quarta-feira, setembro 11, 2024

Crítica | Mais Pesado é o Céu é um FILMÃO chocante e reflexivo

A desesperança é um mal que tem afligido cada vez mais e mais pessoas no mundo inteiro. À medida que avançam o capitalismo, o consumismo, a especulação imobiliária, a inflação, na mesma proporção aumentam o desemprego, a fome, a queda de poder de compra do cidadão. Se esse já é um cenário terrível nas grandes metrópoles, que dirá nas pequenas cidades no interior do Brasil, de onde mal se tem notícia e onde o tempo parece ter outra velocidade. Este cenário, sem começo nem fim, é palco para o longa ‘Mais Pesado é o Céu’, filme brasileiro que já circulou por mais de 20 festivais e que ganhou os prêmios de Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Montagem no Festival de Gramado ano passado e que agora chega ao circuito exibidor.

mais pesado é o céu (1)

Teresa (Ana Luiza Rios, de ‘A Filha do Palhaço’) está pedindo carona na beira da estrada para voltar à sua cidade natal, de onde saíra após a cidade ser inundada com a cheia do rio. De volta ao local, ela encontra um bebê abandonado, e, sem saber o que fazer, acaba acolhendo-o. Nesse mesmo momento, encontra com Antônio (Matheus Nachtergaele, de ‘O Auto da Compadecida’), que também está de volta ao local. Sem nenhuma perspectiva, os dois acabam se amparando um no outro para encontrar um novo rumo para suas vidas, e, assim, acabam conhecendo a bondosa Fátima (Sílvia Buarque, de ‘Impuros’), que os ajuda. Porém, a criança tem fome, e eles também, e no meio daquele sertão sem começo nem fim, Teresa e Antônio terão que buscar formas de sobreviver dia após dia.

Não é exagero dizer que o que mais chama a atenção em ‘Mais Pesado é o Céu’ é a fotografia. Comandada por Petrus Cariry, que também dirige o longa, o contraste paisagístico de cores fortes em uma imensidão infinita dá a medida do peso que essa paisagem oferece sobre a cabeça desses personagens. Em muitas vezes lembra ‘Abril Despedaçado’, porém com tons muito mais vibrantes, dando vida à natureza que, também, luta por viver.

Mais Pesado é o Céu (créditos divulgação Petrus Cariry)

A história, entretanto, é o que pega a gente. Escrito por Petrus Cariry, Firmino Holanda e Rosemberg Cariry, o roteiro tem aquele ar de interior do sertão da fome, muito visto e lido em ‘Vidas Secas’, só que em tempos contemporâneos; se lá o contexto era a falta de animais para caçar e de água para beber dentro de um isolamento geográfico, em ‘Mais Pesado é o Céu’ os personagens buscam outras alternativas para sobrevivência, para garantir o que comer, e, ainda que mantendo certos princípios, se vêm diante da falta de escolhas diante da fome. Assim, a trajetória dos protagonistas, seu crescimento dentro do enredo até o fim do filme é exatamente o que prende o espectador, pois mesmo quando questionamos ou discordamos de alguma atitude, nada em ‘Mais Pesado é o Céu’ é gratuito, e já já a explicação vem, como que numa rasteira no espectador.

Mais Pesado é o Céu’ é daqueles filmes que deveria vir com uma placa de alerta de filmão. Com uma história crua e verdadeira, o filme choca e promove a reflexão, deixando na gente uma ideia de Brasil que tenta sobreviver pelo acostamento da vida, e que mesmo hoje costumamos não querer ver.

Mais Pesado é o Céu (créditos divulgação Petrus Cariry)

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