domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Medo Viral: Terrorzão meia boca que não convence com uma sucessão de jump scares

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A tecnologia tem redefinido as relações humanas e, naturalmente, suas consequências e desdobramentos são aromas atraentes para o cinema. E abrir o debate para o nosso profundo envolvimento com as redes sociais, aplicativos interativos e outras ferramentas digitais é válido, rende bons filmes e uma série de discussões complexas intermináveis. No entanto, usá-lo como um mero artifício argumentativo raso é tão blasé quanto entupir um filme de terror com jump scares que tampouco te fazem pular, muito menos se assustar. Medo Viral se encaixa em ambas as categorias, onde o clichezão com produção B faz as vezes de um roteiro onde a trama tenta se estruturar sozinha, mas desmorona por tornar suas poucas referências uma cópia barata de clássicos do gênero.



O longa dos irmãos Abel e Burlee Vang não diz muito. Sem uma trama engendrada, encontramos um grupo de cinco amigos tentando lidar com a súbita e inexplicável perda de uma de suas companheiras. O luto é acompanhado por um estranho convite para acessar um aplicativo que, aos moldes da Siri do IOS, tenta se comunicar com seus usuários, desenvolvendo uma espécie de relação de proximidade – com um leve toque de Ela (2013). A ferramenta, que aparentemente tem o inconcebível poder de sincronizar todos os aparelhos tecnológicos de uma única residência, ainda que eles não possuam nenhum vínculo como manda a integração digital, é também uma entidade mortal e se apropria dos maiores medos dos internautas – exatamente como Pennywise o faz em It: A Coisa (2017).

Se transformando em criaturas misteriosas que ora se assemelham a seres assustadores, ora se moldam a figuras quase humanas com feições distorcidas, o terror não convence nem na sua estética, nem na tensão que tenta gerar. Incapaz de desenvolver uma atmosfera onde o suspense pelo desconhecido seja a força motriz da angústia na audiência, Medo Viral é uma produção “cansada”, com um elenco um tanto inexperiente, que deveria reter as aflições da trama – uma vez que a censura impede qualquer morte gráfica. Sem saber conduzir o ambiente, o filme se perde em protagonistas com quem pouco nos importamos, focando sua história em um aplicativo que não sabemos de onde veio ou para onde vai.

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Aleatório, Medo Viral traz algumas alegorias a fim de fazê-las funcionar como referências a alguns clássico. A inesperada presença de um viçoso balão vermelho – bem Pennywise – é aquém ao seu objetivo inicial e gera estranheza por soar como uma quase apropriação de um elemento particular de um dos personagens mais amados e respeitados do gênero do terror. Os jumps scares são exaustivos, paralisam a narrativa consecutivamente e não despertam absolutamente nada que não seja um desprezo pelo tempo perdido, que não voltará mais. Com sustos apáticos e até mesmo desconexos, a produção é incapaz de construir a tensão em um único momento sequer, como quando um de seus protagonista é cercado pela imensidão de um estacionamento vazio, sob os olhos de um câmera ágil. O instante que anunciava o possível crescimento da produção é efêmero e deixa a audiência a ver navios.

Escrito pelos irmãos Vang, Medo Viral poderia até construir uma consistência a partir de uma premissa original louvável. Mas por fazer tudo tão na base do improviso, as quase 1h40 de filme são evasivas, desnecessárias e incapazes de pelo menos render aqueles pequenos sustos. Com uma direção simplista e ausência absoluta de sangue, o terror foge o gênero, não convence e frustra profundamente os amantes de um belo horror psicológico que até nutriam uma certa esperança.

 

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O longa dos irmãos Abel e Burlee Vang não diz muito. Sem uma trama engendrada, encontramos um grupo de cinco amigos tentando lidar com a súbita e inexplicável perda de uma de suas companheiras. O luto é acompanhado por um estranho convite para acessar um aplicativo que, aos moldes da Siri do IOS, tenta se comunicar com seus usuários, desenvolvendo uma espécie de relação de proximidade – com um leve toque de Ela (2013). A ferramenta, que aparentemente tem o inconcebível poder de sincronizar todos os aparelhos tecnológicos de uma única residência, ainda que eles não possuam nenhum vínculo como manda a integração digital, é também uma entidade mortal e se apropria dos maiores medos dos internautas – exatamente como Pennywise o faz em It: A Coisa (2017).

Se transformando em criaturas misteriosas que ora se assemelham a seres assustadores, ora se moldam a figuras quase humanas com feições distorcidas, o terror não convence nem na sua estética, nem na tensão que tenta gerar. Incapaz de desenvolver uma atmosfera onde o suspense pelo desconhecido seja a força motriz da angústia na audiência, Medo Viral é uma produção “cansada”, com um elenco um tanto inexperiente, que deveria reter as aflições da trama – uma vez que a censura impede qualquer morte gráfica. Sem saber conduzir o ambiente, o filme se perde em protagonistas com quem pouco nos importamos, focando sua história em um aplicativo que não sabemos de onde veio ou para onde vai.

Aleatório, Medo Viral traz algumas alegorias a fim de fazê-las funcionar como referências a alguns clássico. A inesperada presença de um viçoso balão vermelho – bem Pennywise – é aquém ao seu objetivo inicial e gera estranheza por soar como uma quase apropriação de um elemento particular de um dos personagens mais amados e respeitados do gênero do terror. Os jumps scares são exaustivos, paralisam a narrativa consecutivamente e não despertam absolutamente nada que não seja um desprezo pelo tempo perdido, que não voltará mais. Com sustos apáticos e até mesmo desconexos, a produção é incapaz de construir a tensão em um único momento sequer, como quando um de seus protagonista é cercado pela imensidão de um estacionamento vazio, sob os olhos de um câmera ágil. O instante que anunciava o possível crescimento da produção é efêmero e deixa a audiência a ver navios.

Escrito pelos irmãos Vang, Medo Viral poderia até construir uma consistência a partir de uma premissa original louvável. Mas por fazer tudo tão na base do improviso, as quase 1h40 de filme são evasivas, desnecessárias e incapazes de pelo menos render aqueles pequenos sustos. Com uma direção simplista e ausência absoluta de sangue, o terror foge o gênero, não convence e frustra profundamente os amantes de um belo horror psicológico que até nutriam uma certa esperança.

 

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