sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Meu Querido Zelador – 3ªTemporada Desconfigura Protagonista Para Outras Vertentes

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Em 2022, a Argentina foi inundada por uma onda chamada ‘Meu Querido Zelador’ – que, originalmente, naquele país se chama ‘El Encargado’. Trata-se de uma série de humor ácido inteligentíssima, que, de imediato, conquistou o grande público portenho e simplesmente se tornou a série mais vista daquele país. E é uma série argentina. O motivo? Bom, talvez porque se tratasse de uma briga que acompanha a história da humanidade desde sempre: a batalha entre os menos providos versus os mais abastados. Em outras palavras, a defesa pelos ideais do povo versus os interesses dos ricos – que, no caso da série, era configurada através do personagem de um porteiro contra um condomínio. Após uma primeira temporada de muito sucesso e uma segunda parte agradável, a terceira temporada da série de humor dramáticoMeu Querido Zelador’, disponível na DisneyPlus, tem fim na próxima semana, mas foi por um caminho totalmente diferente.

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Após engavetar a disputa pela piscina no condomínio e de fazer com que a ativista Lucila Morris (María Abadi) se mudasse, Eliseo (Guillermo Francella, de ‘O Segredo dos Seus Olhos’) agora é o feliz proprietário do antigo apartamento de Beba (Pochi Ducasse), além de morar no apartamento alugado pelo consórcio reservado ao zelador do prédio. Porém, quando recebe um convite para ir ao Rio de Janeiro para uma convenção internacional de zeladores, Eliseo percebe ali que os zeladores do mundo todo só querem reclamar, sem estarem dispostos a seguir com asseio e conduta no trabalho. Indignado, Eliseo volta ao prédio determinado a abrir sua própria empresa de fornecimento de zeladores diaristas, o que faria com que os condomínios economizassem bastante dinheiro. Porém, para fazer sua empresa prosperar, ele deverá estimular que cada porteiro dos prédios arredores peça demissão, nem que seja na marra.

Se no início da série o público sentia empatia e até torcia pelo protagonista, que seria despejado para dar espaço aos caprichos dos moradores ricos, agora na terceira temporada Eliseo foi totalmente reconfigurado; sem uma motivação para defender o personagem, o roteiro de Gastón Duprat, Mariano Cohn e Jerónimo Carranza transformou o Robin Hood injustiçado em um psicopata egocêntrico e maníaco que, com insaciável fome por poder, só quer saber de si mesmo. Se antes era Eliseo versus o sistema (capitalista, imobiliário etc), agora o protagonista é absorvido e se transforma no próprio sistema, usando-o a seu favor.

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meu querido zelador

Mesmo que a crítica social ainda esteja presente ao longo dos sete episódios da terceira temporada (à uberização dos empregos e a reconfiguração do trabalho em microempresas ocupacionais) e que os traços de vaidade e psicopatia tenham estado presente nas temporadas anteriores, a forma e a justificativa que vão permeando a história faz com que, ao contrário, o protagonista não seja mais o herói do enredo e o espectador se espelhe mais nos condôminos – só que, porém, por meio de artimanhas não éticas e de muita grosseria gratuita.

A terceira temporada de ‘Meu Querido Zelador’ é bem dirigida e até bem escrita, mas transformou tanto a história e a levou para um outro lugar tão diferente do seu ponto de partida, que deixa a sensação de já não ser mais o que o espectador se propôs a assistir. Ao menos entrega um fechamento definitivo ao arco desta que deve (e poderia ser) a última temporada da série.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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1.86.0 jhgfhoapyt5g4se7ywq3nqkmg4.0.1 5

Após engavetar a disputa pela piscina no condomínio e de fazer com que a ativista Lucila Morris (María Abadi) se mudasse, Eliseo (Guillermo Francella, de ‘O Segredo dos Seus Olhos’) agora é o feliz proprietário do antigo apartamento de Beba (Pochi Ducasse), além de morar no apartamento alugado pelo consórcio reservado ao zelador do prédio. Porém, quando recebe um convite para ir ao Rio de Janeiro para uma convenção internacional de zeladores, Eliseo percebe ali que os zeladores do mundo todo só querem reclamar, sem estarem dispostos a seguir com asseio e conduta no trabalho. Indignado, Eliseo volta ao prédio determinado a abrir sua própria empresa de fornecimento de zeladores diaristas, o que faria com que os condomínios economizassem bastante dinheiro. Porém, para fazer sua empresa prosperar, ele deverá estimular que cada porteiro dos prédios arredores peça demissão, nem que seja na marra.

Se no início da série o público sentia empatia e até torcia pelo protagonista, que seria despejado para dar espaço aos caprichos dos moradores ricos, agora na terceira temporada Eliseo foi totalmente reconfigurado; sem uma motivação para defender o personagem, o roteiro de Gastón Duprat, Mariano Cohn e Jerónimo Carranza transformou o Robin Hood injustiçado em um psicopata egocêntrico e maníaco que, com insaciável fome por poder, só quer saber de si mesmo. Se antes era Eliseo versus o sistema (capitalista, imobiliário etc), agora o protagonista é absorvido e se transforma no próprio sistema, usando-o a seu favor.

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Mesmo que a crítica social ainda esteja presente ao longo dos sete episódios da terceira temporada (à uberização dos empregos e a reconfiguração do trabalho em microempresas ocupacionais) e que os traços de vaidade e psicopatia tenham estado presente nas temporadas anteriores, a forma e a justificativa que vão permeando a história faz com que, ao contrário, o protagonista não seja mais o herói do enredo e o espectador se espelhe mais nos condôminos – só que, porém, por meio de artimanhas não éticas e de muita grosseria gratuita.

A terceira temporada de ‘Meu Querido Zelador’ é bem dirigida e até bem escrita, mas transformou tanto a história e a levou para um outro lugar tão diferente do seu ponto de partida, que deixa a sensação de já não ser mais o que o espectador se propôs a assistir. Ao menos entrega um fechamento definitivo ao arco desta que deve (e poderia ser) a última temporada da série.

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