quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Meu Nome é Gal – Cinebiografia de Gal Costa Foca na Origem dos Tropicalistas [Festival do Rio 2023]

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Gal Costa foi sem dúvidas uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos. Com uma voz doce, olhos marcantes e cabelos volumosos, suas canções embalaram três gerações de brasileiros – pais, avós e netos cantando, através de suas músicas, os desejos por um país mais justo. Após ganhar um documentário sobre sua vida, a cantora baiana ganha agora, poucos meses após sua morte ano passado, uma cinebiografia de ficção que chega a partir de hoje nos cinemas brasileiros, com o título ‘Meu Nome é Gal’.



Maria da Graça (Sophie Charlotte) tinha um sonho: cantar. Com seus amigos tendo se mudado para o Rio de Janeiro, a jovem decide deixar sua vida na capital baiana para ir encontrar Caetano (Rodrigo Lelis), Gil (João Gil) e Bethânia (Dandara Ferreira) na capital fluminense. Uma vez lá percebe que a vida no centro urbano é completamente diferente daquilo que imaginava, indo morar numa espécie de república com vários artistas, onde travou amizade com outros músicos. Assim consegue suas primeiras oportunidades em estúdio por intermédio de seu amigo Caetano e de seu mais novo agente, Guilherme Araújo (Luís Lobianco), que lhe dá seu nome artístico: Gal Costa. Porém, os anos de chumbo da ditadura estão colocando todo o país sob controle, afetando as produções e manifestações artísticas. Com o regime militar sendo cada vez mais rígido, Gal precisará tomar uma posição política com relação aos acontecimentos.

Mesmo em se tratando de uma cinebiografia há de se levar em conta que para contar a vida de alguém é necessário se fazer recortes, que acabam deixando de fora, muitas vezes, fatos importantes da vida do biografado. Em ‘Meu Nome é Gal’ o recorte do roteiro de Ricky Hiraoka e Lô Politi foca na mudança de Gal de Salvador para o Rio, seu contato com seus amigos conterrâneos, a formação daquilo que mais tarde seriam os Tropicalistas e a perseguição política a Caetano e Gil por conta de seus posicionamentos públicos com relação ao regime militar. Até por conta disso esta que deveria ser uma cinebiografia de Gal Costa acaba, por fim, se tornando um filme sobre os Tropicalistas pelo ponto de vista de Gal. Nesse sentido, Caetano e Gil têm muito mais participação ativa nos acontecimentos do que a biografada, que parece o tempo todo ser uma observadora dos fatos.

Sophie Charlotte alcança a doçura de Gal Costa nos gestos e na voz suave que imprime no longa. Gal Costa foi uma mulher que pisou manso na Terra e Sophie conseguiu entender isso sobre a biografada. Luís Lobianco se destaca com falas inteligentes e afiadas, brilhando em comicidade nos momentos de tensão, bem como o jovem ator Rodrigo Lelis, que, por interpretar Caetano, impressiona pela semelhança física e pela forma como conseguiu se fundir ao personagem.

Menos musical do que o esperado, ‘Meu Nome é Gal’ conta apenas um trecho da vida de Gal Costa, e não toda a sua jornada como cantora, seja antes ou depois dos anos de chumbo. Bem ambientado e com um design de produção afiado, o longa introduz a vida de Gal Costa para as novas gerações que mesmo hoje continuam a se espelhar naquele grupo de amigos músicos que inspiraram aos nossos pais e avós e cujas músicas até hoje ecoam as vozes dos corações jovens.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Gal Costa foi sem dúvidas uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos. Com uma voz doce, olhos marcantes e cabelos volumosos, suas canções embalaram três gerações de brasileiros – pais, avós e netos cantando, através de suas músicas, os desejos por um país mais justo. Após ganhar um documentário sobre sua vida, a cantora baiana ganha agora, poucos meses após sua morte ano passado, uma cinebiografia de ficção que chega a partir de hoje nos cinemas brasileiros, com o título ‘Meu Nome é Gal’.

Maria da Graça (Sophie Charlotte) tinha um sonho: cantar. Com seus amigos tendo se mudado para o Rio de Janeiro, a jovem decide deixar sua vida na capital baiana para ir encontrar Caetano (Rodrigo Lelis), Gil (João Gil) e Bethânia (Dandara Ferreira) na capital fluminense. Uma vez lá percebe que a vida no centro urbano é completamente diferente daquilo que imaginava, indo morar numa espécie de república com vários artistas, onde travou amizade com outros músicos. Assim consegue suas primeiras oportunidades em estúdio por intermédio de seu amigo Caetano e de seu mais novo agente, Guilherme Araújo (Luís Lobianco), que lhe dá seu nome artístico: Gal Costa. Porém, os anos de chumbo da ditadura estão colocando todo o país sob controle, afetando as produções e manifestações artísticas. Com o regime militar sendo cada vez mais rígido, Gal precisará tomar uma posição política com relação aos acontecimentos.

Mesmo em se tratando de uma cinebiografia há de se levar em conta que para contar a vida de alguém é necessário se fazer recortes, que acabam deixando de fora, muitas vezes, fatos importantes da vida do biografado. Em ‘Meu Nome é Gal’ o recorte do roteiro de Ricky Hiraoka e Lô Politi foca na mudança de Gal de Salvador para o Rio, seu contato com seus amigos conterrâneos, a formação daquilo que mais tarde seriam os Tropicalistas e a perseguição política a Caetano e Gil por conta de seus posicionamentos públicos com relação ao regime militar. Até por conta disso esta que deveria ser uma cinebiografia de Gal Costa acaba, por fim, se tornando um filme sobre os Tropicalistas pelo ponto de vista de Gal. Nesse sentido, Caetano e Gil têm muito mais participação ativa nos acontecimentos do que a biografada, que parece o tempo todo ser uma observadora dos fatos.

Sophie Charlotte alcança a doçura de Gal Costa nos gestos e na voz suave que imprime no longa. Gal Costa foi uma mulher que pisou manso na Terra e Sophie conseguiu entender isso sobre a biografada. Luís Lobianco se destaca com falas inteligentes e afiadas, brilhando em comicidade nos momentos de tensão, bem como o jovem ator Rodrigo Lelis, que, por interpretar Caetano, impressiona pela semelhança física e pela forma como conseguiu se fundir ao personagem.

Menos musical do que o esperado, ‘Meu Nome é Gal’ conta apenas um trecho da vida de Gal Costa, e não toda a sua jornada como cantora, seja antes ou depois dos anos de chumbo. Bem ambientado e com um design de produção afiado, o longa introduz a vida de Gal Costa para as novas gerações que mesmo hoje continuam a se espelhar naquele grupo de amigos músicos que inspiraram aos nossos pais e avós e cujas músicas até hoje ecoam as vozes dos corações jovens.

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