Amor’ é um filme fofinho e respeitoso, que diverte e faz refletir na mesma proporção. Entrega tudo que esperamos dele e ainda deixa uma linda mensagem: amar não é querer mudar o outro para tentar encaixá-lo dentro de uma dita normalidade, mas sim entender que ele ou ela têm suas diferenças e particularidades; é preciso respeitar isso e amar o outro assim mesmo.

 

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