Made for Love, da HBO Max, talvez seja uma das séries mais autênticas da atualidade, que subverte o gênero de ficção científica de forma inusitada, ao usá-lo como alicerce para um peculiar e fascinante debate sobre relacionamentos, poder, amor e traumas do passado. E na segunda temporada, Patrick Somerville, Alissa Nutting, Christina Lee e Dean Bakopoulos foram capazes de expandir ainda mais a narrativa original do livro, transformando a história de Hazel e Byron em uma exótica aventura que não apenas avalia o moralismo dos seus protagonistas, como os inverte nos proporcionando uma experiência única enquanto audiência.
Um dos aspectos mais prazerosos da nova temporada é exatamente assistir o quão tênue fica a linha que separa a ética e a imoralidade a cada novo episódio. Enquanto o ciclo inaugural distinguia bem esses papéis, mostrando Christin Milioti e Billy Magnussen como figuras bem opostas e díspares, os novos capítulos gradativamente mudam essa fisionomia, nos levando a uma incrível espiral onde ambas as personalidades amadurecem à sua maneira, a partir de seus anseios e desejos particulares.
E conforme o afeto entre ambos também sofre mutações, mais nos afeiçoamos por esse romance torto e complexo, pautado pela insanidade que os avanços tecnológicos trouxeram dentro do contexto social da trama. E com um humor ácido pontual e performances ainda melhores, Made for Love prova ser uma das melhores séries do momento, discutindo ainda questões como o complexo do abandono e suas consequências na formação do caráter.
Trazendo efeitos visuais excepcionais e personagens coadjuvantes elaborados que só agregam à complexidade e ao humor da narrativa, a série consegue se tornar viciante e nos faz ansiar mais pela dinâmica Miliot-Magnussen, que nos conquistam por sua hipnótica sintonia em tela, expressa em suas mudanças de humor e de personalidade. Com espaço para crescer ainda mais em sua terceira temporada, Made for Love se consolida como uma ousada joia rara, que não tem medo de desafiar a percepção da sua audiência.