segunda-feira , 25 novembro , 2024

Crítica | Não Provoque: Série da Netflix faz brilhante combinação entre thriller e líderes de torcida

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Naturalmente bem feminino, o universo das líderes de torcida possui uma extensão um tanto limitada, em se tratando de alcance e nicho. Desde Teenagers: As Apimentadas, essa atmosfera tem feito parte do imaginário juvenil e caiu no gosto de tantas adolescentes ao redor do mundo e – principalmente do Brasil. Mas Não Provoque não é aquela série blasé piegas sobre adolescentes de classe média que escondem comportamentos agressivos em uniformes impecáveis. Trazendo o cenário de cheerleading como seu background, a produção adquirida pela Netflix é um retrato subversivo de um pequeno mundo, capaz de fazer um estrago colossal por onde passa.



Por trás dos treinos alucinantes, acrobacias invejáveis e performances de dança, Me Provoque se sobressai como uma série coming of age bem madura, tratando a temática da transformação hormonal e emocional na fase da adolescência com uma carga ácida que reflete muito bem a juventude contemporânea. Acrescentando o elemento de mistério por meio de um denso thriller que mescla relações amorosas doentias, complexos de inferioridade e traumas de infância, a produção original da emissora USA quer tratar temáticas mais desafiantes por uma ótica muito mais subjetiva, se inspirando com graciosidade e leveza nos aspectos mais fascinantes de séries como Euforia e Big Little Lies, à medida que constrói seus próprios arquétipos de subversão comportamental.

Aqui, gradativamente descobrimos que muito mais importante do que “quem fez o que e com quem”, o que torna a série tão cativante são sempre as genuínas motivações das protagonistas. Regadas de complexos e incoerências psicoemocionais, as personagens principais, vividas por Willa Fitzgerald, Herizen Guardiola e Marlo Kelly, são um banquete de comportamentos dúbios e de caráter duvidoso e oscilam entre a busca por aceitação, amor e carinho e o desejo salivante de ter o controle e domínio sobre tudo e todos. E nada disso tem diretamente a ver com o um squad de líderes de torcida.

Trazendo a atmosfera competitiva desse universo da torcidas femininas como o pilar da trama, a audiência aprende a entender que – de fato – esse pequeno contexto e tão vital para suas personagens – é apenas um reflexo simbólico de comportamentos quase inconscientes de jovens mulheres que carregam em si bagagens emocionais jamais tratadas. E como caixinhas de Pandora que se abrem inadvertidamente, seus comportamentos compulsivos começam a conduzir a narrativa, tornando a jornada de Não Provoque tão intrigante para a audiência, quanto o próprio título sugere.

E tecnicamente falando, a nova série da Netflix é um prazer visual a parte. Explorando as sombras com profundidade, a produção é regada por tomadas noturnas que ajudam a garantir o ar sombrio do thriller, intercalando com cenas feitas durante o dia, que servem como pequenos contrastes na estética da produção. Trazendo uma trilha sonora que mescla o hip hop e rap contemporâneos com canções com uma abordagem mais cult, a série ainda traz o sintetizador do estilo synth pop em músicas que ajudam a dar um ar lúgubre ao longo de todos os episódios. Contando com atuações de impacto, com Marlo Kelly sendo o grande destaque, Não Provoque é uma surpresa que chega sem muito alarde na Netflix, mas que tem tudo para conquistar as audiências mais diversas com um drama maduro e cativante. Transformando o gênero em que se propõe com originalidade, a adaptação do livro homônimo de Megan Abbott faz do seu background “teen” apenas um filtro que resguarda temáticas profundamente adultas e palpáveis.

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Naturalmente bem feminino, o universo das líderes de torcida possui uma extensão um tanto limitada, em se tratando de alcance e nicho. Desde Teenagers: As Apimentadas, essa atmosfera tem feito parte do imaginário juvenil e caiu no gosto de tantas adolescentes ao redor do mundo e – principalmente do Brasil. Mas Não Provoque não é aquela série blasé piegas sobre adolescentes de classe média que escondem comportamentos agressivos em uniformes impecáveis. Trazendo o cenário de cheerleading como seu background, a produção adquirida pela Netflix é um retrato subversivo de um pequeno mundo, capaz de fazer um estrago colossal por onde passa.

Por trás dos treinos alucinantes, acrobacias invejáveis e performances de dança, Me Provoque se sobressai como uma série coming of age bem madura, tratando a temática da transformação hormonal e emocional na fase da adolescência com uma carga ácida que reflete muito bem a juventude contemporânea. Acrescentando o elemento de mistério por meio de um denso thriller que mescla relações amorosas doentias, complexos de inferioridade e traumas de infância, a produção original da emissora USA quer tratar temáticas mais desafiantes por uma ótica muito mais subjetiva, se inspirando com graciosidade e leveza nos aspectos mais fascinantes de séries como Euforia e Big Little Lies, à medida que constrói seus próprios arquétipos de subversão comportamental.

Aqui, gradativamente descobrimos que muito mais importante do que “quem fez o que e com quem”, o que torna a série tão cativante são sempre as genuínas motivações das protagonistas. Regadas de complexos e incoerências psicoemocionais, as personagens principais, vividas por Willa Fitzgerald, Herizen Guardiola e Marlo Kelly, são um banquete de comportamentos dúbios e de caráter duvidoso e oscilam entre a busca por aceitação, amor e carinho e o desejo salivante de ter o controle e domínio sobre tudo e todos. E nada disso tem diretamente a ver com o um squad de líderes de torcida.

Trazendo a atmosfera competitiva desse universo da torcidas femininas como o pilar da trama, a audiência aprende a entender que – de fato – esse pequeno contexto e tão vital para suas personagens – é apenas um reflexo simbólico de comportamentos quase inconscientes de jovens mulheres que carregam em si bagagens emocionais jamais tratadas. E como caixinhas de Pandora que se abrem inadvertidamente, seus comportamentos compulsivos começam a conduzir a narrativa, tornando a jornada de Não Provoque tão intrigante para a audiência, quanto o próprio título sugere.

E tecnicamente falando, a nova série da Netflix é um prazer visual a parte. Explorando as sombras com profundidade, a produção é regada por tomadas noturnas que ajudam a garantir o ar sombrio do thriller, intercalando com cenas feitas durante o dia, que servem como pequenos contrastes na estética da produção. Trazendo uma trilha sonora que mescla o hip hop e rap contemporâneos com canções com uma abordagem mais cult, a série ainda traz o sintetizador do estilo synth pop em músicas que ajudam a dar um ar lúgubre ao longo de todos os episódios. Contando com atuações de impacto, com Marlo Kelly sendo o grande destaque, Não Provoque é uma surpresa que chega sem muito alarde na Netflix, mas que tem tudo para conquistar as audiências mais diversas com um drama maduro e cativante. Transformando o gênero em que se propõe com originalidade, a adaptação do livro homônimo de Megan Abbott faz do seu background “teen” apenas um filtro que resguarda temáticas profundamente adultas e palpáveis.

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