terça-feira , 3 dezembro , 2024

Crítica | Abigail – Melissa Barrera e Alisha Weir roubam a cena no divertido e SANGRENTO terror

Filmes de vampiros soam como uma faca de dois gumes. Desde o início da sétima arte, diversas narrativas foram centradas nessas incríveis criaturas mitológicas, como por exemplo com o clássico e revolucionário ‘Nosferatu’, pautando um diagrama que serviria de base para inúmeros títulos com o passar das décadas. E, apesar de chamarem a atenção do público, é notável como algumas produções não conseguem se desvencilhar de enredos clichês e atuações medíocres, emergindo como projetos pedantes demais para serem levados a sério e clichês demais para trazerem qualquer coisa de original ao gênero. Felizmente, esse não é o caso de Abigail, nova atração da Universal Pictures que, ao longo de quase duas horas, se sagra como um dos títulos mais divertidos de 2024.

A trama acompanha um grupo de sequestradores que esquadrinha um plano para raptar a jovem filha de um magnata, levá-la a um casarão escondido e pedir por uma grande quantia para que ela seja entregue sã e salva. O que eles não imaginavam é que a garota, que empresta seu nome ao título do longa-metragem, é uma vampira sedenta por sangue e que irá caçá-los um por um até que não sobre ninguém. Obviamente, a história arquitetada pelos roteiristas Stephen Shields e Guy Busick é familiar a inúmeras outras que já vimos nas telonas – puxando inspirações, por exemplo, do jogo de “gato-e-rato” do recente ‘A Última Viagem do Deméter’ -, mas é a honestidade e a simplicidade com que o enredo é tratado que nos faz comprar essa insana e sangrenta viagem.



O projeto é comandado por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, uma dupla de cineastas que já vêm deixando uma marca bastante significativa no escopo do horror contemporâneo. Os diretores, conhecidos por seu trabalho nos últimos dois filmes da franquia ‘Pânico’ e no aclamado ‘Casamento Sangrento’, têm uma habilidade incrível de navegar entre o terror e a comédia com uma paixão fervorosa – e é claro que não deixariam de fazer algo similar com Abigail. Cada sequência é pensada com cautela, mas sem se engessar em um determinado tipo de estética e abrindo espaço para uma mistura convincente de estilos cênicos, desde breves menções ao expressionismo alemão, passando pelo terror psicológico e, como poderíamos esperar, apoiando-se no gore e no slasher. Mais do que isso, Bettinelli-Olpin e Gillett prestam homenagens a títulos que já encabeçaram em um passado não muito distante, como se estivessem construindo uma espécie de “universo cinemático”.

Enquanto não podemos deixar de mencionar certas escolhas previsíveis demais para a condução da história, a dupla tenta ofuscar os pontuais deslizes do projeto com uma caprichosa técnica que auxilia na construção de cada um dos personagens. De um lado, há uma preparação de câmera que preza por uma simetria angustiante, seja nas cenas em que Abigail (Alisha Weir) denota sua carreira como bailarina, seja nos momentos mais dramáticos em que o condenável passado dos outros protagonistas é-nos revelado em uma tentativa de desconstruí-los como vilões ou anti-heróis. Não é surpresa que a fotografia de Aaron Morton preze por uma mescla entre a atemporalidade de tons amarronzados e o anacronismo das cores amareladas dentro da mansão, engendrando um labiríntico espectro do qual não há escapatória.

Acompanhando essa instigante história, temos um elenco de peso cuja química resplandece as telonas. Weir, interpretando a personagem-título, demonstra ter potencial para se transmutar em uma das maiores atrizes da nova geração; afinal, ela participou da adaptação musical de ‘Matilda’, da Netflix, em uma adorável e envolvente performance, apenas para mostrar um novo lado de sua versatilidade como a antagonista, posando como uma inocente criança que, na verdade, é ardilosa em todos os aspectos. Melissa Barrera, retomando sua colaboração com Bettinelli-Olpin e Gillett, se reitera como uma das icônicas scream queens da atualidade, pegando páginas emprestadas de seu tempo como Sam Carpenter em ‘Pânico’ e adornando a impavidez taciturna de Joey com camadas que são exploradas ato após ato.

Outros nomes que nos chamam a atenção são Dan Stevens como o corrupto policial Frank em uma de suas melhores atuações – e dando vida a um antagonista odioso e que auxilia na construção do ritmo e das reviravoltas. Giancarlo Esposito, apesar de não ter tanto tempo de cena, é uma boa adição ao elenco, mantendo escondido as verdadeiras intenções até o bloco de encerramento da produção, enquanto Kathryn Newton e Kevin Durand desfrutam de um obsessivo entrosamento ao interpretarem Sammy e Peter, respectivamente, e trazendo ótimos momentos de quebra de expectativa e de escapes cômicos que desmontam o purismo atmosférico do terror.

Mesmo com equívocos amadores que despontam aqui e ali, Abigail é uma bem-vinda surpresa que se mantém fiel à própria essência do começo ao fim – cumprindo com o objetivo apresentado em meio aos vários materiais promoiconais e garantindo ao público um espetáculo regado a sangue, jumpscares e sólidas atuações.

Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica | Abigail – Melissa Barrera e Alisha Weir roubam a cena no divertido e SANGRENTO terror

Filmes de vampiros soam como uma faca de dois gumes. Desde o início da sétima arte, diversas narrativas foram centradas nessas incríveis criaturas mitológicas, como por exemplo com o clássico e revolucionário ‘Nosferatu’, pautando um diagrama que serviria de base para inúmeros títulos com o passar das décadas. E, apesar de chamarem a atenção do público, é notável como algumas produções não conseguem se desvencilhar de enredos clichês e atuações medíocres, emergindo como projetos pedantes demais para serem levados a sério e clichês demais para trazerem qualquer coisa de original ao gênero. Felizmente, esse não é o caso de Abigail, nova atração da Universal Pictures que, ao longo de quase duas horas, se sagra como um dos títulos mais divertidos de 2024.

A trama acompanha um grupo de sequestradores que esquadrinha um plano para raptar a jovem filha de um magnata, levá-la a um casarão escondido e pedir por uma grande quantia para que ela seja entregue sã e salva. O que eles não imaginavam é que a garota, que empresta seu nome ao título do longa-metragem, é uma vampira sedenta por sangue e que irá caçá-los um por um até que não sobre ninguém. Obviamente, a história arquitetada pelos roteiristas Stephen Shields e Guy Busick é familiar a inúmeras outras que já vimos nas telonas – puxando inspirações, por exemplo, do jogo de “gato-e-rato” do recente ‘A Última Viagem do Deméter’ -, mas é a honestidade e a simplicidade com que o enredo é tratado que nos faz comprar essa insana e sangrenta viagem.

O projeto é comandado por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, uma dupla de cineastas que já vêm deixando uma marca bastante significativa no escopo do horror contemporâneo. Os diretores, conhecidos por seu trabalho nos últimos dois filmes da franquia ‘Pânico’ e no aclamado ‘Casamento Sangrento’, têm uma habilidade incrível de navegar entre o terror e a comédia com uma paixão fervorosa – e é claro que não deixariam de fazer algo similar com Abigail. Cada sequência é pensada com cautela, mas sem se engessar em um determinado tipo de estética e abrindo espaço para uma mistura convincente de estilos cênicos, desde breves menções ao expressionismo alemão, passando pelo terror psicológico e, como poderíamos esperar, apoiando-se no gore e no slasher. Mais do que isso, Bettinelli-Olpin e Gillett prestam homenagens a títulos que já encabeçaram em um passado não muito distante, como se estivessem construindo uma espécie de “universo cinemático”.

Enquanto não podemos deixar de mencionar certas escolhas previsíveis demais para a condução da história, a dupla tenta ofuscar os pontuais deslizes do projeto com uma caprichosa técnica que auxilia na construção de cada um dos personagens. De um lado, há uma preparação de câmera que preza por uma simetria angustiante, seja nas cenas em que Abigail (Alisha Weir) denota sua carreira como bailarina, seja nos momentos mais dramáticos em que o condenável passado dos outros protagonistas é-nos revelado em uma tentativa de desconstruí-los como vilões ou anti-heróis. Não é surpresa que a fotografia de Aaron Morton preze por uma mescla entre a atemporalidade de tons amarronzados e o anacronismo das cores amareladas dentro da mansão, engendrando um labiríntico espectro do qual não há escapatória.

Acompanhando essa instigante história, temos um elenco de peso cuja química resplandece as telonas. Weir, interpretando a personagem-título, demonstra ter potencial para se transmutar em uma das maiores atrizes da nova geração; afinal, ela participou da adaptação musical de ‘Matilda’, da Netflix, em uma adorável e envolvente performance, apenas para mostrar um novo lado de sua versatilidade como a antagonista, posando como uma inocente criança que, na verdade, é ardilosa em todos os aspectos. Melissa Barrera, retomando sua colaboração com Bettinelli-Olpin e Gillett, se reitera como uma das icônicas scream queens da atualidade, pegando páginas emprestadas de seu tempo como Sam Carpenter em ‘Pânico’ e adornando a impavidez taciturna de Joey com camadas que são exploradas ato após ato.

Outros nomes que nos chamam a atenção são Dan Stevens como o corrupto policial Frank em uma de suas melhores atuações – e dando vida a um antagonista odioso e que auxilia na construção do ritmo e das reviravoltas. Giancarlo Esposito, apesar de não ter tanto tempo de cena, é uma boa adição ao elenco, mantendo escondido as verdadeiras intenções até o bloco de encerramento da produção, enquanto Kathryn Newton e Kevin Durand desfrutam de um obsessivo entrosamento ao interpretarem Sammy e Peter, respectivamente, e trazendo ótimos momentos de quebra de expectativa e de escapes cômicos que desmontam o purismo atmosférico do terror.

Mesmo com equívocos amadores que despontam aqui e ali, Abigail é uma bem-vinda surpresa que se mantém fiel à própria essência do começo ao fim – cumprindo com o objetivo apresentado em meio aos vários materiais promoiconais e garantindo ao público um espetáculo regado a sangue, jumpscares e sólidas atuações.

Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS