domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Master of None, da Netflix

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Dentro de um catálogo extenso, com muitos clássicos incríveis, e tantas produções próprias que vem pipocando por aí a cada vez mais, tem alguns momentos que é muito complicado abrir a Netflix e decidir rapidamente o que assistir. Creio que muitos de vocês já passaram pela chamada pra assistir ‘Master of None‘, ainda mais agora que ela foi consagrada no Emmy 2016 (merecido).

Lançada em novembro de 2015, ao menos eu não vi muita divulgação ou fuá em cima dela. Por fim, ela acabou ficando ali, caracterizada como uma sitcom com uma pitada de drama e portando uma resenha que não dá aquela despertada plena de interesse na maioria do público. Se você ficou em dúvida sobre ver a série ou não, espero que esse texto te ajude a decidir.



Eu assisti o piloto da série há um bom tempo, há muito mais do que parei para concluir os 10 episódios dessa primeira temporada. Isso porque ‘Master of None‘ não me ganhou logo de cara… O piloto parecia bastante desconexo e até meio insosso. Até então eu tinha achado que já valia a tentativa, mas depois de um tempo eu resolvi voltar para ver tudo.

Do segundo até o oitavo episódio, a série me surpreendeu pela velocidade que passou. Poucas vezes 30 minutos voaram diante dos meus olhos, pois parecia que o episódio tinha acabado de começar, mas já estava terminando. Isso é mérito de um roteiro preciso e de um elenco que segura as pontas dos seus personagens com maestria.

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Master of None

Por não ser uma sitcom com aquelas risadinhas de fundo e com aquele timing obrigatório de gerar uma piada quase cronometrada, a série administra bem a diversidade do seu conteúdo, podendo passear em situações cotidianas sem a necessidade de tirar sarro delas o tempo todo. Mas, verdade seja dita, algumas reflexões sobre questões mais sóbrias acabam ficando um pouco teatrais, beirando o mecânico, por não se encaixarem na dose de honestidade comportamental que a série preza em transmitir. Mesmo assim, os temas são válidos.

A produção gira em torno de Dev, um filho de imigrantes indianos, que está tentando viver como ator em Nova York. Além disso, ele vive todos os dilemas que nós vivemos, o que ajuda com que a gente acabe se identificando com o personagem depois de algum tempo, em algumas situações que ele passa. Não são situações inéditas, os dilemas que vemos na série são abordados em várias outras produções que já vimos, mas uma das maiores habilidades do seriado mora no roteiro afiado, diálogos rápidos e algumas situações que nos acordam uma profunda vergonha alheia, talvez por, em alguns momentos, assistirmos nos personagens as coisas que nós mesmos gostaríamos de fazer.

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Mesmo sendo uma série de comédia, não será ‘Master of None‘ aquela que você vai se lembrar como aquela que te matou de rir. Penso que talvez isso atue em favor do humor da série, pois ele acaba acontecendo em momentos inesperados, o que ajuda as situações em questão a ficarem ainda mais hilárias. Os diálogos rápidos e repletos de referências à cultura pop também dão um charme especial aos episódios, assim como quando eles estão assistindo ‘Sherlock‘ juntos, ou o avô de Arnold assiste um antigo filme de comédia. Conversas sobre letras de música e alguns diálogos medianamente insanos acontecem, e são bem vindos.

Dev tem um grupo de amigos que faz um zig zag pela série. Eles aparecem e somem na mesma velocidade, mas isso não nos impede de acabar gerando uma afeição por eles, o que acaba nos frustrando, pois muitas vezes eles poderiam ter aparecido mais e estreitado mais os seus dramas pessoais.

Assim como a aclamada ‘Seinfeld‘, vemos aqui basicamente uma produção sobre o nada. Os 10 episódios da primeira temporada não são necessariamente conectados entre si e nenhum final, a não ser o da temporada, deixa um arco para ser resolvido no que virá a seguir. Cada trama aberta já e fecha. Não existem flashbacks para episódios anteriores e você não precisa ficar apertando a memória pra tentar lembrar o que aconteceu, muito embora a gente veja um retorno na vida dos personagens em alguns momentos estratégicos, que funcionam muito bem.

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Com uma abordagem sincera de temáticas importantes, alguns episódios certamente vão deixar a sua marca na história das séries em geral, e não é exagero dizer isso. A perspicácia de “parents”, “indians on tv” e “old people” vão muito além dos dilemas que, nitidamente, estão em seus nomes. A Netflix acertou bonito quando abraçou a produção e a fez acontecer, pois ela solidifica ainda mais a qualidade das produções originais da plataforma.

A ironia da relação com a tecnologia também é icônica. ‘Master of None‘ mostra como estamos confiando demais em aplicativos e permitindo que eles moldem as nossas opiniões, controlem nosso cronograma e nos façam até ter preguiça de criar opiniões próprias. Esquecemos das pessoas se nosso celular não nos lembra de um compromisso, procuramos a opinião dos outros sobre tudo, e permitimos que o conceito da maioria defina até onde vamos comer. Confiamos em um aplicativo para determinar se temos ou não tempo para algo que queremos fazer. Quer difamar alguém? Vaze na internet um comentário que ela fez. A contaminação tecnológica é um tema presente na série.

Aziz Ansari entrega um ótimo roteiro e uma ideia gloriosa. Ele consegue pegar temas batidos e deixa-los mais maduros, engraçados e crus do que outras sitcoms do gênero fizeram. Com um personagem que reflete nossas dúvidas e inseguranças, ele quebra a barreira do assunto único, indo além de mostrar que suas dificuldades exclusivas na vida se dão por sua etnia. Fazendo de Dev um cara muito gente boa, mas que tem suas falhas, ele constrói um personagem que acaba virando um amigo, além de refletir um pouco de nós mesmos em tantos momentos.

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Se você gostar do piloto, mergulhe de cabeça, pois a série só melhora. Se não gostar, vai se surpreender com a quantia de pessoas que te entendem, mas continuaram e não se arrependeram. A série tem alguns aspectos que nem sei se podem ser colocados como negativos, ela é uma série normal, e não é possível ser impecável o tempo todo, mas é excelente de um modo geral.

Nomeada por muitos como uma das melhores comédias da atualidade, ‘Master of None‘ é uma pedida certeira para quem gosta não apenas de comédias, mas de séries de situação. Entrar na perspectiva dos personagens sobre alguns assuntos é fascinante! Dá pra comparar ela com ‘Seinfeld‘, pelos episódios desconexos e por ser também (um pouco) uma série sobre nada.

O episódio final, ao contrário de todos os finais de episódios da série, deixou uma ponta de dúvidas e curiosidades, fazendo com que uma segunda temporada seja mais que aguardada. Para quem já gostou, ou vier a gostar da série, a previsão para o lançamento da mesma, ao menos até agora, é Abril de 2017.

Sim, a vida me pregou essa peça de me fazer começar a ver uma série para matar tempo enquanto as minhas favoritas estão estacionadas e, por fim, vou ter agora que ficar arrumando o que ver na lacuna até ela voltar. Uma maratoninha bem feita e, em um dia, você colocou a série em ordem. É rápido assim e vale muito a pena.
Por alguns detalhes, ‘Master of None‘ leva um 8. O que é tipo um 80%, e é uma ótima avaliação… Ao menos, melhor que um 70 é (piada interna para aqueles que já viram a série). Parte lá conferir e dar umas boas risadas com Dev, a fofíssima da Rachel e companhia.

PS: Galera fala muito do Arnold, mas pra mim a Denise rouba a cena e é, de longe, a coadjuvante que rouba a cena e faz a série muito mais divertida.

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Dentro de um catálogo extenso, com muitos clássicos incríveis, e tantas produções próprias que vem pipocando por aí a cada vez mais, tem alguns momentos que é muito complicado abrir a Netflix e decidir rapidamente o que assistir. Creio que muitos de vocês já passaram pela chamada pra assistir ‘Master of None‘, ainda mais agora que ela foi consagrada no Emmy 2016 (merecido).

Lançada em novembro de 2015, ao menos eu não vi muita divulgação ou fuá em cima dela. Por fim, ela acabou ficando ali, caracterizada como uma sitcom com uma pitada de drama e portando uma resenha que não dá aquela despertada plena de interesse na maioria do público. Se você ficou em dúvida sobre ver a série ou não, espero que esse texto te ajude a decidir.

Eu assisti o piloto da série há um bom tempo, há muito mais do que parei para concluir os 10 episódios dessa primeira temporada. Isso porque ‘Master of None‘ não me ganhou logo de cara… O piloto parecia bastante desconexo e até meio insosso. Até então eu tinha achado que já valia a tentativa, mas depois de um tempo eu resolvi voltar para ver tudo.

Do segundo até o oitavo episódio, a série me surpreendeu pela velocidade que passou. Poucas vezes 30 minutos voaram diante dos meus olhos, pois parecia que o episódio tinha acabado de começar, mas já estava terminando. Isso é mérito de um roteiro preciso e de um elenco que segura as pontas dos seus personagens com maestria.

Master of None

Por não ser uma sitcom com aquelas risadinhas de fundo e com aquele timing obrigatório de gerar uma piada quase cronometrada, a série administra bem a diversidade do seu conteúdo, podendo passear em situações cotidianas sem a necessidade de tirar sarro delas o tempo todo. Mas, verdade seja dita, algumas reflexões sobre questões mais sóbrias acabam ficando um pouco teatrais, beirando o mecânico, por não se encaixarem na dose de honestidade comportamental que a série preza em transmitir. Mesmo assim, os temas são válidos.

A produção gira em torno de Dev, um filho de imigrantes indianos, que está tentando viver como ator em Nova York. Além disso, ele vive todos os dilemas que nós vivemos, o que ajuda com que a gente acabe se identificando com o personagem depois de algum tempo, em algumas situações que ele passa. Não são situações inéditas, os dilemas que vemos na série são abordados em várias outras produções que já vimos, mas uma das maiores habilidades do seriado mora no roteiro afiado, diálogos rápidos e algumas situações que nos acordam uma profunda vergonha alheia, talvez por, em alguns momentos, assistirmos nos personagens as coisas que nós mesmos gostaríamos de fazer.

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Mesmo sendo uma série de comédia, não será ‘Master of None‘ aquela que você vai se lembrar como aquela que te matou de rir. Penso que talvez isso atue em favor do humor da série, pois ele acaba acontecendo em momentos inesperados, o que ajuda as situações em questão a ficarem ainda mais hilárias. Os diálogos rápidos e repletos de referências à cultura pop também dão um charme especial aos episódios, assim como quando eles estão assistindo ‘Sherlock‘ juntos, ou o avô de Arnold assiste um antigo filme de comédia. Conversas sobre letras de música e alguns diálogos medianamente insanos acontecem, e são bem vindos.

Dev tem um grupo de amigos que faz um zig zag pela série. Eles aparecem e somem na mesma velocidade, mas isso não nos impede de acabar gerando uma afeição por eles, o que acaba nos frustrando, pois muitas vezes eles poderiam ter aparecido mais e estreitado mais os seus dramas pessoais.

Assim como a aclamada ‘Seinfeld‘, vemos aqui basicamente uma produção sobre o nada. Os 10 episódios da primeira temporada não são necessariamente conectados entre si e nenhum final, a não ser o da temporada, deixa um arco para ser resolvido no que virá a seguir. Cada trama aberta já e fecha. Não existem flashbacks para episódios anteriores e você não precisa ficar apertando a memória pra tentar lembrar o que aconteceu, muito embora a gente veja um retorno na vida dos personagens em alguns momentos estratégicos, que funcionam muito bem.

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Com uma abordagem sincera de temáticas importantes, alguns episódios certamente vão deixar a sua marca na história das séries em geral, e não é exagero dizer isso. A perspicácia de “parents”, “indians on tv” e “old people” vão muito além dos dilemas que, nitidamente, estão em seus nomes. A Netflix acertou bonito quando abraçou a produção e a fez acontecer, pois ela solidifica ainda mais a qualidade das produções originais da plataforma.

A ironia da relação com a tecnologia também é icônica. ‘Master of None‘ mostra como estamos confiando demais em aplicativos e permitindo que eles moldem as nossas opiniões, controlem nosso cronograma e nos façam até ter preguiça de criar opiniões próprias. Esquecemos das pessoas se nosso celular não nos lembra de um compromisso, procuramos a opinião dos outros sobre tudo, e permitimos que o conceito da maioria defina até onde vamos comer. Confiamos em um aplicativo para determinar se temos ou não tempo para algo que queremos fazer. Quer difamar alguém? Vaze na internet um comentário que ela fez. A contaminação tecnológica é um tema presente na série.

Aziz Ansari entrega um ótimo roteiro e uma ideia gloriosa. Ele consegue pegar temas batidos e deixa-los mais maduros, engraçados e crus do que outras sitcoms do gênero fizeram. Com um personagem que reflete nossas dúvidas e inseguranças, ele quebra a barreira do assunto único, indo além de mostrar que suas dificuldades exclusivas na vida se dão por sua etnia. Fazendo de Dev um cara muito gente boa, mas que tem suas falhas, ele constrói um personagem que acaba virando um amigo, além de refletir um pouco de nós mesmos em tantos momentos.

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Se você gostar do piloto, mergulhe de cabeça, pois a série só melhora. Se não gostar, vai se surpreender com a quantia de pessoas que te entendem, mas continuaram e não se arrependeram. A série tem alguns aspectos que nem sei se podem ser colocados como negativos, ela é uma série normal, e não é possível ser impecável o tempo todo, mas é excelente de um modo geral.

Nomeada por muitos como uma das melhores comédias da atualidade, ‘Master of None‘ é uma pedida certeira para quem gosta não apenas de comédias, mas de séries de situação. Entrar na perspectiva dos personagens sobre alguns assuntos é fascinante! Dá pra comparar ela com ‘Seinfeld‘, pelos episódios desconexos e por ser também (um pouco) uma série sobre nada.

O episódio final, ao contrário de todos os finais de episódios da série, deixou uma ponta de dúvidas e curiosidades, fazendo com que uma segunda temporada seja mais que aguardada. Para quem já gostou, ou vier a gostar da série, a previsão para o lançamento da mesma, ao menos até agora, é Abril de 2017.

Sim, a vida me pregou essa peça de me fazer começar a ver uma série para matar tempo enquanto as minhas favoritas estão estacionadas e, por fim, vou ter agora que ficar arrumando o que ver na lacuna até ela voltar. Uma maratoninha bem feita e, em um dia, você colocou a série em ordem. É rápido assim e vale muito a pena.
Por alguns detalhes, ‘Master of None‘ leva um 8. O que é tipo um 80%, e é uma ótima avaliação… Ao menos, melhor que um 70 é (piada interna para aqueles que já viram a série). Parte lá conferir e dar umas boas risadas com Dev, a fofíssima da Rachel e companhia.

PS: Galera fala muito do Arnold, mas pra mim a Denise rouba a cena e é, de longe, a coadjuvante que rouba a cena e faz a série muito mais divertida.

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