sexta-feira , 27 dezembro , 2024

Crítica | Lua de Mel com a Minha Mãe – Comédia da Netflix Não Tem Graça e é de MAU GOSTO

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Existe uma frase clássica atribuída ao psiquiatra austríaco Sigmund Freud que diz “Freud explica!”. Não é à toa: o neurologista dedicou sua vida a investigar as nuances da psique humana, todos os seus desdobramentos e, acima de tudo, aquilo que ele chamou de impulsos. Esses impulsos são ocultados pela nossa psique, que bloqueia essas vontades por conta de convenções sociais, religiosas, etc. Esses impulsos foram profundamente estudados por Freud, que os chamou de “complexos” – comportamentos da psique humana os quais o pesquisador relacionou a algum mito grego. E muito da sociedade ocidental se comporta a partir desses complexos, como pode ser visto na nova comédia da Netflix, ‘Lua de Mel Com a Minha Mãe’.



José Luis (Quim Gutiérrez, de ‘Te Quiero, Imbécil’) está prestes a se casar quando, de repente, sua noiva o abandona no altar e foge com o DJ. Cheio de dívidas por causa da cerimônia, ele tenta devolver o pacote de lua de mel que comprara para uma ilha paradisíaca, mas a agência diz que infelizmente não poderá devolver, mas que, se quiser, pode levar outra pessoa no lugar. É assim que José acaba levando a própria mãe, Mari Carmen (Carmen Machi) para esta que deveria ser sua viagem de lua de mel. Ao chegarem, porém, percebem que o hotel só é promocional para casais de fato recém-casados, por isso, para aproveitar os passeios gratuitos, os dois decidem fingir que são casados de verdade.

É perceptível que o roteiro de Cristóbal Garrido e Adolfo Valor reproduz o complexo de Édipo para a comédia: Édipo, na mitologia grega, matou o próprio pai para se casar com a mãe. Em ‘Lua de Mel Com a Minha MãeJosé, com a desculpa de não desperdiçar sua viagem, leva a mãe numa viagem romântica, em que os dois literalmente falam para todo mundo que são casados, andam abraçados e dormem na mesma cama, mesmo quando ninguém está olhando. Poderia ter mandado os pais na viagem, afinal, a agência falou que podia trocar as pessoas, mas foi filho e mãe na aventura. Sendo que a mãe fica se lamentando sobre o quanto se sentiu “enganada” pelo marido, que lhe prometera uma viagem a Paris quando eram jovens, mas que nunca chegaram a ir… olha aqui o filho ocupando o lugar do pai na estrutura familiar…

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Ainda que se consiga relevar o complexo de Édipo, o filme de Paco Caballero não tem graça. O protagonista José é chato, chato mesmo, e totalmente perdido emocionalmente. Afora a bela locação, o único destaque é a atriz Carmen Machi, cuja atuação convence como uma mãe amorosa e cuja história desperta certa pena no espectador. Sem pé nem cabeça, o enredo não produz situações propriamente engraçadas, e nada ali faz rir.

Lua de Mel Com a Minha Mãe’ é um filme com um plot de mau gosto, e que ainda realça a negligência emocional pela qual muitas mulheres passam ao se casarem com homens que prometem o mundo, mas que só se preocupam com si mesmos. Por se tratar de comédia, é natural que o longa figure entre os mais vistos da Netflix, porém, há melhores produções desse gênero no catálogo da plataforma e que realmente cumprem com o que prometem.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Existe uma frase clássica atribuída ao psiquiatra austríaco Sigmund Freud que diz “Freud explica!”. Não é à toa: o neurologista dedicou sua vida a investigar as nuances da psique humana, todos os seus desdobramentos e, acima de tudo, aquilo que ele chamou de impulsos. Esses impulsos são ocultados pela nossa psique, que bloqueia essas vontades por conta de convenções sociais, religiosas, etc. Esses impulsos foram profundamente estudados por Freud, que os chamou de “complexos” – comportamentos da psique humana os quais o pesquisador relacionou a algum mito grego. E muito da sociedade ocidental se comporta a partir desses complexos, como pode ser visto na nova comédia da Netflix, ‘Lua de Mel Com a Minha Mãe’.

José Luis (Quim Gutiérrez, de ‘Te Quiero, Imbécil’) está prestes a se casar quando, de repente, sua noiva o abandona no altar e foge com o DJ. Cheio de dívidas por causa da cerimônia, ele tenta devolver o pacote de lua de mel que comprara para uma ilha paradisíaca, mas a agência diz que infelizmente não poderá devolver, mas que, se quiser, pode levar outra pessoa no lugar. É assim que José acaba levando a própria mãe, Mari Carmen (Carmen Machi) para esta que deveria ser sua viagem de lua de mel. Ao chegarem, porém, percebem que o hotel só é promocional para casais de fato recém-casados, por isso, para aproveitar os passeios gratuitos, os dois decidem fingir que são casados de verdade.

É perceptível que o roteiro de Cristóbal Garrido e Adolfo Valor reproduz o complexo de Édipo para a comédia: Édipo, na mitologia grega, matou o próprio pai para se casar com a mãe. Em ‘Lua de Mel Com a Minha MãeJosé, com a desculpa de não desperdiçar sua viagem, leva a mãe numa viagem romântica, em que os dois literalmente falam para todo mundo que são casados, andam abraçados e dormem na mesma cama, mesmo quando ninguém está olhando. Poderia ter mandado os pais na viagem, afinal, a agência falou que podia trocar as pessoas, mas foi filho e mãe na aventura. Sendo que a mãe fica se lamentando sobre o quanto se sentiu “enganada” pelo marido, que lhe prometera uma viagem a Paris quando eram jovens, mas que nunca chegaram a ir… olha aqui o filho ocupando o lugar do pai na estrutura familiar…

Ainda que se consiga relevar o complexo de Édipo, o filme de Paco Caballero não tem graça. O protagonista José é chato, chato mesmo, e totalmente perdido emocionalmente. Afora a bela locação, o único destaque é a atriz Carmen Machi, cuja atuação convence como uma mãe amorosa e cuja história desperta certa pena no espectador. Sem pé nem cabeça, o enredo não produz situações propriamente engraçadas, e nada ali faz rir.

Lua de Mel Com a Minha Mãe’ é um filme com um plot de mau gosto, e que ainda realça a negligência emocional pela qual muitas mulheres passam ao se casarem com homens que prometem o mundo, mas que só se preocupam com si mesmos. Por se tratar de comédia, é natural que o longa figure entre os mais vistos da Netflix, porém, há melhores produções desse gênero no catálogo da plataforma e que realmente cumprem com o que prometem.

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