domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Mães x Androides – Sci-fi Conceitual da Netflix mescla ‘The Walking Dead’ com ‘Um Lugar Silencioso’

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A ficção científica é um gênero que tem um público bastante exigente, uma vez que, ainda que trate de indivíduos e/ou locais que não condizem com a realidade que vivemos e aborde um tempo hipotético, é de fundamental importância que, para que seja uma boa história, haja coerência no cerne da proposta, por mais maluca que ela se apresente. Era uma expectativa assim que foi criada com ‘Mães x Androides’, novo sci-fi da Netflix que se mantém no Top 10 do Brasil, mas cuja execução não faz jus à sua trajetória na plataforma.

 

Tudo ia bem na vida do casal Georgia (Chloë Grace Moretz) e Sam (Algee Smith), até descobrirem que Ge estava grávida. Então, ela começa a repensar se quer mesmo continuar o relacionamento com Sam, pois não sente muita confiança nele. Porém, em uma fatídica noite, durante uma festa na casa de amigos, os androides serviçais da casa entram em curto e começam a atacar a todos, matando alguns colegas. Confusos, os dois escapam. Tempos depois sabemos que os Estados Unidos colapsaram com a revolta dos robôs, e os poucos sobreviventes que sobraram tentar se manter vivos desviando da vigilância eletrônica. Prestes a dar à luz, Ge, junto com Sam, tenta chegar à cidade de Boston, que, dizem, é o último refúgio para seres humanos no hemisfério norte.



Inspirado na obra ‘R.U.R.’ – do escritor Karel Capek, cuja publicação completa 102 anos este ano –, ‘Mães x Androides’ não consegue entregar a essência da paranoia do livro do autor checo – que construiu a primeira história em que o termo “robô” apareceu, e, consequentemente, entrou para o vocabulário mundial.

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Em uma hora e quarenta de duração, quase uma hora do roteiro de Mattson Tomlin é dedicado ao casal – às suas questões pessoais, à insistência de Sam em salvar Ge, nas contrações gestacionais e na peregrinação do casal em ser aceito e rejeitado no primeiro e único acampamento que encontram, numa espécie de derivação de ‘The Walking Dead’. Essa primeira parte é extremamente arrastada, sem ação, com diálogos sonolentos e nenhum robô. Quando o filme finalmente engrena em alguma direção, Mattson Tomlin decide por um tom conceitual em sua produção, arruinando o pouco que o espectador ainda mantém de compromisso com o filme.

Considerando que o longa se chama (até mesmo no original) ‘Mães x Androides’, há poucas mães (na verdade, só tem uma) e poucos androides – que ficam mais como uma ameaça suspeita quase invisível que obriga os personagens a andarem em silêncio, como em ‘Um Lugar Silencioso’. Acima de tudo, não há um mães (no plural) versus androides, ou seja, o título não cumpre o que promete. E, por mais que deixemos esse pequeno grande detalhe de lado, há pouca disputa, pouca sobrevivência, uma história não-convincente e muito sussurro inexpressivo. ‘Mães x Androides’ tinha potencial para agradar, mas funciona melhor como ferramenta para a terapia do sono.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Crítica | Mães x Androides – Sci-fi Conceitual da Netflix mescla ‘The Walking Dead’ com ‘Um Lugar Silencioso’

A ficção científica é um gênero que tem um público bastante exigente, uma vez que, ainda que trate de indivíduos e/ou locais que não condizem com a realidade que vivemos e aborde um tempo hipotético, é de fundamental importância que, para que seja uma boa história, haja coerência no cerne da proposta, por mais maluca que ela se apresente. Era uma expectativa assim que foi criada com ‘Mães x Androides’, novo sci-fi da Netflix que se mantém no Top 10 do Brasil, mas cuja execução não faz jus à sua trajetória na plataforma.

 

Tudo ia bem na vida do casal Georgia (Chloë Grace Moretz) e Sam (Algee Smith), até descobrirem que Ge estava grávida. Então, ela começa a repensar se quer mesmo continuar o relacionamento com Sam, pois não sente muita confiança nele. Porém, em uma fatídica noite, durante uma festa na casa de amigos, os androides serviçais da casa entram em curto e começam a atacar a todos, matando alguns colegas. Confusos, os dois escapam. Tempos depois sabemos que os Estados Unidos colapsaram com a revolta dos robôs, e os poucos sobreviventes que sobraram tentar se manter vivos desviando da vigilância eletrônica. Prestes a dar à luz, Ge, junto com Sam, tenta chegar à cidade de Boston, que, dizem, é o último refúgio para seres humanos no hemisfério norte.

Inspirado na obra ‘R.U.R.’ – do escritor Karel Capek, cuja publicação completa 102 anos este ano –, ‘Mães x Androides’ não consegue entregar a essência da paranoia do livro do autor checo – que construiu a primeira história em que o termo “robô” apareceu, e, consequentemente, entrou para o vocabulário mundial.

Em uma hora e quarenta de duração, quase uma hora do roteiro de Mattson Tomlin é dedicado ao casal – às suas questões pessoais, à insistência de Sam em salvar Ge, nas contrações gestacionais e na peregrinação do casal em ser aceito e rejeitado no primeiro e único acampamento que encontram, numa espécie de derivação de ‘The Walking Dead’. Essa primeira parte é extremamente arrastada, sem ação, com diálogos sonolentos e nenhum robô. Quando o filme finalmente engrena em alguma direção, Mattson Tomlin decide por um tom conceitual em sua produção, arruinando o pouco que o espectador ainda mantém de compromisso com o filme.

Considerando que o longa se chama (até mesmo no original) ‘Mães x Androides’, há poucas mães (na verdade, só tem uma) e poucos androides – que ficam mais como uma ameaça suspeita quase invisível que obriga os personagens a andarem em silêncio, como em ‘Um Lugar Silencioso’. Acima de tudo, não há um mães (no plural) versus androides, ou seja, o título não cumpre o que promete. E, por mais que deixemos esse pequeno grande detalhe de lado, há pouca disputa, pouca sobrevivência, uma história não-convincente e muito sussurro inexpressivo. ‘Mães x Androides’ tinha potencial para agradar, mas funciona melhor como ferramenta para a terapia do sono.

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