domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Maya e os 3 Guerreiros – Minissérie infantil da Netflix exalta as culturas maia e asteca

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A história das culturas maia e asteca, embora sejam culturas originárias da América Central, é pouco conhecida pelos brasileiros – a bem da verdade, é pouco conhecida por muitos viventes da América do Sul e mesmo da América do Norte. Ainda que Hollywood tenha voltado seus olhos com mais dedicação na última década para a cultura mexicana (muito, inclusive, para alimentar o orgulho e a autoestima dos mexicanos que vivem nos EUA, que querem consumir esse tipo de entretenimento que os lembre de casa), com filmes como ‘Viva – A Vida é uma Festa’, por exemplo, a verdade é que ainda estamos muito distantes do que de fato é a história e a cultura dos países da Mesoamérica, especialmente quando falamos da história pré-colombiano. Numa tentativa de sanar um pouco essa lacuna, chegou à Netflix a minissérie animada ‘Maya e os 3 Guerreiros’.



Maya (na voz original de Zoe Saldana, dublada por Jacque Souza) acaba de completar quinze anos e será coroada rainha do povo Teca, embora, na verdade, ela queira mesmo é lutar, tal como seus três irmãos e seu pai fazem toda vez que saem para uma batalha. No dia de sua coroação ela recebe a visita do Príncipe dos Morcegos (Diego Luna, dublado por Marcelo Campos), dizendo-lhe que em breve Lorde Miclan (Alfred Molina, dublado por Luiz Carlos Persy) irá sacrificá-la. Para tentar salvar a própria pele e também a seu povo, Maya se apega a uma antiga profecia, que falava como a grande águia, a caveira guerreira (Grey Griffin, dublada por Rebeca Jóia), o galo feiticeiro (Allen Maldonado, dublado por Renan Freitas) e o puma guerreiro (dublado por Ramon Campos) iriam salvar os povos. Por isso, Maya sairá numa perigosa missão atrás de aliados.

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Ao longo dos nove episódios com média de trinta minutos de duração o espectador atravessa a intensa jornada de Maya tentando acompanhar a uma grande quantidade de informações. A criação de Jorge R. Gutierrez (responsável pelo longa animado ‘Festa no Céu’) mistura, positiva e confusamente, as culturas maia e asteca para a elaboração de uma história fantasiosa que visa atingir o público infantil, mas, devido à sua complexidade, aos inúmeros personagens e temas delicados (como a morte e o sacrifício humano, comuns à essas culturas), talvez a molecada não se sinta tão hipnotizada pela trama, ainda que a série esteja figurando no Top 10 da Netflix.

Dividido em capítulos cujos títulos anunciam o cerne de cada episódio, a trama enrola um pouco para ser concluída: os dois primeiros apresentam a protagonista e seu destino; os três seguintes introduzem seus companheiros; entre o quinto e o sétimo há uma reviravolta nada a ver, para enrolar mesmo a trama; e os dois últimos concluem a história. Ou seja, a minissérie poderia ter tido apenas sete episódios. Já na reta final, o roteiro dá uma bela forçada de barra para inventar histórias amorosas que não foram construídas ao longo da aventura.

Por outro lado, ‘Maya e os 3 Guerreiros’ é uma animação bem-feita, criativa, que mistura técnicas de animação e massinha e às vezes até quebra as margens do frame, aproximando-se do espectador. Com dublagem e tradução que remetem ao universo de ‘Chaves’ e vários termos em espanhol (ainda que os maias e os astecas não falassem castelhano), ‘Maya e os 3 Guerreiros’ é uma minissérie bonita, instrutiva, que louva abertamente as origens do povo mexicano e traz um pouco de acesso à essa cultura que por tanto tempo foi distanciada do resto do mundo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A história das culturas maia e asteca, embora sejam culturas originárias da América Central, é pouco conhecida pelos brasileiros – a bem da verdade, é pouco conhecida por muitos viventes da América do Sul e mesmo da América do Norte. Ainda que Hollywood tenha voltado seus olhos com mais dedicação na última década para a cultura mexicana (muito, inclusive, para alimentar o orgulho e a autoestima dos mexicanos que vivem nos EUA, que querem consumir esse tipo de entretenimento que os lembre de casa), com filmes como ‘Viva – A Vida é uma Festa’, por exemplo, a verdade é que ainda estamos muito distantes do que de fato é a história e a cultura dos países da Mesoamérica, especialmente quando falamos da história pré-colombiano. Numa tentativa de sanar um pouco essa lacuna, chegou à Netflix a minissérie animada ‘Maya e os 3 Guerreiros’.

Maya (na voz original de Zoe Saldana, dublada por Jacque Souza) acaba de completar quinze anos e será coroada rainha do povo Teca, embora, na verdade, ela queira mesmo é lutar, tal como seus três irmãos e seu pai fazem toda vez que saem para uma batalha. No dia de sua coroação ela recebe a visita do Príncipe dos Morcegos (Diego Luna, dublado por Marcelo Campos), dizendo-lhe que em breve Lorde Miclan (Alfred Molina, dublado por Luiz Carlos Persy) irá sacrificá-la. Para tentar salvar a própria pele e também a seu povo, Maya se apega a uma antiga profecia, que falava como a grande águia, a caveira guerreira (Grey Griffin, dublada por Rebeca Jóia), o galo feiticeiro (Allen Maldonado, dublado por Renan Freitas) e o puma guerreiro (dublado por Ramon Campos) iriam salvar os povos. Por isso, Maya sairá numa perigosa missão atrás de aliados.

Ao longo dos nove episódios com média de trinta minutos de duração o espectador atravessa a intensa jornada de Maya tentando acompanhar a uma grande quantidade de informações. A criação de Jorge R. Gutierrez (responsável pelo longa animado ‘Festa no Céu’) mistura, positiva e confusamente, as culturas maia e asteca para a elaboração de uma história fantasiosa que visa atingir o público infantil, mas, devido à sua complexidade, aos inúmeros personagens e temas delicados (como a morte e o sacrifício humano, comuns à essas culturas), talvez a molecada não se sinta tão hipnotizada pela trama, ainda que a série esteja figurando no Top 10 da Netflix.

Dividido em capítulos cujos títulos anunciam o cerne de cada episódio, a trama enrola um pouco para ser concluída: os dois primeiros apresentam a protagonista e seu destino; os três seguintes introduzem seus companheiros; entre o quinto e o sétimo há uma reviravolta nada a ver, para enrolar mesmo a trama; e os dois últimos concluem a história. Ou seja, a minissérie poderia ter tido apenas sete episódios. Já na reta final, o roteiro dá uma bela forçada de barra para inventar histórias amorosas que não foram construídas ao longo da aventura.

Por outro lado, ‘Maya e os 3 Guerreiros’ é uma animação bem-feita, criativa, que mistura técnicas de animação e massinha e às vezes até quebra as margens do frame, aproximando-se do espectador. Com dublagem e tradução que remetem ao universo de ‘Chaves’ e vários termos em espanhol (ainda que os maias e os astecas não falassem castelhano), ‘Maya e os 3 Guerreiros’ é uma minissérie bonita, instrutiva, que louva abertamente as origens do povo mexicano e traz um pouco de acesso à essa cultura que por tanto tempo foi distanciada do resto do mundo.

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