Miley Cyrus é, sem sombra de dúvida, uma das artistas mais únicas de sua geração.
A cantora e compositora começou sua carreira como Hannah Montana na série homônima do Disney Channel, conquistando o mundo e uma legião de fãs – até resolver deixar a persona de lado para se dedicar por completo a quem realmente era, abraçando o pop-rock, o country e o country-rock com paixão fervorosa. Depois de provar sua incrível versatilidade com o aclamado ‘Plastic Hearts’, que trouxe à tona suas raízes do rock e do dance-rock dos anos 1980, Cyrus decidiu que estava pronta para se reinventar mais uma vez – e cá estamos com o lançamento de “Flowers”, lead single do vindouro ‘Endless Summer Vacation’.
Em sua nova incursão, a artista decide deixar de lado a personagem que pintou no álbum anterior para apostar em algo mais minimalista e íntimo – uma investida interessante e que pode render grandes frutos à performer. Dessa forma, não é surpresa que a estrutura da canção se inicie com as melódicas e distantes notas de um poderoso baixo, dando estrutura para uma ótima rendição de Miley, que toma o tempo necessário para deixar que a música cresça e mergulhe de cabeça em um nostálgico refrão, regado a mensagens de bonança e de empoderamento.
Cyrus não apenas presta homenagem óbvia a Bruno Mars ao pegar emprestado um sample de “When I Was Your Man”, mas transmuta os familiares acordes em algo totalmente seu, banhado a uma idiossincrasia envolvente que reitera o motivo de gostarmos tanto da cantora. Mais do que isso, ela se diverte no videoclipe, se exercitando, dançando e fazendo o que bem entende à medida que as múltiplas camadas de voz se aglutinam em uma sinestésica (e breve) jornada. “Eu posso me amar melhor do que você me ama” é o verso que sintetiza o liricismo da canção e parece servir como mote do novo álbum e o encerramento de um capítulo da vida de Miley que ela com certeza não quer de volta.
Para além dos belíssimos vocais, que demonstram mais um ótimo amadurecimento da artista, o que mais nos chama a atenção é a comedida e confiante produção: temos referências ao pop-rock dos anos 1970 e ao nu-disco dos anos 1980, pinceladas com a presença pontual de violinos e de um divertido sintetizador que ajuda a firmar essa instigante aventura sonora. Porém, para muito além disso, a produção funciona tem uma carga testamentária gigantesca e funciona como uma carta de amor às pessoas que sempre apoiaram Cyrus, não importa o que acontecesse: os fãs.
Ouça a música abaixo: