sexta-feira , 21 fevereiro , 2025

Crítica | Malasartes e o Duelo com a Morte – superprodução nacional


YouTube video

Senhor dos Anéis Tupiniquim

Baseado em obras do folclore brasileiro, embora seja um personagem tradicional de toda a Península Ibérica, Pedro Malasartes tem uma origem tão antiga que se torna quase impossível recapitula-la. É dito que suas primeiras menções foram nos séculos XIII e XIV, não em literatura, mas na cantiga 9418, do Cancioneiro da Vaticana. Ao longo dos anos, o personagem foi sendo adaptado para a literatura, em obras de diversos autores.

É de se estranhar, no entanto, que um personagem tão famoso historicamente nunca tenha feito a transição para a mídia do cinema, até agora. Aparentemente, o motivo foi o uso de efeitos, já que somente agora o Brasil tem um departamento técnico avançado o suficiente para tirar das páginas a parte de fantasia que envolve esta história de Malasartes. O fato deixou o roteiro engavetado, desde meados da década de 1980. De acordo com informações da própria distribuidora, mais de 50% das cenas utilizaram efeitos visuais.



Malasartes CinePOP1

Por falar em roteiro, Paulo Morelli (também o diretor do longa) confecciona uma história inédita envolvendo o personagem, pelo qual se apaixonou ao pesquisar sobre figuras do folclore brasileiro. Esse universo pelo qual Morelli se diz apaixonado, o mundo rural que vai desaparecendo em prol da urbanidade, a figura do caipira ingênuo, mas malicioso e esperto o suficiente, é justamente o que o autor entrega em seu filme.

Malasartes e o Duelo com a Morte se divide em dois filmes que tentam intensamente conversar entre si. Seguindo de perto a cartilha de obras clássicas que misturam realidade e fantasia, cujo maior exemplo é O Auto da Compadecida (1955), de Ariano Suassuna, o primeiro filme de Malasartes bebe desta fórmula, a chamada literatura de cordel. Temos como protagonista, um homem humilde, que vive de golpes e faz muito bem às vezes de ambos João Grilo e Chicó. E temos também personagens sobrenaturais, como a Morte em pessoa.


Malasartes CinePOP2

Na trama, Pedro Malasartes (Jesuíta Barbosa), escapa de uma situação atrás da outra, conhecido como trapaceiro em sua pequena cidade. Um de seus mais ferrenhos cobradores é Próspero (Milhem Cortaz), o valentão local, cuja irmã Áurea (Isis Valverde) está, secretamente, enamorada pelo protagonista. A história toma contornos fantásticos quando a Morte em pessoa (Júlio Andrade) pretende enganar Malasartes, para que este assuma seu lugar – já que o sujeito é considerado o único capaz de derrota-la em um duelo de esperteza.

Malasartes CinePOP3

Assista também: 
YouTube video



Malasartes é um filme doce e inocente, que parece realmente não ter sido afetado pelas mazelas do mundo. Parece existir num universo à parte, sem mesmo fazer uso do teor mais ácido presente, por exemplo, na citada obra de Suassuna ou nos filmes iniciais dos Trapalhões (que somente com o tempo começaram a ficar mais politicamente corretos). Malasartes é ingenuidade pura, um filme mirado para toda a família, beirando o gênero infantil. Um filme para os tempos de hoje, no qual tranquilamente pode-se levar os filhos menores, sem restrições de idade. Os únicos trechos mais maliciosos presentes na persona do protagonista são as olhadas e a paquera que tenta com a morena que passa sempre nas horas erradas.

Malasartes CinePOP4

Os efeitos especiais são um chamariz e parecem ser o carro chefe do filme. Sem dúvidas é uma conquista para o cinema nacional, poder criar pela primeira vez algo dentro dos moldes e impulsionar o cinema de gênero – com a possibilidade de algo assim ser utilizado em outros tipos de filme. Realmente impressiona, em especial a forma como o além mundo é retratado, com as velas que contam os anos de vida de cada pessoa na Terra.

Curioso notar também o peso do elenco renomado, assim como o diretor aqui, mais acostumados a trabalhar em dramas intensos do cinema independente. Jesuíta Barbosa (Praia do Futuro), Milhem Cortaz (O Lobo Atrás da Porta), Júlio Andrade (A Estrada 47) e até mesmo Luciana Paes (Sinfonia da Necrópole), que interpreta uma das três entidades trapaceadas pela Morte, demonstram grande abrangência de atuação, lidando aqui com caricaturas e situações teatrais. Morelli, que levou o prêmio no Festival do Rio 2013 pelo drama Entre Nós, o qual dirigiu ao lado do filho Pedro Morelli (Zoom), se sai bem no comando de uma superprodução, conseguindo atingir a nota desejada, e entregando um produto extremamente vendável.


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
200,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica | Malasartes e o Duelo com a Morte – superprodução nacional

Senhor dos Anéis Tupiniquim

Baseado em obras do folclore brasileiro, embora seja um personagem tradicional de toda a Península Ibérica, Pedro Malasartes tem uma origem tão antiga que se torna quase impossível recapitula-la. É dito que suas primeiras menções foram nos séculos XIII e XIV, não em literatura, mas na cantiga 9418, do Cancioneiro da Vaticana. Ao longo dos anos, o personagem foi sendo adaptado para a literatura, em obras de diversos autores.

É de se estranhar, no entanto, que um personagem tão famoso historicamente nunca tenha feito a transição para a mídia do cinema, até agora. Aparentemente, o motivo foi o uso de efeitos, já que somente agora o Brasil tem um departamento técnico avançado o suficiente para tirar das páginas a parte de fantasia que envolve esta história de Malasartes. O fato deixou o roteiro engavetado, desde meados da década de 1980. De acordo com informações da própria distribuidora, mais de 50% das cenas utilizaram efeitos visuais.

Malasartes CinePOP1

Por falar em roteiro, Paulo Morelli (também o diretor do longa) confecciona uma história inédita envolvendo o personagem, pelo qual se apaixonou ao pesquisar sobre figuras do folclore brasileiro. Esse universo pelo qual Morelli se diz apaixonado, o mundo rural que vai desaparecendo em prol da urbanidade, a figura do caipira ingênuo, mas malicioso e esperto o suficiente, é justamente o que o autor entrega em seu filme.

Malasartes e o Duelo com a Morte se divide em dois filmes que tentam intensamente conversar entre si. Seguindo de perto a cartilha de obras clássicas que misturam realidade e fantasia, cujo maior exemplo é O Auto da Compadecida (1955), de Ariano Suassuna, o primeiro filme de Malasartes bebe desta fórmula, a chamada literatura de cordel. Temos como protagonista, um homem humilde, que vive de golpes e faz muito bem às vezes de ambos João Grilo e Chicó. E temos também personagens sobrenaturais, como a Morte em pessoa.

Malasartes CinePOP2

Na trama, Pedro Malasartes (Jesuíta Barbosa), escapa de uma situação atrás da outra, conhecido como trapaceiro em sua pequena cidade. Um de seus mais ferrenhos cobradores é Próspero (Milhem Cortaz), o valentão local, cuja irmã Áurea (Isis Valverde) está, secretamente, enamorada pelo protagonista. A história toma contornos fantásticos quando a Morte em pessoa (Júlio Andrade) pretende enganar Malasartes, para que este assuma seu lugar – já que o sujeito é considerado o único capaz de derrota-la em um duelo de esperteza.

Malasartes CinePOP3

Malasartes é um filme doce e inocente, que parece realmente não ter sido afetado pelas mazelas do mundo. Parece existir num universo à parte, sem mesmo fazer uso do teor mais ácido presente, por exemplo, na citada obra de Suassuna ou nos filmes iniciais dos Trapalhões (que somente com o tempo começaram a ficar mais politicamente corretos). Malasartes é ingenuidade pura, um filme mirado para toda a família, beirando o gênero infantil. Um filme para os tempos de hoje, no qual tranquilamente pode-se levar os filhos menores, sem restrições de idade. Os únicos trechos mais maliciosos presentes na persona do protagonista são as olhadas e a paquera que tenta com a morena que passa sempre nas horas erradas.

Malasartes CinePOP4

Os efeitos especiais são um chamariz e parecem ser o carro chefe do filme. Sem dúvidas é uma conquista para o cinema nacional, poder criar pela primeira vez algo dentro dos moldes e impulsionar o cinema de gênero – com a possibilidade de algo assim ser utilizado em outros tipos de filme. Realmente impressiona, em especial a forma como o além mundo é retratado, com as velas que contam os anos de vida de cada pessoa na Terra.

Curioso notar também o peso do elenco renomado, assim como o diretor aqui, mais acostumados a trabalhar em dramas intensos do cinema independente. Jesuíta Barbosa (Praia do Futuro), Milhem Cortaz (O Lobo Atrás da Porta), Júlio Andrade (A Estrada 47) e até mesmo Luciana Paes (Sinfonia da Necrópole), que interpreta uma das três entidades trapaceadas pela Morte, demonstram grande abrangência de atuação, lidando aqui com caricaturas e situações teatrais. Morelli, que levou o prêmio no Festival do Rio 2013 pelo drama Entre Nós, o qual dirigiu ao lado do filho Pedro Morelli (Zoom), se sai bem no comando de uma superprodução, conseguindo atingir a nota desejada, e entregando um produto extremamente vendável.

Mais notícias...

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS