Disney reimagina seu próprio clássico
Depois de Cinderela (2015) e Malévola (2014), a Disney segue levando suas animações clássicas em versão de carne e osso para um novo público. Desta vez a selva é o foco com Mogli – O Menino Lobo, versão live action (e muita computação gráfica) do clássico homônimo de 1967. Para os fãs e saudosistas algumas surpresas, no entanto, esta não é uma cópia carbono do filme original, pegando somente seu espírito e repaginando para os tempos atuais.
Além disso, a nova versão de Mogli pode ser considerada um pouquinho mais intensa para os pequeninos, rendendo alguns sustos e situações amedrontadoras, mas nada que os tire o sono – sendo inclusive bem vindo nos tempos extremamente corretos de hoje. Na trama, um menino é abandonado ainda bebê na selva. A criança é então criada por uma alcateia. Um tempo depois, já entrando na adolescência, o pequeno Mogli é aceito como uma das criaturas da floresta e tem fidelidade aos animais que ajudaram em sua criação.
No entanto, o ódio incessante do tigre Shere Khan (repare o nome oriental), o grande vilão da história, colocará a harmonia da floresta em risco. Mogli parte assim em uma jornada para proteger o lugar que chama de lar, conhecendo no percalço diversos personagens, alguns aliados, outros preparados para servi-lo na janta, como a traiçoeira cobra Kaa e o amalucado (e agora ameaçador) Rei Louie, um orangotango, que na nova versão ganhou muitos metros a mais de altura (se tornando quase um King Kong) – numa cena bem legal.
São três os chamarizes de Mogli – O Menino Lobo (que optou novamente pelo título da animação e não de sua versão original O Livro das Selvas – como havia sido chamado em outro live action de 1994). Começando pelos efeitos visuais de cair o queixo. Dificilmente me coloco a favor de efeitos especiais, mas se precisam ser criados, esta é a maneira correta. O bom efeito é aquele que joga a favor do filme, que contribui com a história, e não se torna o filme em si. Os confeccionados para Mogli dão o sabor especial nos jogando dentro da trama e dando grande credibilidade para a história. Pense em Avatar (2009).
As cenas de ação são incríveis e os animais virtuais parecem criados à perfeição – é difícil imaginar um aprimoramento. Em momento algum as criações digitais nos tiram do filme, soando falso. Muito pelo contrário, trabalham de forma incisiva para temperar nossa imaginação. O segundo item, e talvez grande parte da alma do filme, é o menino descendente de indiano Neel Sethi, o intérprete do protagonista Mogli. Escolhido a dedo, o pequeno ator tira de letra o serviço, entregando tudo o que os fãs poderiam pedir de Mogli. Além de ser uma graça, o menino é puro carisma e sua atuação chega junto. Se Mogli falhasse, o filme falharia.
Finalizando, temos o desfile de nomes famosos por trás das vozes de todo o reino das selvas. O citado vilão, por exemplo, recebeu o timbre de Idris Elba. Já a sedutora cobra Kaa não poderia ser outra senão Scarlett Johansson. A vencedora do Oscar Lupita Nyong´o dá voz para a mãe de Mogli, a loba Raksha; os parceiros de jornada do menino, o urso Baloo e a pantera negra Bagheera, recebem as vozes dos veteranos Bill Murray e Ben Kingsley, respectivamente. Fechando o elenco de dubladores principal, Christopher Walken é o Rei Louie. A versão dublada do filme reserva vozes de atores nacionais como Marcos Palmeira, Thiago Lacerda, Dan Stulbach e Alinne Morais.
Mogli – O Menino Lobo é uma aventura à moda antiga para a família toda. Um tipo de filme que, embora seja moderno, traz nostalgia pela história simples contada de forma eficiente. O filme tenta resgatar valores cada vez mais esquecidos ou deixados de lado, como amizade, lealdade e importância da verdadeira família, nos tempos cínicos e cada vez mais truculentos. A grandiosidade e a definição da palavra espetáculo são trazidas de volta, definitivamente, por uma das casas que originou a magia e a fantasia.