sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Lucicreide vai pra Marte – Fabiana Karla brilha em comédia brasileira gravada na NASA

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“O brasileiro precisa ser estudado pela NASA” é um dos comentários mais postados nas redes sociais, especialmente quando lemos alguma matéria inacreditável de algum brasileiro fazendo algo impensável. Bom, agora de fato a NASA pôde estudar uma brasileiríssima arretada, pois ‘Lucicreide vai pra Marte’ estreia nos cinemas de todo país essa semana e, sim, ela esteve no centro espacial estadunidense.



Lucicreide (Fabiana Karla) trabalha fazendo faxina na casa de Arnaldo (Renato Chocair), um especialista responsável por escolher os brasileiros que irão participar de uma missão única em Marte, numa viagem sem volta. Mãe de cinco filhos bem pestinhas e com uma sogra bem abusada que se muda para sua casa, Luci sonha em poder dar um tempo nisso tudo e se mandar para outro lugar. Um dia, o filho de Arnaldo propõe gravar um vídeo de Lucicreide para inscrevê-la como candidata, porém, um erro faz com que o vídeo na verdade seja enviado como a escolha de Arnaldo, e, assim, a confusão está armada e ‘Lucicreide vai pra Marte’.

Cinco pessoas assinam o roteiro desse filme: Chico Amorim, Dadá Coelho, Fabiana Karla, Rodrigo Cesar e Cadu Pereiva, responsáveis por dois núcleos bastante evidentes do longa, que não se misturam. Não que isso seja um problema na produção, mas fica um pouco esquisito observar a facilidade com que a patroa de Lucicreide simplesmente entra na casa dela e dá ordens à sogra da protagonista, demonstrando o quanto esse núcleo não entrou em harmonia com a aventura de Luci.

Por outro lado, o roteiro não perdeu a oportunidade de construir uma comédia instrutiva, com base científica sobre tudo que se passa na telona. Lucicreide vai para a NASA, realizar um treinamento para suportar o estilo de vida em Marte, e em toda essa parte o filme explica ao espectador como funcionam as máquinas, para quê servem os procedimentos, como matérias como Física e Química são fundamentais para a construção desses equipamentos, etc. Quando paramos para pensar que o público-alvo desse filme é pessoas muitas vezes distantes desse universo, é muito louvável que o longa faça essa aproximação, deixando claro que as Lucicreides podem ir para Marte, para a NASA ou para onde ela quiser. As cenas gravadas no centro espacial estadunidense foram realmente realizadas lá, no Kennedy Space Center, na Flórida, o que torna ‘Lucicreide vai pra Marte’ o primeiro filme brasileiro gravado naquela locação, e o primeiro desde ‘Armaggedon’, de 1998.

Fabiana Karla brilha no seu primeiro protagonismo em longa-metragem, firmando-se como uma das melhores atrizes de comédia brasileira – e, quem sabe, de outros gêneros também. Sua capacidade de se transformar para viver uma personagem tão forte, tão peculiar em seus trejeitos e sua notável desenvoltura em proferir falas com tanta rapidez e firmeza indicam que Fabiana veio para ficar entre as estrelas mais competentes e carismáticas da dramaturgia brasileira. Mérito também do diretor Rodrigo Cesar, que, junto com Fabiana, construiu uma protagonista que transborda um quadro do programa ‘Zorra Total‘ e que espelha a mulher nordestina resiliente, batalhadora, amorosa, que não tem medo de nada.

Lucicreide vai pra Marte’ é uma divertida e respeitosa comédia, que faz um bom uso do entretenimento alinhado ao conhecimento científico de modo a instruir o grande público. É um filme para rir, mas não se surpreenda se você acabar chorando também.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Lucicreide (Fabiana Karla) trabalha fazendo faxina na casa de Arnaldo (Renato Chocair), um especialista responsável por escolher os brasileiros que irão participar de uma missão única em Marte, numa viagem sem volta. Mãe de cinco filhos bem pestinhas e com uma sogra bem abusada que se muda para sua casa, Luci sonha em poder dar um tempo nisso tudo e se mandar para outro lugar. Um dia, o filho de Arnaldo propõe gravar um vídeo de Lucicreide para inscrevê-la como candidata, porém, um erro faz com que o vídeo na verdade seja enviado como a escolha de Arnaldo, e, assim, a confusão está armada e ‘Lucicreide vai pra Marte’.

Cinco pessoas assinam o roteiro desse filme: Chico Amorim, Dadá Coelho, Fabiana Karla, Rodrigo Cesar e Cadu Pereiva, responsáveis por dois núcleos bastante evidentes do longa, que não se misturam. Não que isso seja um problema na produção, mas fica um pouco esquisito observar a facilidade com que a patroa de Lucicreide simplesmente entra na casa dela e dá ordens à sogra da protagonista, demonstrando o quanto esse núcleo não entrou em harmonia com a aventura de Luci.

Por outro lado, o roteiro não perdeu a oportunidade de construir uma comédia instrutiva, com base científica sobre tudo que se passa na telona. Lucicreide vai para a NASA, realizar um treinamento para suportar o estilo de vida em Marte, e em toda essa parte o filme explica ao espectador como funcionam as máquinas, para quê servem os procedimentos, como matérias como Física e Química são fundamentais para a construção desses equipamentos, etc. Quando paramos para pensar que o público-alvo desse filme é pessoas muitas vezes distantes desse universo, é muito louvável que o longa faça essa aproximação, deixando claro que as Lucicreides podem ir para Marte, para a NASA ou para onde ela quiser. As cenas gravadas no centro espacial estadunidense foram realmente realizadas lá, no Kennedy Space Center, na Flórida, o que torna ‘Lucicreide vai pra Marte’ o primeiro filme brasileiro gravado naquela locação, e o primeiro desde ‘Armaggedon’, de 1998.

Fabiana Karla brilha no seu primeiro protagonismo em longa-metragem, firmando-se como uma das melhores atrizes de comédia brasileira – e, quem sabe, de outros gêneros também. Sua capacidade de se transformar para viver uma personagem tão forte, tão peculiar em seus trejeitos e sua notável desenvoltura em proferir falas com tanta rapidez e firmeza indicam que Fabiana veio para ficar entre as estrelas mais competentes e carismáticas da dramaturgia brasileira. Mérito também do diretor Rodrigo Cesar, que, junto com Fabiana, construiu uma protagonista que transborda um quadro do programa ‘Zorra Total‘ e que espelha a mulher nordestina resiliente, batalhadora, amorosa, que não tem medo de nada.

Lucicreide vai pra Marte’ é uma divertida e respeitosa comédia, que faz um bom uso do entretenimento alinhado ao conhecimento científico de modo a instruir o grande público. É um filme para rir, mas não se surpreenda se você acabar chorando também.

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