segunda-feira , 10 fevereiro , 2025

Crítica 2 | ‘Meio Grávida’ – O verdadeiro parto é conseguir terminar de ver esse filme da Netflix

Existem atores no cinema que se eternizam ao interpretarem o mesmo papel em diferentes filmes. E isso não é um demérito, contanto que exerçam bem esse trabalho. O exemplo clássico da atualidade é o Chris Pratt, que faz versões dele mesmo, o cara bonachão e politicamente incorreto que demonstra ser um babaca de bom coração. Porém, de tanto repetir esse estereótipo, o ator já vem criando antipatia de parte do público.

Pode-se dizer que a humorista Amy Schumer sofre de um caso parecido, mas com o diferencial de nunca ter emplacado um sucesso nas telonas. Praticamente todos os seus filmes envolvem ela interpretando a mulher solteirona, que é viciada em sexo e foi renegada, tendo sofrido com a falta de amor dos pais, mas que está sempre a fim de curtir e zoar com os outros com as piadas batidas que leu nas redes sociais.

Essa repetição criou uma certa antipatia de boa parte do público. Sabe quando o pessoal já torce a cara antes mesmo de assistir? É mais ou menos por aí. Porém, seu novo filme, Meio Grávida vem fazendo um relativo sucesso na Netflix, o que poderia indicar uma reviravolta na carreira da atriz. Mas, infelizmente, não é o caso. O longa repete os mesmos filões de outros projetos dela, só que em momento algum arrisca a ser engraçado.

A história acompanha uma professora de escola que termina um namoro após receber uma proposta completamente indecente do sem-noção. Para piorar as coisas, as mulheres ao seu redor estão engravidando, afundando a coitada na frustração e na inveja. Então, após perceber que as pessoas tratavam melhor as amigas grávidas, ela pega uma barriga falsa e começa a forjar uma gravidez. O filme poderia aproveitar essa chance para tentar desenvolver uma crítica sobre a pressão social para as mulheres engravidarem, mas só faz isso na primeira cena. O resto dos 40 minutos iniciais são uma repetição extremamente incômoda e sem graça da piada: “ela está grávida ou só está gorda?”.

Após mais um caminhão de piadas repetidas – e sem graça -, o longa descamba para desenvolver uma amizade entre ela e uma mãe que está indo para o segundo filho. Por obra do destino, acaba que ela se apaixona pelo irmão da moça, que é interpretado pelo Will Forte. E se a Amy está vivendo essa maré de filmes ruins, o mesmo pode ser dito do Will. O coitado tem enfileirado projetos tenebrosos de ruins. Filmes que se autodeclaram comédias, mas esquecem de fazer rir.

E fazer comédia é muito difícil. Por isso que os grandes humoristas do cinema são tão louvados. O que é engraçado para um pode não ser para o outro, mas Meio Grávida parece ser unanimidade. É um tipo de humor que não agrada a galera do humor mais leve ao mesmo tempo que não chega nem perto de arrancar um risinho dos mais chegados ao humor mais pesado, mais politicamente incorreto.

No fim das contas, é um filme grosseiro. E isso complica bastante, porque é uma proposta com muito a ser debatido. A gravidez, por mais natural que seja, ainda é tratada como tabu por grande parte da sociedade. E ter um longa protagonizado por mulheres poderia ser um terreno fértil para brincar com situações que causassem o famoso humor de identificação em mulheres grávidas ou casais vivenciando essa fase da vida. Ainda mais depois da própria Amy ter passado por situações complicadas após a gravidez. Entretanto, fica essa sensação de que o time criativo não trabalhou em um público alvo e tentou agradar ao máximo possível de pessoas. Até existe uma cena ou outra em que trabalham essas situações de identificação quanto ao processo de estar grávida, ao que nunca dão continuidade. São pitadas em meio a um monte de nada.

Assista nossa entrevista: 


E se tem uma receita para dar errado na comédia é tentar agradar todo mundo. O resultado é um filme insuportavelmente chato, com piadas batidas, atuações idiotas e forçadas, e um grande potencial desperdiçado. Como o humor não funciona, ele atravessa a linha do politicamente incorreto e termina sendo apenas grosseiro, cansativo e sem graça. O ano mal começou e já temos um fortíssimo candidato ao Framboesa de Ouro da temporada.

Meio Grávida está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Crítica 2 | ‘Meio Grávida’ – O verdadeiro parto é conseguir terminar de ver esse filme da Netflix

Existem atores no cinema que se eternizam ao interpretarem o mesmo papel em diferentes filmes. E isso não é um demérito, contanto que exerçam bem esse trabalho. O exemplo clássico da atualidade é o Chris Pratt, que faz versões dele mesmo, o cara bonachão e politicamente incorreto que demonstra ser um babaca de bom coração. Porém, de tanto repetir esse estereótipo, o ator já vem criando antipatia de parte do público.

Pode-se dizer que a humorista Amy Schumer sofre de um caso parecido, mas com o diferencial de nunca ter emplacado um sucesso nas telonas. Praticamente todos os seus filmes envolvem ela interpretando a mulher solteirona, que é viciada em sexo e foi renegada, tendo sofrido com a falta de amor dos pais, mas que está sempre a fim de curtir e zoar com os outros com as piadas batidas que leu nas redes sociais.

Essa repetição criou uma certa antipatia de boa parte do público. Sabe quando o pessoal já torce a cara antes mesmo de assistir? É mais ou menos por aí. Porém, seu novo filme, Meio Grávida vem fazendo um relativo sucesso na Netflix, o que poderia indicar uma reviravolta na carreira da atriz. Mas, infelizmente, não é o caso. O longa repete os mesmos filões de outros projetos dela, só que em momento algum arrisca a ser engraçado.

A história acompanha uma professora de escola que termina um namoro após receber uma proposta completamente indecente do sem-noção. Para piorar as coisas, as mulheres ao seu redor estão engravidando, afundando a coitada na frustração e na inveja. Então, após perceber que as pessoas tratavam melhor as amigas grávidas, ela pega uma barriga falsa e começa a forjar uma gravidez. O filme poderia aproveitar essa chance para tentar desenvolver uma crítica sobre a pressão social para as mulheres engravidarem, mas só faz isso na primeira cena. O resto dos 40 minutos iniciais são uma repetição extremamente incômoda e sem graça da piada: “ela está grávida ou só está gorda?”.

Após mais um caminhão de piadas repetidas – e sem graça -, o longa descamba para desenvolver uma amizade entre ela e uma mãe que está indo para o segundo filho. Por obra do destino, acaba que ela se apaixona pelo irmão da moça, que é interpretado pelo Will Forte. E se a Amy está vivendo essa maré de filmes ruins, o mesmo pode ser dito do Will. O coitado tem enfileirado projetos tenebrosos de ruins. Filmes que se autodeclaram comédias, mas esquecem de fazer rir.

E fazer comédia é muito difícil. Por isso que os grandes humoristas do cinema são tão louvados. O que é engraçado para um pode não ser para o outro, mas Meio Grávida parece ser unanimidade. É um tipo de humor que não agrada a galera do humor mais leve ao mesmo tempo que não chega nem perto de arrancar um risinho dos mais chegados ao humor mais pesado, mais politicamente incorreto.

No fim das contas, é um filme grosseiro. E isso complica bastante, porque é uma proposta com muito a ser debatido. A gravidez, por mais natural que seja, ainda é tratada como tabu por grande parte da sociedade. E ter um longa protagonizado por mulheres poderia ser um terreno fértil para brincar com situações que causassem o famoso humor de identificação em mulheres grávidas ou casais vivenciando essa fase da vida. Ainda mais depois da própria Amy ter passado por situações complicadas após a gravidez. Entretanto, fica essa sensação de que o time criativo não trabalhou em um público alvo e tentou agradar ao máximo possível de pessoas. Até existe uma cena ou outra em que trabalham essas situações de identificação quanto ao processo de estar grávida, ao que nunca dão continuidade. São pitadas em meio a um monte de nada.

E se tem uma receita para dar errado na comédia é tentar agradar todo mundo. O resultado é um filme insuportavelmente chato, com piadas batidas, atuações idiotas e forçadas, e um grande potencial desperdiçado. Como o humor não funciona, ele atravessa a linha do politicamente incorreto e termina sendo apenas grosseiro, cansativo e sem graça. O ano mal começou e já temos um fortíssimo candidato ao Framboesa de Ouro da temporada.

Meio Grávida está disponível na Netflix.

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