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Crítica | ‘Maya, Me Dê um Título’ – Divertida demonstração do amor de um pai por sua filha [Festival de Cinema Francês do Brasil]


É impressionante como o mundo do cinema entrega inúmeras possibilidades e, a partir de uma ideia relativamente simples, pode nascer uma obra grandiosa que fortalece os vínculos familiares. Escrito e dirigido por Michel Gondry, o média-metragem Maya, Me Dê um Título explora uma técnica específica de animação com enorme criatividade, construindo uma narrativa deliciosa que insere histórias dentro de histórias a partir da relação de um pai cineasta e a saudade da filha.

Por conta da distância, um diretor de cinema resolve criar uma dinâmica com a filha, Maya: pedindo a ela que envie ideias para curtas-metragens de animação nos quais ela será a personagem principal. Ao longo do tempo, de um inusitado terremoto a criação de um avião-pássaro, passando por situações em que ela diminui tamanho, ou se torna uma sereia, ou mesmo em um oceano destruído por ketchup chegando nas incertezas da pandemia, um alegre e contagiante vínculo é criado.



Jogando ao mundo muitas formas de amor – tanto pela família quanto pelo cinema -, o experiente cineasta francês Michel Gondry convida o público a conhecer elementos pessoais de sua vida inseridos numa cerimônia imaginativa que criou com a filha. Longe de ser uma biografia, a obra tem caráter ficcional, mas com pitadas de inspirações na realidade: com a mamãe, a vovó, o vovô e o próprio papai sendo inseridos como coadjuvantes das histórias onde quem brilha é Maya.

Com sua estética artesanal onde cada pequena alteração é fotografada em movimentos quadro a quadro, essa animação de recorte de papel – um tipo específico de Stop Motion – busca a partir da interatividade de uma próxima ligação afetiva (batendo na tecla da identidade e continuidade) alcançar a espontaneidade que se transformam em descobertas, trazendo o lúdico para simplificar reflexões sobre desastres ecológicos, a geopolítica, a relação dos seres humanos com as famílias, entre outras questões.

Conforme Maya vai crescendo, a pergunta sobre até quando vai existir essa dinâmica se torna iminente – algo que também ganha espaço entre as histórias apresentadas. Nessa forma contagiante de aproximar a família ao rico universo da sétima arte da qual faz parte, Gondry mais uma vez brinda os cinéfilos transformando em poesia seu amor por tudo que o cerca.

Raphael Camachohttps://guiadocinefilo.blogspot.com.br
Raphael Camacho é um profissional com mais de 20 anos de experiência no mercado cinematográfico. Ao longo de sua trajetória, atuou como programador de salas de cinema, além de ter trabalhado nas áreas de distribuição e marketing de filmes. Paralelamente à sua atuação na indústria, Raphael sempre manteve sua paixão pela escrita, contribuindo com o site Cinepop, onde se consolidou como um dos colaboradores mais antigos e respeitados deste que é um dos portais de cinema mais queridos do Brasil.
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