domingo , 17 novembro , 2024

Crítica | Miley Cyrus e Dua Lipa encarnam The Runaways no frustrante single disco-punk “Prisoner”

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Miley Cyrus elevou nossas expectativas a níveis indescrítiveis quando mergulhou de cabeça nos anos 1980 com “Midnight Sky”, lead single de seu vindouro e aguardado álbum Plastic Hearts, que será lançado no próximo dia 27 de novembro em todas as plataformas digitais.

Resgatando, da mesma maneira que diversos outros artistas neste ano, a essência gritante e vibrante das últimas décadas do século passado, Cyrus abria as páginas de um novo capítulo de sua carreira, prestando homenagens aos icônicos nomes que influenciaram sua carreira – Joan Jett, Debbie Reynolds e muitas outras. E, para nos manter atentos à iminente estreia de seu próximo compilado de originais, ela se reuniu com Dua Lipa (dona de uma das obras mais aplaudidas de 2020, ‘Future Nostalgia’) para o nu-disco-punk “Prisoner”, uma relativamente sólida construção que nos frustra por um refrão sem vida e previsível.

Cyrus encontrou sua maturidade ainda quando nos apresentou ao subestimado Bangerz, mas não seria até o estouro de uma pandemia catastrófica que acharia sua verdadeira e potente voz num período não muito distante de nós. Já ficou bem óbvio que Plastic Hearts terá alusões saudosistas diversas ao longo de 12 faixas inéditas – e “Prisoner” não fica longe disso: a canção já começa com progressões oitentistas que nos arremessam de volta à lendária Olivia Newton-John e ao seu hino workout “Physical”.



Adornado com potentes sintetizadores que se estendem ao longo de quase três minutos, Cyrus está no auge de sua lírica pessoal, não pensando duas vezes antes de fazer críticas à sua própria vida e mostrar o dedo para quem lhe fez de prisioneira. Não é surpresa que ela e Dua, em um dos melhores videoclipes do ano, encarnem a dupla The Runaways com paixão sangrenta (literalmente), flertando uma com a outra enquanto fogem de seu passado e avançam ao futuro.

Entretanto, a perfeição dos versos com o instrumental synth-punk, aliado à bateria e ao longínquo baixo, é posta em xeque ao arquitetar um crescendo que, bem, não vai a lugar nenhum. É notável as incursões a que Cyrus se presta a dar ao público, mas se restringir a um exórdio já apresentado foi escolha arriscada – e eventualmente errônea, no final das contas. De qualquer forma, “Prisoner” passa longe de ser uma música ruim, e sim uma canção frustrante por não desejar ir mais longe do que poderia.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Resgatando, da mesma maneira que diversos outros artistas neste ano, a essência gritante e vibrante das últimas décadas do século passado, Cyrus abria as páginas de um novo capítulo de sua carreira, prestando homenagens aos icônicos nomes que influenciaram sua carreira – Joan Jett, Debbie Reynolds e muitas outras. E, para nos manter atentos à iminente estreia de seu próximo compilado de originais, ela se reuniu com Dua Lipa (dona de uma das obras mais aplaudidas de 2020, ‘Future Nostalgia’) para o nu-disco-punk “Prisoner”, uma relativamente sólida construção que nos frustra por um refrão sem vida e previsível.

Cyrus encontrou sua maturidade ainda quando nos apresentou ao subestimado Bangerz, mas não seria até o estouro de uma pandemia catastrófica que acharia sua verdadeira e potente voz num período não muito distante de nós. Já ficou bem óbvio que Plastic Hearts terá alusões saudosistas diversas ao longo de 12 faixas inéditas – e “Prisoner” não fica longe disso: a canção já começa com progressões oitentistas que nos arremessam de volta à lendária Olivia Newton-John e ao seu hino workout “Physical”.

Adornado com potentes sintetizadores que se estendem ao longo de quase três minutos, Cyrus está no auge de sua lírica pessoal, não pensando duas vezes antes de fazer críticas à sua própria vida e mostrar o dedo para quem lhe fez de prisioneira. Não é surpresa que ela e Dua, em um dos melhores videoclipes do ano, encarnem a dupla The Runaways com paixão sangrenta (literalmente), flertando uma com a outra enquanto fogem de seu passado e avançam ao futuro.

Entretanto, a perfeição dos versos com o instrumental synth-punk, aliado à bateria e ao longínquo baixo, é posta em xeque ao arquitetar um crescendo que, bem, não vai a lugar nenhum. É notável as incursões a que Cyrus se presta a dar ao público, mas se restringir a um exórdio já apresentado foi escolha arriscada – e eventualmente errônea, no final das contas. De qualquer forma, “Prisoner” passa longe de ser uma música ruim, e sim uma canção frustrante por não desejar ir mais longe do que poderia.

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