quarta-feira, agosto 20, 2025
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    Crítica | Matt Shakman constrói uma divertida e apaixonante jornada com ‘Quarteto Fantástico: Primeiros Passos’

    Crítica livre de spoilers.

    Quarteto Fantástico é uma das propriedades da Marvel mais conhecidas, configurando-se como a primeira grande família desse panteão super-heroico. Porém, enquanto fizeram sucesso nos quadrinhos, as múltiplas adaptações para o cinema falharam em conquistar o público e a crítica, e até mesmo em honrar o legado dos personagens. Tivemos a duologia dirigida por Tim Story, que apresentou as origens do herói em uma narrativa cômica e despojada, o esquecível reboot comandado por Josh Trank e um projeto dos anos 1990 que nunca viu a luz do dia. E, após a extinta 20th Century Fox ser comprada pela Walt Disney Studios, os fãs esperaram pacientemente pela introdução dos heróis no Universo Cinemático Marvel.

    Coube a Matt Shakman, conhecido por seu trabalho em ‘WandaVision’ e em ‘Monarch: Legado de Monstros’, introduzi-los nesse universo em contínua expansão com ‘Quarteto Fantástico: Primeiros Passos’ – e, remando contra a maré de recentes produções frustrantes da Marvel, Shakman pega páginas emprestadas do “livro de regras” de adaptações e constrói uma apaixonante e divertida narrativa cujo enfoque principal é a importância da família e celebração das pessoas que amamos.

    Diferente do que poderíamos imaginar, a história não mostra a origem do Quarteto: a trama principal se inicia com os heróis já estabelecidos e sendo homenageados pelas emissoras locais pelos serviços prestados na proteção do planeta contra forças externas e muito perigosas. Todavia, Reed Richards (Pedro Pascal), Sue Storm (Vanessa Kirby), Johnny Storm (Joseph Quinn) e Ben Grimm (Ebon Moss-Bachrach) se veem arrastados para uma trama ardilosa com a chegada de uma misteriosa entidade prateada conhecida como Shalla-Bal (Julia Garner), que aparece em meio à Times Square, em Nova York, para anunciar a chegada de Galactus, o Devorador de Mundos (Ralph Ineson) – afirmando que a Terra está marcada para ser destruída e aconselhando seus habitantes a passarem os últimos momentos com seus entes queridos.

    A princípio engolfados em um choque inexplicável, o Quarteto logo arquiteta um plano que os compele a cruzar os limites do tempo e espaço para encontrar Shalla-Bal e, com isso, Galactus, tentando convencê-lo de não seguir com seus planos. A cosmológica entidade oferece uma contraproposta: Reed e Sue deverão abrir mão de seu filho, Franklin, para salvarem a humanidade (visto que o infante possui um dom ainda não explorado que o torna o único capaz de assumir o manto do eterno sofrimento voraz de Galactus e colocá-lo em paz de uma vez por todas). É claro que eles se recusam a isso e, retornando para casa, são abordados por uma legião de homens, mulheres e crianças desesperados com a iminência de um apocalipse.

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    Engolfados em uma luta contra o tempo, nossos heróis constroem um plano que precisará do apoio de cada um dos habitantes do planeta e que culminará numa viagem só de ida de Galactus a um lugar bem longe da realidade em que vivem – até perceberem que as coisas não são tão simples quanto imaginam e que, agora, os quatro devem tomar uma importante decisão para garantir a sobrevivência da Terra.

    Assim como a minissérie ‘Coração de Ferro’, ‘Primeiros Passos’ não soa como um filme da Marvel Studios – e escrevo isso da maneira mais elogiosa possível. Apostando fichas em uma realidade alternativa que nos leva para a Terra-828, Shakman demonstra seu apreço por produções clássicas dos anos 1990 e do início dos anos 2000, pegando páginas emprestadas de obras similares para gestar um universo vibrante e retrofuturista, pincelado com um encontro entre passado e presente que nos arrebata desde os primeiros segundos. Seja com o adorável robô-assistente H.E.R.B.I.E., seja com televisões retrô que nos transportam de volta aos anos 1960, cada elemento estético é pensado com cautela e emerge como um personagem impalpável que fornece ritmo e dinamismo ao enredo.

    O roteiro, assinado a quatro mãos, tem plena noção de que as originalidades dentro do gênero super-heroico são escassas e, por isso mesmo, vale-se da exploração dos relacionamentos entre os protagonistas e cada coadjuvante que cruza seu caminho – cimentando uma trajetória épica que, apesar de previsível, vale a pena por diálogos bem escritos e uma dosagem quase perfeita de drama, comédia, ação e suspense. Através de três atos bem delineados, Shakman e seus colaboradores unem entretenimento a mensagens de bonança e boa-fé que, eventualmente, culminam na primeira adaptação cinematográfica do Quarteto que vale a pena ser conferida, do início ao fim.

    A cereja do bolo é colocada com perfeição em cima de uma deliciosa sobremesa marcada por uma sisuda e clara fotografia e por jogos de câmera que ousam aqui e ali, mas que preferem o conforto cinemático em vez de uma vazia presunção, vem com o elenco. Pascal, que se sagrou um dos atores mais populares da atualidade com produções como ‘The Mandalorian’ e ‘The Last of Us’, traz vulnerabilidade e humanidade a Reed, enquanto Kirby domina cada uma das cenas com uma interpretação fabulosa e que transforma Sue em uma verdadeira líder política cujo principal objetivo é proteger a humanidade – além de posar com uma ávida mãe que fará de tudo para proteger seu filho. Quinn diverte-se como o impetuoso Johnny e brilha ao lado de Moss-Bachrach como se fizessem parte de uma única engrenagem. E, quando juntos, esse elenco formidável explode e reverbera em uma instigante química que nos torna incapazes de desviar o olho das telonas.

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    ‘Quarteto Fantástico: Primeiros Passos’ é um dos melhores filmes da Marvel Studios dos últimos anos e se posta como um ótimo capítulo inicial para a Fase 6 do MCU – funcionando de maneira independente às produções que já assistimos e nos arrebatando com um brilho próprio que há muito não víamos em produções do gênero.

    Lembrando que o filme estreia nos cinemas nacionais em 24 de julho.

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