segunda-feira , 31 março , 2025

Crítica | Miley Cyrus abre uma nova e ambiciosa era com as faixas “Prelude” e “Something Beautiful”


“Como testemunhar meu corpo em frente a um espelho, ansiando para ser visto”.

Após ter se desvinculado totalmente da imagem imortalizada com o alter-ego Hannah MontanaMiley Cyrus percebeu que tinha todo o controle possível para fazer o que bem entendesse em relação à sua carreira musical. Navegando pelos propositais exageros do synth-pop com ‘Bangerz’, pelo apreço do rock em ‘Plastic Hearts’ e pelo amadurecimento lírico de ‘Endless Summer Vacation’, a cantora e compositora sempre fez questão de reiterar seu importante status no cenário fonográfico – colhendo frutos de um legado que a coloca em patamar similar a nomes como Lady GagaChristina Aguilera e tantos outros.



Mencionada como a “camaleoa do pop“, Cyrus nunca deixou de explorar inúmeros gêneros ao longo de sua prolífica carreira – recentemente mergulhando de cabeça no country para um premiado dueto ao lado de Beyoncé“II Most Wanted”, que lhe garantiu sua terceira estatueta do Grammy Awards. Mas, agora, chegou a hora de abrir uma nova e ambiciosa era, intitulada Something Beautiful e cujo lançamento está agendado para o dia 30 de maio. O anúncio do antecipado álbum já veio acompanhado de várias novidades, incluindo um filme musical cujos designs vinham nos sendo mostrados através de teasers e fotos profissionais.

Qual foi nossa surpresa quando, no dia de hoje (31), Cyrus presenteou seus fãs com duas pequenas joias que abrem o compilado de originais: a primeira delas, dando o tom conceitual da produção, é intitulada “Prelude” e traz a performer recitando um poderoso poema de autoafirmação e de autodescoberta que clama pela visibilidade e pela liberdade, à medida que entende a efemeridade de coisas que não vieram para ficar (“como quando, segurando um punhado de cinzas, suas mãos não conseguem salvar aquilo que já dissolveu no ar”). Exaltando a necessidade de uma beleza que merece ser compartilhada, por mais difícil que seja de encontrar, Cyrus é envolta em um poderoso synth-pop oitentista que se materializa em uma sinestesia melancólica e onírica, nos convidando para uma jornada preparada pelas mãos habilidosas de um ávido time artístico.

Na faixa-titular, lançada poucas horas depois de um impactante prelúdio, Cyrus mostra que não pretende seguir os passos de seu disco anterior, deixando de lado as incursões mercadológicas do dance e do pop e apostando fichas em um projeto inspirado pelo clássico ‘The Wall’, da banda inglesa Pink Floyd. E, se o constructo principal desse icônico grupo de rock foi o isolamento social, é bem provável que o álbum discorra sobre a queda desse muro de separação conforme discorre sobre um arco de cura e libertação.


track homônima não se enquadra com precisão em nenhum gênero – e esse é seu maior aspecto de beleza. Something Beautiful se inicia como uma balada romântica e sentimental, movida por vocais sutis e, ao mesmo tempo, poderosos dentro de uma circunspecção invejável, cujos marcantes elementos do baixo, do saxofone e da bateria se amalgamam em um delicioso e sensual soul (guiado por versos como “diga-me algo bonito esta noite, até seus lábios ficarem azuis”). E, se o processo de cura adotado por Cyrus é caótico, ela não perderia a chance de traduzir algo tão íntimo e pessoal para a canção – deixando que ela exploda em uma mistura de Chelsea WolfeSt. Vincent através de vocais distorcidos e riffs de guitarra próprios do art-rock e do rock progressivo que as livram de amarras há muito impedindo-a de ser quem é.

Ambas as produções contam com uma equipe talentosa, responsável tanto pelos versos quanto pelos arranjos instrumentais e a pós-produção – e, afastando-se totalmente de incursões anteriores, não ficaria surpreso se pessoas reclamassem da falta de apelo comercial dessa interessante era. Afinal, assim como Pink Floyd no final da década de 70, Cyrus pode vir a enfrentar críticas vazias de uma falsa pretensão que, na verdade, é apenas reflexo de um âmago honesto que age em seus próprios ímpetos. E que melhor maneira de dar início a essa era que remar contra as expectativas?

Lembrando que “Prelude”Something Beautiful já estão disponíveis nas plataformas de streaming.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Mencionada como a “camaleoa do pop“, Cyrus nunca deixou de explorar inúmeros gêneros ao longo de sua prolífica carreira – recentemente mergulhando de cabeça no country para um premiado dueto ao lado de Beyoncé“II Most Wanted”, que lhe garantiu sua terceira estatueta do Grammy Awards. Mas, agora, chegou a hora de abrir uma nova e ambiciosa era, intitulada Something Beautiful e cujo lançamento está agendado para o dia 30 de maio. O anúncio do antecipado álbum já veio acompanhado de várias novidades, incluindo um filme musical cujos designs vinham nos sendo mostrados através de teasers e fotos profissionais.

Qual foi nossa surpresa quando, no dia de hoje (31), Cyrus presenteou seus fãs com duas pequenas joias que abrem o compilado de originais: a primeira delas, dando o tom conceitual da produção, é intitulada “Prelude” e traz a performer recitando um poderoso poema de autoafirmação e de autodescoberta que clama pela visibilidade e pela liberdade, à medida que entende a efemeridade de coisas que não vieram para ficar (“como quando, segurando um punhado de cinzas, suas mãos não conseguem salvar aquilo que já dissolveu no ar”). Exaltando a necessidade de uma beleza que merece ser compartilhada, por mais difícil que seja de encontrar, Cyrus é envolta em um poderoso synth-pop oitentista que se materializa em uma sinestesia melancólica e onírica, nos convidando para uma jornada preparada pelas mãos habilidosas de um ávido time artístico.

Na faixa-titular, lançada poucas horas depois de um impactante prelúdio, Cyrus mostra que não pretende seguir os passos de seu disco anterior, deixando de lado as incursões mercadológicas do dance e do pop e apostando fichas em um projeto inspirado pelo clássico ‘The Wall’, da banda inglesa Pink Floyd. E, se o constructo principal desse icônico grupo de rock foi o isolamento social, é bem provável que o álbum discorra sobre a queda desse muro de separação conforme discorre sobre um arco de cura e libertação.

track homônima não se enquadra com precisão em nenhum gênero – e esse é seu maior aspecto de beleza. Something Beautiful se inicia como uma balada romântica e sentimental, movida por vocais sutis e, ao mesmo tempo, poderosos dentro de uma circunspecção invejável, cujos marcantes elementos do baixo, do saxofone e da bateria se amalgamam em um delicioso e sensual soul (guiado por versos como “diga-me algo bonito esta noite, até seus lábios ficarem azuis”). E, se o processo de cura adotado por Cyrus é caótico, ela não perderia a chance de traduzir algo tão íntimo e pessoal para a canção – deixando que ela exploda em uma mistura de Chelsea WolfeSt. Vincent através de vocais distorcidos e riffs de guitarra próprios do art-rock e do rock progressivo que as livram de amarras há muito impedindo-a de ser quem é.

Ambas as produções contam com uma equipe talentosa, responsável tanto pelos versos quanto pelos arranjos instrumentais e a pós-produção – e, afastando-se totalmente de incursões anteriores, não ficaria surpreso se pessoas reclamassem da falta de apelo comercial dessa interessante era. Afinal, assim como Pink Floyd no final da década de 70, Cyrus pode vir a enfrentar críticas vazias de uma falsa pretensão que, na verdade, é apenas reflexo de um âmago honesto que age em seus próprios ímpetos. E que melhor maneira de dar início a essa era que remar contra as expectativas?

Lembrando que “Prelude”Something Beautiful já estão disponíveis nas plataformas de streaming.

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