domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Minha Mãe é uma Peça 3 – Despedida chega na hora certa para Dona Hermínia

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Um é pouco, dois é bom, três…

Dizem que um raio não acerta o mesmo lugar duas vezes. No caso da franquia brasileira Minha Mãe é uma Peça este ditado se prova um engano, já que a continuação da comédia estrelada por Paulo Gustavo não apenas superou seu original, como ainda se tornou uma das maiores bilheterias de um filme nacional em nosso país. Podemos dizer que Minha Mãe é uma Peça 2 (2016) profissionalizou a brincadeira, adicionando inclusive elementos dramáticos mais pungentes.

Agora, a partir do dia 26 de dezembro nos cinemas de todo o país, chega o maior desafio de Dona Hermínia e companhia: ser relevante por uma terceira vez. E claro, engraçada – afinal, isso é o mais importante para o grande público. A história do cinema mundial nos ensinou que até podemos ter uma continuação que supere o original, mas quando se trata da terceira parte, dificilmente uma obra consegue ainda ter o vigor de seus antecessores.



Com roteiro dos mesmos Paulo Gustavo e Fil Braz dos filmes anteriores, Minha Mãe é uma Peça 3 parece não ter muito mais o que fazer com Dona Hermínia. Espertamente, mesmo que não ajude cem por cento o caso, a trama sabe disso e inclui o ostracismo da protagonista em sua história. A personagem interpretada por Gustavo sempre viveu em função dos filhos – que lhe davam grande trabalho – e das picuinhas com o ex-marido Carlos Alberto (Herson Capri). Mas o que resta quando estas questões são superadas, os filhos seguem seu rumo sem precisar da contínua intromissão da mãe e a convivência com o ex começa a surgir de forma pacífica?

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Este pode ser um sinal de aposentadoria para Dona Hermínia. Ao menos nas telonas. No desfecho, temos inúmeras dedicatórias de Paulo Gustavo para seus entes queridos, além da mãe, irmã e pai, também o companheiro e pai de seus filhos – que inclusive faz participação especial quando a protagonista viaja para os EUA (um dos trechos cômicos mais inspirados do longa). Estes relatos emotivos soam como possível despedida, e não chegaria como surpresa se Paulo Gustavo resolvesse não tirar mais as vestimentas de sua “mãe” cênica do armário.

Na trama, Hermínia se vê as voltas com o casamento gay de seu filho Juliano (Rodrigo Pandolfo) e com a mãe do noivo do rapaz, a socialite arrogante Ana (Stella Maria Rodrigues), de onde o humorista tira grande parte de seu repertório de improvisos e gags– sua especialidade. Além disso, sua filha Marcelina (Mariana Xavier) está grávida, pronta para iniciar a vida em família ao lado do companheiro Sol (Cadu Fávero). Apesar das novas situações, o sentimento é o de que já vimos esse filme, e o de que esta fórmula talvez esteja realmente se desgastando. Afinal, em quantas outras situações novas poderão levar Hermínia que mantenha seu universo interessante ao público?

Um acerto do terceiro foi trazer Susana Garcia para o comando do longa, na direção, e como uma das mãos na assinatura do roteiro. Cineasta conhecida por colaborar com a irmã na franquia Os Homens São de Marte…, Garcia acrescenta humanidade ao projeto e ponderações como a velhice e a solidão. Elementos que trazem certa dramaticidade para a incorreta e escrachada Hermínia. Acredite. Assim, alguns dos trechos de maior brilho na comédia envolvem… o drama! É interessante ver Hermínia constatar que o outrora galã Carlos Alberto está velho, como ela própria também. E inclusive tirar piada desta melancolia – como em momentos que ela está à frente de uma excursão de idosas.

Minha Mãe é uma Peça 3 não possui a mesma energia dos longas anteriores, mas mostra a vontade Paulo Gustavo e dos envolvidos em adereçar questões importantes, colocando o filme centrado na atualidade. Assim como uma maior maturidade para tratar de tópicos um pouco mais sérios. Porém, sem esquecer o bom humor, a irreverência e, por que não, o teor politicamente incorreto inerente a um personagem adorado. Numa era onde esta tênue linha fica cada vez mais fina, Dona Hermínia e Paulo Gustavo ainda são capazes de transitá-la com respaldo, resistindo num tipo de humor que talvez esteja com os dias contados. E este é um de seus maiores méritos.

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Dizem que um raio não acerta o mesmo lugar duas vezes. No caso da franquia brasileira Minha Mãe é uma Peça este ditado se prova um engano, já que a continuação da comédia estrelada por Paulo Gustavo não apenas superou seu original, como ainda se tornou uma das maiores bilheterias de um filme nacional em nosso país. Podemos dizer que Minha Mãe é uma Peça 2 (2016) profissionalizou a brincadeira, adicionando inclusive elementos dramáticos mais pungentes.

Agora, a partir do dia 26 de dezembro nos cinemas de todo o país, chega o maior desafio de Dona Hermínia e companhia: ser relevante por uma terceira vez. E claro, engraçada – afinal, isso é o mais importante para o grande público. A história do cinema mundial nos ensinou que até podemos ter uma continuação que supere o original, mas quando se trata da terceira parte, dificilmente uma obra consegue ainda ter o vigor de seus antecessores.

Com roteiro dos mesmos Paulo Gustavo e Fil Braz dos filmes anteriores, Minha Mãe é uma Peça 3 parece não ter muito mais o que fazer com Dona Hermínia. Espertamente, mesmo que não ajude cem por cento o caso, a trama sabe disso e inclui o ostracismo da protagonista em sua história. A personagem interpretada por Gustavo sempre viveu em função dos filhos – que lhe davam grande trabalho – e das picuinhas com o ex-marido Carlos Alberto (Herson Capri). Mas o que resta quando estas questões são superadas, os filhos seguem seu rumo sem precisar da contínua intromissão da mãe e a convivência com o ex começa a surgir de forma pacífica?

Este pode ser um sinal de aposentadoria para Dona Hermínia. Ao menos nas telonas. No desfecho, temos inúmeras dedicatórias de Paulo Gustavo para seus entes queridos, além da mãe, irmã e pai, também o companheiro e pai de seus filhos – que inclusive faz participação especial quando a protagonista viaja para os EUA (um dos trechos cômicos mais inspirados do longa). Estes relatos emotivos soam como possível despedida, e não chegaria como surpresa se Paulo Gustavo resolvesse não tirar mais as vestimentas de sua “mãe” cênica do armário.

Na trama, Hermínia se vê as voltas com o casamento gay de seu filho Juliano (Rodrigo Pandolfo) e com a mãe do noivo do rapaz, a socialite arrogante Ana (Stella Maria Rodrigues), de onde o humorista tira grande parte de seu repertório de improvisos e gags– sua especialidade. Além disso, sua filha Marcelina (Mariana Xavier) está grávida, pronta para iniciar a vida em família ao lado do companheiro Sol (Cadu Fávero). Apesar das novas situações, o sentimento é o de que já vimos esse filme, e o de que esta fórmula talvez esteja realmente se desgastando. Afinal, em quantas outras situações novas poderão levar Hermínia que mantenha seu universo interessante ao público?

Um acerto do terceiro foi trazer Susana Garcia para o comando do longa, na direção, e como uma das mãos na assinatura do roteiro. Cineasta conhecida por colaborar com a irmã na franquia Os Homens São de Marte…, Garcia acrescenta humanidade ao projeto e ponderações como a velhice e a solidão. Elementos que trazem certa dramaticidade para a incorreta e escrachada Hermínia. Acredite. Assim, alguns dos trechos de maior brilho na comédia envolvem… o drama! É interessante ver Hermínia constatar que o outrora galã Carlos Alberto está velho, como ela própria também. E inclusive tirar piada desta melancolia – como em momentos que ela está à frente de uma excursão de idosas.

Minha Mãe é uma Peça 3 não possui a mesma energia dos longas anteriores, mas mostra a vontade Paulo Gustavo e dos envolvidos em adereçar questões importantes, colocando o filme centrado na atualidade. Assim como uma maior maturidade para tratar de tópicos um pouco mais sérios. Porém, sem esquecer o bom humor, a irreverência e, por que não, o teor politicamente incorreto inerente a um personagem adorado. Numa era onde esta tênue linha fica cada vez mais fina, Dona Hermínia e Paulo Gustavo ainda são capazes de transitá-la com respaldo, resistindo num tipo de humor que talvez esteja com os dias contados. E este é um de seus maiores méritos.

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