sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Lov3 – Série Nacional da Prime Video enfoca as Múltiplas Formas de Amar

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Como diria Bauman, vivemos tempos de amores líquidos. O que basicamente significa que as relações interpessoais entre os seres humanos não se solidificam mais, e, portanto, tendem a se dissolver, cansar, até mesmo se destruir com o passar do tempo e a perda de interesse. É uma característica da tal modernidade, em que tudo é descartável, inclusive as pessoas. Agora, imagina ser jovem, cheio de hormônio, carregado de potencial e crescer num mundo assim, tão irrelevante. Dessa angústia surge a série nacional ‘Lov3’, que chega essa semana aos assinantes da Prime Video no Brasil.



Sofia (Bella Camero), Beto (João Oliveira) e Ana (Elen Cunha) são irmãos, sendo que os dois primeiros são gêmeos e a última é a mais velha, recém-separada do marido e que decidiu ir morar com os irmãos na casa onde cresceram, mas sem contar para os pais. Quando Fausto (Donizeti Mazonas) e Baby (Chris Couto) aparecem sem avisar os filhos e comunicam que eles estão se separando, os três ficam sem chão. Mais ainda: Baby lhes dá dez dias para desocuparem o apartamento e tomarem rumo na vida, que ela irá utilizar o imóvel. Começa aí o desespero dos três: como arranjar dinheiro para pagar o aluguel à mãe? Ou seria melhor se independer do ninho e procurar a própria sorte com o próprio esforço?

Dividido em seis episódios de cerca de trinta minutos cada, a série ‘Lov3’ é claramente voltada para seu público específico: a juventude classe média urbana que, entediada com seu próprio privilégio, busca alívio das suas angústias de maneira incansável e exploratória. E, no caso, os protagonistas de ‘Lov3’ encontram esse alívio no sexo – ou, mais especificamente, na busca e no encontro das múltiplas possibilidades de amar. Essa é a solução de seus problemas.

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Criado por Rita Moraes e Felipe Braga, um dos acertos da série é dialogar abertamente sobre a abertura amorosa que os tempos 00 trouxeram para a sociedade, com relacionamentos não monogâmicos, não heteronormativos e plurais. É onde os protagonistas querem encontrar as soluções de suas inquietações – Ana e seu casamento aberto; Sofia e o casal trisal; Beto e o amor gay. Porém, o roteiro de Rafael Lessa vai construindo esses personagens de maneira bem birrenta, especialmente Sofia, que se autointitula a dona da casa. Talvez a direção de Gustavo Bonafé (do filme e da série ‘O Doutrinador’) e Mariana Youssef tenha deixado passar em demasia o jeito mandão dessa protagonista, tornando-a uma mala mimada. Dos três irmãos, o mais simpático é Beto, que, com toda a sua insegurança, tem a jornada mais adorável de se acompanhar.

Estreando em plenas férias escolares da garotada jovem adulta, ‘Lov3’ é uma série nacional bem-produzida, que dialoga com um determinado nicho da população brasileira. Com muito sexo, pegação em grupo e personagens pouco carismáticos, é uma produção para debater a abertura de leque dos relacionamentos humanos nos tempos atuais tendo em vista as construções para o futuro, e tentar entender como a juventude urbana está buscando interagir, inclusive com os pais e familiares, que, sem jeito de como abordar essa galerinha espírito livre, acaba se afastando. Vale como ferramenta de debate.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Como diria Bauman, vivemos tempos de amores líquidos. O que basicamente significa que as relações interpessoais entre os seres humanos não se solidificam mais, e, portanto, tendem a se dissolver, cansar, até mesmo se destruir com o passar do tempo e a perda de interesse. É uma característica da tal modernidade, em que tudo é descartável, inclusive as pessoas. Agora, imagina ser jovem, cheio de hormônio, carregado de potencial e crescer num mundo assim, tão irrelevante. Dessa angústia surge a série nacional ‘Lov3’, que chega essa semana aos assinantes da Prime Video no Brasil.

Sofia (Bella Camero), Beto (João Oliveira) e Ana (Elen Cunha) são irmãos, sendo que os dois primeiros são gêmeos e a última é a mais velha, recém-separada do marido e que decidiu ir morar com os irmãos na casa onde cresceram, mas sem contar para os pais. Quando Fausto (Donizeti Mazonas) e Baby (Chris Couto) aparecem sem avisar os filhos e comunicam que eles estão se separando, os três ficam sem chão. Mais ainda: Baby lhes dá dez dias para desocuparem o apartamento e tomarem rumo na vida, que ela irá utilizar o imóvel. Começa aí o desespero dos três: como arranjar dinheiro para pagar o aluguel à mãe? Ou seria melhor se independer do ninho e procurar a própria sorte com o próprio esforço?

Dividido em seis episódios de cerca de trinta minutos cada, a série ‘Lov3’ é claramente voltada para seu público específico: a juventude classe média urbana que, entediada com seu próprio privilégio, busca alívio das suas angústias de maneira incansável e exploratória. E, no caso, os protagonistas de ‘Lov3’ encontram esse alívio no sexo – ou, mais especificamente, na busca e no encontro das múltiplas possibilidades de amar. Essa é a solução de seus problemas.

Criado por Rita Moraes e Felipe Braga, um dos acertos da série é dialogar abertamente sobre a abertura amorosa que os tempos 00 trouxeram para a sociedade, com relacionamentos não monogâmicos, não heteronormativos e plurais. É onde os protagonistas querem encontrar as soluções de suas inquietações – Ana e seu casamento aberto; Sofia e o casal trisal; Beto e o amor gay. Porém, o roteiro de Rafael Lessa vai construindo esses personagens de maneira bem birrenta, especialmente Sofia, que se autointitula a dona da casa. Talvez a direção de Gustavo Bonafé (do filme e da série ‘O Doutrinador’) e Mariana Youssef tenha deixado passar em demasia o jeito mandão dessa protagonista, tornando-a uma mala mimada. Dos três irmãos, o mais simpático é Beto, que, com toda a sua insegurança, tem a jornada mais adorável de se acompanhar.

Estreando em plenas férias escolares da garotada jovem adulta, ‘Lov3’ é uma série nacional bem-produzida, que dialoga com um determinado nicho da população brasileira. Com muito sexo, pegação em grupo e personagens pouco carismáticos, é uma produção para debater a abertura de leque dos relacionamentos humanos nos tempos atuais tendo em vista as construções para o futuro, e tentar entender como a juventude urbana está buscando interagir, inclusive com os pais e familiares, que, sem jeito de como abordar essa galerinha espírito livre, acaba se afastando. Vale como ferramenta de debate.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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