sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Morte a Pinochet – Suspense Chileno retrata a angústia de um grupo que QUASE mudou o rumo da história

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Nada que possa ser criado na ficção jamais superará as coisas que acontecem na vida real. Não raro os roteiristas ouvem que determinada situação/cena parece inacreditável, forçada, porque na vida real elas não aconteceriam de verdade. A capacidade do ser humano de cometer crimes terríveis contra outros seres humanos (e contra a Natureza também) é imensurável, e muitas vezes ocorre em nome de uma ideologia, uma política que cega e doutrina um grupo de pessoas que detém o poder de tudo e, em nome desse poder, se auto-autorizam a cometer todo tipo de crime. Isso ocorreu no período ditatorial do Chile, entre os anos de 1973 e 1990. E, durante quase vinte anos, a população local sofreu todo tipo de restrição e violência. Mas não sem lutar contra. A história de um desses grupos que deu a vida para tentar mudar o rumo da história do país chega a partir dessa semana aos cinemas brasileiros, através do filme ‘Morte a Pinochet’.



Em setembro de 1986 um grupo de jovens teve nas mãos a oportunidade de mudar o destino de um país: acabar com a ditadura de Pinochet, matando-o. Para tal, Ramiro (Cristián Carvajal), ex-professor de educação física que se dedicou à luta armada; Sacha (Gastón Salgado), jovem humilde de Santiago, e Tamara (Daniela Ramírez), psicóloga que deixou sua família de classe alta para viver na clandestinidade e se tornou a única mulher com posto de comandante na Frente Patriótica decidem se isolar de tudo e de todos para bolar um plano que consiga, de uma vez por todas, acabar com a ditadura que assola o país, derrubando o líder . Sob a ideia de que tudo que fazem é um ato de amor, o grupo irá treinar com afinco com um objetivo comum – matar a Augusto Pinochet

Baseado na história real de um ataque organizado por um braço armado do Partido Comunista Chileno, Morte a Pinochet’ chega aos cinemas brasileiros com o importante papel de jogar luz sobre um período histórico que, ainda que seja de um passado recente, já ocorreu há quase cinquenta anos, e, portanto, começa a ser esquecido ou desconhecido pelas novas gerações. Assim, o filme centra seu enredo nas reflexões pessoais de seus personagens principais, especialmente Tamara, cujas observações também funcionam como fio condutor do enredo. 

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Enrique Videla, Pablo Paredes e Juan Ignacio Sabatini tecem o roteiro de maneira introspectiva pelo ponto de vista da única mulher em comando no grupo, mas cuja vida prévia era de privilégios e, portanto, distante da realidade do restante de seus companheiros. Ao alternar o foco a partir da metade do longa, o que temos como sensação em ‘Morte a Pinochet’ é o tom melancólico que se imprime, focando mais no abandono espontâneo desses personagens às suas próprias vidas do que em um imersivo sentimento de revolução ou de revolta diante dos horrores vividos pela população.

Morte a Pinochet’ é uma importante ferramenta para que os cinéfilos brasileiros obtenham mais conhecimento sobre o duríssimo período da ditadura no Chile, e, portanto, cumpre seu papel. Mas, enquanto ficção, faltou conexão com o espectador.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Nada que possa ser criado na ficção jamais superará as coisas que acontecem na vida real. Não raro os roteiristas ouvem que determinada situação/cena parece inacreditável, forçada, porque na vida real elas não aconteceriam de verdade. A capacidade do ser humano de cometer crimes terríveis contra outros seres humanos (e contra a Natureza também) é imensurável, e muitas vezes ocorre em nome de uma ideologia, uma política que cega e doutrina um grupo de pessoas que detém o poder de tudo e, em nome desse poder, se auto-autorizam a cometer todo tipo de crime. Isso ocorreu no período ditatorial do Chile, entre os anos de 1973 e 1990. E, durante quase vinte anos, a população local sofreu todo tipo de restrição e violência. Mas não sem lutar contra. A história de um desses grupos que deu a vida para tentar mudar o rumo da história do país chega a partir dessa semana aos cinemas brasileiros, através do filme ‘Morte a Pinochet’.

Em setembro de 1986 um grupo de jovens teve nas mãos a oportunidade de mudar o destino de um país: acabar com a ditadura de Pinochet, matando-o. Para tal, Ramiro (Cristián Carvajal), ex-professor de educação física que se dedicou à luta armada; Sacha (Gastón Salgado), jovem humilde de Santiago, e Tamara (Daniela Ramírez), psicóloga que deixou sua família de classe alta para viver na clandestinidade e se tornou a única mulher com posto de comandante na Frente Patriótica decidem se isolar de tudo e de todos para bolar um plano que consiga, de uma vez por todas, acabar com a ditadura que assola o país, derrubando o líder . Sob a ideia de que tudo que fazem é um ato de amor, o grupo irá treinar com afinco com um objetivo comum – matar a Augusto Pinochet

Baseado na história real de um ataque organizado por um braço armado do Partido Comunista Chileno, Morte a Pinochet’ chega aos cinemas brasileiros com o importante papel de jogar luz sobre um período histórico que, ainda que seja de um passado recente, já ocorreu há quase cinquenta anos, e, portanto, começa a ser esquecido ou desconhecido pelas novas gerações. Assim, o filme centra seu enredo nas reflexões pessoais de seus personagens principais, especialmente Tamara, cujas observações também funcionam como fio condutor do enredo. 

Enrique Videla, Pablo Paredes e Juan Ignacio Sabatini tecem o roteiro de maneira introspectiva pelo ponto de vista da única mulher em comando no grupo, mas cuja vida prévia era de privilégios e, portanto, distante da realidade do restante de seus companheiros. Ao alternar o foco a partir da metade do longa, o que temos como sensação em ‘Morte a Pinochet’ é o tom melancólico que se imprime, focando mais no abandono espontâneo desses personagens às suas próprias vidas do que em um imersivo sentimento de revolução ou de revolta diante dos horrores vividos pela população.

Morte a Pinochet’ é uma importante ferramenta para que os cinéfilos brasileiros obtenham mais conhecimento sobre o duríssimo período da ditadura no Chile, e, portanto, cumpre seu papel. Mas, enquanto ficção, faltou conexão com o espectador.

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