domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Minha Vida com a Família Walter: Série da Netflix é um coquetel de clichês, mas funciona para os fãs de ‘O Verão que Mudou Minha Vida’

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Pobre menina rica, que se vê forçada a reconstruir sua vida no campo, após perder sua família em um terrível acidente. O melodrama de Minha Vida com a Família Walter parece ter sido tirado de uma coletânea de fanfics juvenis, compartilhadas na internet nos famigerados fóruns de discussão dos idos dos anos 2000. Com uma proposta que pouco agrega à infinidade de séries teens lançadas nas últimas décadas, a nova original da Netflix é um aglomerado de clichês melosos, conflitos tolos e pequenas reviravoltas previsíveis.



Mas ainda que não acerte no quesito originalidade, há um charme que paira no ar. Como um bom e delicioso filme natalino repleto de cafonices repetitivas, Minha Vida com a Família Walter consegue ser um aconchegante prazer culposo, capaz de aquecer os corações órfãos de ‘O Verão que Mudou Minha Vida‘. Baseado na obra homônima de Ali Novak, lançada em 2014 pelo site Wattpad, a série é um delicado e exagerado conto sobre a fase de amadurecimento, em meio a um contexto social e familiar atípico. Aqui, Jackie Howard (Nikki Rodriguez) precisa enfrentar o luto à medida em que se adapta à tumultuada realidade da família Walter.

Trocando o luxo do Upper East Side de Nova York para as paisagens bucólicas do Colorado, ela descobrirá um novo lado da vida, enquanto tenta superar a terrível fatalidade que assolou sua vida. Nesse contexto de grandiosos e previsíveis recomeços, a audiência que persevera com a história de Jackie e da família Walter é naturalmente aquela que possui um apreço pelo sentimentalismo. Em 10 episódios que transitam entre a melancolia e a angústia juvenil, a original da Netflix não é o tipo de teen drama que promete reflexões existenciais como Dawson’s Creek e tão pouco dinâmicas familiares leves e aconchegantes como Gilmore Girls.

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Mas como alguém que resguarda uma carta na manga, Melanie Halsall faz de sua adaptação um entretenimento despretensioso suave, que te conquista a passos lentos – se você tiver paciência. Crescendo no coração e nos olhos da audiência aos poucos, Minha Vida com a Família Walter é uma série teen para quem já se fartou das melhores já lançadas e está apenas em busca de um conforto televisivo. Com um elenco desconhecido que funciona muito bem, a produção acerta na dinâmica relacional de seus personagens, ainda que peque pelo excesso de protagonistas, o que dificulta a conectividade com o público.

E ainda que nenhum de seus dilemas seja memorável o bastante para nos manter investidos a longo prazo, a série é uma necessária aposta mais pueril e inocente, em um mar de conteúdos teens hipersexualizados e forçados. Fazendo um bom uso dos estereótipos hollywoodianos, Minha Vida com a Família Walter acerta na construção dos personagens adultos, em contraste com os mais jovens. E com motivações mais delicadas e realistas, a original da Netflix consegue romper com suas próprias limitações narrativas e nos conquista em seus episódios finais, com a doçura da descoberta do primeiro amor, em meio às adversidades de crescer em uma terra estranha e tão distante.

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Mas ainda que não acerte no quesito originalidade, há um charme que paira no ar. Como um bom e delicioso filme natalino repleto de cafonices repetitivas, Minha Vida com a Família Walter consegue ser um aconchegante prazer culposo, capaz de aquecer os corações órfãos de ‘O Verão que Mudou Minha Vida‘. Baseado na obra homônima de Ali Novak, lançada em 2014 pelo site Wattpad, a série é um delicado e exagerado conto sobre a fase de amadurecimento, em meio a um contexto social e familiar atípico. Aqui, Jackie Howard (Nikki Rodriguez) precisa enfrentar o luto à medida em que se adapta à tumultuada realidade da família Walter.

Trocando o luxo do Upper East Side de Nova York para as paisagens bucólicas do Colorado, ela descobrirá um novo lado da vida, enquanto tenta superar a terrível fatalidade que assolou sua vida. Nesse contexto de grandiosos e previsíveis recomeços, a audiência que persevera com a história de Jackie e da família Walter é naturalmente aquela que possui um apreço pelo sentimentalismo. Em 10 episódios que transitam entre a melancolia e a angústia juvenil, a original da Netflix não é o tipo de teen drama que promete reflexões existenciais como Dawson’s Creek e tão pouco dinâmicas familiares leves e aconchegantes como Gilmore Girls.

Mas como alguém que resguarda uma carta na manga, Melanie Halsall faz de sua adaptação um entretenimento despretensioso suave, que te conquista a passos lentos – se você tiver paciência. Crescendo no coração e nos olhos da audiência aos poucos, Minha Vida com a Família Walter é uma série teen para quem já se fartou das melhores já lançadas e está apenas em busca de um conforto televisivo. Com um elenco desconhecido que funciona muito bem, a produção acerta na dinâmica relacional de seus personagens, ainda que peque pelo excesso de protagonistas, o que dificulta a conectividade com o público.

E ainda que nenhum de seus dilemas seja memorável o bastante para nos manter investidos a longo prazo, a série é uma necessária aposta mais pueril e inocente, em um mar de conteúdos teens hipersexualizados e forçados. Fazendo um bom uso dos estereótipos hollywoodianos, Minha Vida com a Família Walter acerta na construção dos personagens adultos, em contraste com os mais jovens. E com motivações mais delicadas e realistas, a original da Netflix consegue romper com suas próprias limitações narrativas e nos conquista em seus episódios finais, com a doçura da descoberta do primeiro amor, em meio às adversidades de crescer em uma terra estranha e tão distante.

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