segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | ‘Luck’ é uma inofensiva animação que explora os altos e baixos da vida

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Em Luck, uma jovem garota de dezoito anos chamada Sam Greenfield (Eva Noblezada) deixa o orfanato em que passou a vida inteira e começa a morar sozinha, enfrentando os altos e baixos do dia a dia – na verdade, mais baixos do que altos. Afinal, Sam é uma das pessoas mais azaradas do planeta e convive com isso como se fosse extensão de si própria. Mas as coisas mudam quando ela cruza caminho com um gato preto e encontra uma moeda dourada que permite experimentar uma coisa que não sentia há muito tempo: sorte. Entretanto, quando ela perde a moeda, ela é arrastada para um mundo mágico recheado de criaturas mágicas que são responsáveis por levar a sorte para o planeta – e ela vê nisso uma chance de mudar o próprio destino e o futuro de uma de suas amigas mais próximas, a pequena Hazel (Adelynn Spoon).

A nova animação da Skydance é uma tentativa de fornecer algo novo a um tipo de narrativa que já foi explorada ad nauseam no cenário do entretenimento – afinal, esse jogo de sorte e azar é visto, por exemplo, na adorada comédia romântica ‘Sorte no Amor’, estrelada por Lindsay Lohan e Chris Pine, ou então em ‘Maldita Sorte’. Mas a ideia por trás do longa-metragem comandado por Peggy Holmes tem uma narrativa que almeja à originalidade, mas esbarra em várias fórmulas e um transbordante cosmos recheado de personagens que cansa os espectadores; de qualquer forma, é notável como a produção é destinada essencialmente a um público mais jovem, discorrendo sobre o que a vida lá fora os espera e de que forma podemos enfrentá-la sem acreditar que fomos “amaldiçoados”.



A construção de Sam é envolvida no classicismo da heroína empática e altruísta que, apesar de querer mudar a si mesma, tem outros planos: afinal, enquanto ela não foi adotada por alguma família, Hazel pode encontrar um lar verdadeiro se ela tiver uma ajudinha a mais – motivo pelo qual encontrar a moeda muda tudo. À medida que Sam desenrola-se como a verdadeira “salvadora” do enredo, também mostra que é passível de cometer erros, desvencilhando-se do maniqueísmo que esperaríamos em obras do gênero. E é aqui que seu caminho se cruza com o de Bob (Simon Pegg), um gato preto falante a quem a moeda pertence; quando Sam descobre que ele vem de uma dimensão mágica onde a sorte e o azar são produzidos, ela o segue e se envolve numa aventura que muda para sempre o funcionamento do universo.

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A animação traz nomes de peso não apenas ao elenco de dublagem, mas também ao time criativo: John Lasseter, conhecido por trazer a vida clássicos títulos como ‘Toy Story’, ‘Vida de Inseto’ e ‘Carros’, fica responsável pela produção executiva de Luck – e sua presença é notável no tocante a misturar densos temas ao escopo infantil, como já vimos nas produções da Pixar. O problema é que as reflexões não vão muito além do óbvio, o que não se mostraria como um problema se o filme, em si, não tentasse dar um passo maior que a perna. Sim, temos a explosão de uma paleta de cores bastante destacável (o brilho do verde-esmeralda para o Mundo da Sorte em contraste com a passividade duvidosa do roxo e do lilás do Mundo do Azar) e a presença de personagens encantadores, como Babe, a Dragão (Jane Fonda) e o hilário unicórnio Jeff (Flula Borg), mas não podemos deixar de sentir falta de alguma coisa.

Em relação às escolhas técnicas, não há muito o que comentar: a decisão das cores mencionada no parágrafo acima é bem inteligente, considerando que o roxo e o verde são cores complementares (algo bem retratado no longa, visto que o azar e a sorte funcionam como o yin e o yang e não podem existir sem o outro); a trilha sonora, composta por John Debney, faz um bom uso dos instrumentos de corda e traz elementos da epopeica orquestra que Alan Silvestri compôs para ‘O Expresso Polar’, reformulados para transmitirem uma sensação mais atemporal e menos restrita; e a sólida condução é manchada pelo frenético ritmo de um roteiro que parece não saber exatamente em que direção seguir – e que aposta fichas em mergulhos emocionais que parecem falsos em alguns momentos, enquanto mostram-se práticos para o desenvolvimento dos arcos em outros.

Luck pode não ser a melhor animação do ano e tropeçar em vários aspectos, mas isso não significa que seja uma produção ruim. Apesar de poder ter tido mais cautela em certas construções, o resultado é aprazível e traz uma bela mensagem de superação e amadurecimento – algo importante principalmente para as crianças, que com certeza irão se divertir com o filme.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Em Luck, uma jovem garota de dezoito anos chamada Sam Greenfield (Eva Noblezada) deixa o orfanato em que passou a vida inteira e começa a morar sozinha, enfrentando os altos e baixos do dia a dia – na verdade, mais baixos do que altos. Afinal, Sam é uma das pessoas mais azaradas do planeta e convive com isso como se fosse extensão de si própria. Mas as coisas mudam quando ela cruza caminho com um gato preto e encontra uma moeda dourada que permite experimentar uma coisa que não sentia há muito tempo: sorte. Entretanto, quando ela perde a moeda, ela é arrastada para um mundo mágico recheado de criaturas mágicas que são responsáveis por levar a sorte para o planeta – e ela vê nisso uma chance de mudar o próprio destino e o futuro de uma de suas amigas mais próximas, a pequena Hazel (Adelynn Spoon).

A nova animação da Skydance é uma tentativa de fornecer algo novo a um tipo de narrativa que já foi explorada ad nauseam no cenário do entretenimento – afinal, esse jogo de sorte e azar é visto, por exemplo, na adorada comédia romântica ‘Sorte no Amor’, estrelada por Lindsay Lohan e Chris Pine, ou então em ‘Maldita Sorte’. Mas a ideia por trás do longa-metragem comandado por Peggy Holmes tem uma narrativa que almeja à originalidade, mas esbarra em várias fórmulas e um transbordante cosmos recheado de personagens que cansa os espectadores; de qualquer forma, é notável como a produção é destinada essencialmente a um público mais jovem, discorrendo sobre o que a vida lá fora os espera e de que forma podemos enfrentá-la sem acreditar que fomos “amaldiçoados”.

A construção de Sam é envolvida no classicismo da heroína empática e altruísta que, apesar de querer mudar a si mesma, tem outros planos: afinal, enquanto ela não foi adotada por alguma família, Hazel pode encontrar um lar verdadeiro se ela tiver uma ajudinha a mais – motivo pelo qual encontrar a moeda muda tudo. À medida que Sam desenrola-se como a verdadeira “salvadora” do enredo, também mostra que é passível de cometer erros, desvencilhando-se do maniqueísmo que esperaríamos em obras do gênero. E é aqui que seu caminho se cruza com o de Bob (Simon Pegg), um gato preto falante a quem a moeda pertence; quando Sam descobre que ele vem de uma dimensão mágica onde a sorte e o azar são produzidos, ela o segue e se envolve numa aventura que muda para sempre o funcionamento do universo.

A animação traz nomes de peso não apenas ao elenco de dublagem, mas também ao time criativo: John Lasseter, conhecido por trazer a vida clássicos títulos como ‘Toy Story’, ‘Vida de Inseto’ e ‘Carros’, fica responsável pela produção executiva de Luck – e sua presença é notável no tocante a misturar densos temas ao escopo infantil, como já vimos nas produções da Pixar. O problema é que as reflexões não vão muito além do óbvio, o que não se mostraria como um problema se o filme, em si, não tentasse dar um passo maior que a perna. Sim, temos a explosão de uma paleta de cores bastante destacável (o brilho do verde-esmeralda para o Mundo da Sorte em contraste com a passividade duvidosa do roxo e do lilás do Mundo do Azar) e a presença de personagens encantadores, como Babe, a Dragão (Jane Fonda) e o hilário unicórnio Jeff (Flula Borg), mas não podemos deixar de sentir falta de alguma coisa.

Em relação às escolhas técnicas, não há muito o que comentar: a decisão das cores mencionada no parágrafo acima é bem inteligente, considerando que o roxo e o verde são cores complementares (algo bem retratado no longa, visto que o azar e a sorte funcionam como o yin e o yang e não podem existir sem o outro); a trilha sonora, composta por John Debney, faz um bom uso dos instrumentos de corda e traz elementos da epopeica orquestra que Alan Silvestri compôs para ‘O Expresso Polar’, reformulados para transmitirem uma sensação mais atemporal e menos restrita; e a sólida condução é manchada pelo frenético ritmo de um roteiro que parece não saber exatamente em que direção seguir – e que aposta fichas em mergulhos emocionais que parecem falsos em alguns momentos, enquanto mostram-se práticos para o desenvolvimento dos arcos em outros.

Luck pode não ser a melhor animação do ano e tropeçar em vários aspectos, mas isso não significa que seja uma produção ruim. Apesar de poder ter tido mais cautela em certas construções, o resultado é aprazível e traz uma bela mensagem de superação e amadurecimento – algo importante principalmente para as crianças, que com certeza irão se divertir com o filme.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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