domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Magazine Dreams: Jonathan Majors é um bodybuilder em melhor performance de sua carreira

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2023

Cercado por luzes ofuscantes, Jonathan Majors desenha o contorno de seu impressionante físico como um ballet bruto. Em câmera lenta e com seus olhos vidrados em seus próprios pensamentos, ele articula sua musculatura, domina a tela e em questão de segundos de filme, domina nossa atenção. E pelas próximas duas horas, tudo o que desejaremos serão seus sonhos, sua ambição, sua libertação. Magazine Dreams é um nocaute na alma, um drama que traz o submundo do bodybuilding para o centro dos holofotes. E entregando a melhor performance de sua vida, Majors nos tem por inteiro, investidos nos mesmos anseios e angústias que lhe roubam a paz.



Elijah Bynum fez um trabalho impressionante. Em seu segundo longa-metragem, ele faz de Magazine Dreams um delicado e poderoso estudo de personagem, abordando a psique de um jovem marcado pelo trauma, que carrega a terrível dor de perder sua família. Sob a pressão de uma indústria/profissão que drena todo o seu emocional, ele sonha com a carreira de bodybuilder. Com uma mente incansável, um apetite insaciável e vivendo à sombra do culto ao corpo, Majors é Killian Maddox, um rapaz delicado, tímido e com poucas habilidades sociais que anseia em pertencer. Física e emocionalmente exausto, ele ainda é um retrato do que é o burnout.

Com suas rotinas rigorosas, isolamento social e pressões físicas que o assombram a cada segundo do seu dia, Killian é um homem inquieto. E mesmo abordando todas essas questões em um contexto cultural tão específico, Bynum faz de seu protagonista um espelho de todos nós. Construindo um personagem complexo que arrebata para as mais diversas emoções, Magazine Dreams é intimista, profundo, desconfortável, chocante e impactante. Lindamente dirigido, o longa faz um contraste preciso entre a perfeição exterior em detrimento do sofrimento mental e físico. Tornando a linha entre o belo e o grotesco completamente tênue, ele faz de seu segundo filme em um intervalo de quase seis anos um presente inestimável para os cinéfilos. Como é raro assistirmos a filmes tão impecáveis como esse.

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E com sua sensível direção, o novato cineasta torna a história de Killian ainda mais simbólica e identificável. Explorando com perspicácia a luz artificial, ele sabe tornar os palcos de competições de bodybuilding um lindo espetáculo visual. Aliado à estonteante performance de Majors, Magazine Dreams se desabrocha diante dos nossos olhos como os sonhos de seu próprio protagonista. E quanto mais acompanhamos seus dilemas, colapsos e espasmos físicos regados de dor e desespero, mais o entendemos e somos capazes de sentir na pele seus mais profundos temores.

Sinestésico, e com uma trilha sonora original que emana música clássica com um toque de suspense, Magazine Dreams ainda conta com uma trilha adaptada diferente, que vai do heavy metal à Patti Smith. Com as canções sendo a expressão exata e simbólica do que cada cena em questão representa, o diretor ainda consegue transformar esse e tantos outros elementos técnicos do filme em personagens dentro da trama. Aqui, nada se perde. Do design de produção do quarto de Killian, regado por cartazes de bodybuilders famosos, ao figurino do protagonista, cada centímetro é um conceito milimétrico da mente, do corpo, da personalidade e do caráter do astro da trama.

Entregando dois planos sequências poderosos que evidenciam ainda mais o monstruoso talento de Majors (sendo um deles de quase quatro minutos da mais hipnotizante performance que já vi desde Marion Cotillard em Piaf – Um Hino ao Amor), o novo longa do desconhecido Elijah Bynum é a vitrine ideal para mostrar sua riqueza criativa. Colocando a audiência em um constante estado de alerta, o drama cult consegue facilmente cruzar seu nicho para encontrar o público geral. E ao nos tragar para um constante medo de que aqueles mesmos sonhos que sonhamos com Killian se transformem em pesadelo, o diretor nos leva ao êxtase sensorial, com Majors fazendo desse bodybuilder não apenas a melhor atuação de sua carreira, bem como aquela que tem tudo para lhe render um Oscar em 2024.

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Elijah Bynum fez um trabalho impressionante. Em seu segundo longa-metragem, ele faz de Magazine Dreams um delicado e poderoso estudo de personagem, abordando a psique de um jovem marcado pelo trauma, que carrega a terrível dor de perder sua família. Sob a pressão de uma indústria/profissão que drena todo o seu emocional, ele sonha com a carreira de bodybuilder. Com uma mente incansável, um apetite insaciável e vivendo à sombra do culto ao corpo, Majors é Killian Maddox, um rapaz delicado, tímido e com poucas habilidades sociais que anseia em pertencer. Física e emocionalmente exausto, ele ainda é um retrato do que é o burnout.

Com suas rotinas rigorosas, isolamento social e pressões físicas que o assombram a cada segundo do seu dia, Killian é um homem inquieto. E mesmo abordando todas essas questões em um contexto cultural tão específico, Bynum faz de seu protagonista um espelho de todos nós. Construindo um personagem complexo que arrebata para as mais diversas emoções, Magazine Dreams é intimista, profundo, desconfortável, chocante e impactante. Lindamente dirigido, o longa faz um contraste preciso entre a perfeição exterior em detrimento do sofrimento mental e físico. Tornando a linha entre o belo e o grotesco completamente tênue, ele faz de seu segundo filme em um intervalo de quase seis anos um presente inestimável para os cinéfilos. Como é raro assistirmos a filmes tão impecáveis como esse.

E com sua sensível direção, o novato cineasta torna a história de Killian ainda mais simbólica e identificável. Explorando com perspicácia a luz artificial, ele sabe tornar os palcos de competições de bodybuilding um lindo espetáculo visual. Aliado à estonteante performance de Majors, Magazine Dreams se desabrocha diante dos nossos olhos como os sonhos de seu próprio protagonista. E quanto mais acompanhamos seus dilemas, colapsos e espasmos físicos regados de dor e desespero, mais o entendemos e somos capazes de sentir na pele seus mais profundos temores.

Sinestésico, e com uma trilha sonora original que emana música clássica com um toque de suspense, Magazine Dreams ainda conta com uma trilha adaptada diferente, que vai do heavy metal à Patti Smith. Com as canções sendo a expressão exata e simbólica do que cada cena em questão representa, o diretor ainda consegue transformar esse e tantos outros elementos técnicos do filme em personagens dentro da trama. Aqui, nada se perde. Do design de produção do quarto de Killian, regado por cartazes de bodybuilders famosos, ao figurino do protagonista, cada centímetro é um conceito milimétrico da mente, do corpo, da personalidade e do caráter do astro da trama.

Entregando dois planos sequências poderosos que evidenciam ainda mais o monstruoso talento de Majors (sendo um deles de quase quatro minutos da mais hipnotizante performance que já vi desde Marion Cotillard em Piaf – Um Hino ao Amor), o novo longa do desconhecido Elijah Bynum é a vitrine ideal para mostrar sua riqueza criativa. Colocando a audiência em um constante estado de alerta, o drama cult consegue facilmente cruzar seu nicho para encontrar o público geral. E ao nos tragar para um constante medo de que aqueles mesmos sonhos que sonhamos com Killian se transformem em pesadelo, o diretor nos leva ao êxtase sensorial, com Majors fazendo desse bodybuilder não apenas a melhor atuação de sua carreira, bem como aquela que tem tudo para lhe render um Oscar em 2024.

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