domingo , 29 dezembro , 2024

Crítica | ‘Ms. Marvel’ introduz personagens esperados, mas sofre com ritmo irregular

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS]

Se você ainda não assistiu aos seis episódios de Ms. Marvel, evite esta matéria, pois ela contém spoilers.



Recheada de polêmicas desde que começaram os vazamentos, a série da Ms. Marvel tinha tudo para ser unanimidade, mas os rumos escolhidos acabaram dividindo os fãs. No entanto, se há um ponto no qual todos concordam é que o ritmo da série foi complicado de acompanhar. Os primeiros capítulos mantiveram uma pegada interessante de seriado adolescente do Disney+, o que conquistou logo de cara. Porém, quando a trama passou a explorar mais o passado da Kamala Khan, todo o resto foi deixado de lado e os novos personagens que a auxiliam não foram tão interessantes quanto os que foram inicialmente introduzidos.

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Mas antes de falar dos pontos negativos, a protagonista do show, Iman Vellani, que dá vida à Kamala/ Ms. Marvel, foi um achado. Sua atuação é muito segura e traz uma empolgação muito bem-vinda ao Universo Cinematográfico Marvel. Ela encarna a Kamala Khan com tanta facilidade, que faz parecer um trabalho fácil. E como esse foi seu primeiro trabalho de relevância, vai ser difícil se desassociar da personagem, que faz dela uma referência para o MCU nos próximos anos. É impossível ver a menina em tela e não se encantar com seu talento e carisma.

E como a produção fez dela uma X-Men, não uma integrante dos Inumanos, pode esperar que a menina ainda fará muitas aparições nos próximos anos. Além de The Marvels, é bem provável que ela apareça em pelo menos mais uns quatro filmes ou séries, já que o estúdio está apresentando esse tanto de heróis crianças/ jovens em suas produções.

O elenco de apoio também é muito bom. Os coadjuvantes também esbanjam carisma e ostentam um núcleo próprio que é muito interessante, quando a série decide dar atenção a eles, é claro. Além disso, a relação entre Kamala e Bruno é maravilhosa de ver. A duplinha ostenta uma química colossal que enche os olhos. O trabalho deles faz realmente o público acreditar que são melhores amigos há anos e anos.

A questão familiar que envolve a vida dos Khan nos Estados Unidos, enfrentando preconceitos e uma luta própria para manter suas crenças e tradições vivas, é muito interessante. A princípio, essa diferença deles para a filha é bem intensa – chegando até a chocar em certos momentos -, mas traz um conflito muito bom para a trama.

Seguindo essa pegada de conflito cultural de uma Kamala que cresceu nos EUA, mas precisa manter as tradições da família, a série adapta elementos culturais que ligam o heroísmo da protagonista a suas raízes. Assim, o símbolo do raio e o nome da personagem – que eram apenas homenagens genéricas à Capitã Marvel nas HQs – se tornou uma variação do nome da Kamala em sua língua original, ela ganhou um tecido ligado aos guerreiros paquistaneses, e seu traje de herói, lindíssimo, foi feito por sua mãe após aceitá-la como ela é. Da mesma forma, a máscara da Ms. Marvel foi feita pelo próprio Bruno, dando a ela uma ligação com os amigos.

Infelizmente, apesar do início promissor, a série foi se perdendo na reta final com uma trama confusa sobre viagem no tempo e com os novos vilões, os Djinn. Tudo bem que a Marvel não tem lá um histórico de tantos vilões bem desenvolvidos ou interessantes nas telonas, mas essa questão dos Djinn foi nível Malekith de porcaria. O arco deles foi insuportavelmente anticlimático, servindo apenas para ocupar tempo de tela e tentar trazer uma sensação de perigo para a jornada de autoconhecimento – sem sucesso. Tudo que permeia eles é insuportável, sem conseguir manter o público minimamente interessado por eles. E sabe o que é pior? Eles vêm do nada e terminam em lugar nenhum. O impacto deles para o universo e para a própria série é praticamente nulo, já que a ameaça final sequer são eles.

Já os poderes da Kamala, que causaram polêmica quando foram alterados, inicialmente não comprometeram. O problema é que ela pouco usava eles. E no último episódio, quando ela passa a usá-los com plena capacidade, veio um incômodo por conta do CGI. Talvez se mantivessem os poderes de esticamento corporal, tivesse ficado ainda pior. Mas não dá para aceitar que uma produção com orçamento de cinema faça cenas tão artificiais quanto essas. Ms. Marvel é o alerta que a Marvel precisa entender para enfim se tocar que qualidade é melhor que quantidade. Porque eles arriscam comprometer futuras boas histórias se mantiverem essa computação gráfica de videogame dos anos 2000.

Outra frustração é no quesito desenvolvimento. Se eles queriam trabalhar a Ms. Marvel como uma mutante, por que deixar essa revelação para a última cena da série de forma completamente apressada? Quer dizer, a revelação poderia ser feita na última hora sem problemas, mas que trabalhassem no Bruno estudando a questão, criando um mistério no ar mesmo. Do jeito que trouxeram, só ficou jogado mesmo.

Sobre o arco no Paquistão, ele traz uma representatividade muito grande, mas até nele há um desenvolvimento complicado. As cenas do passado da família tinham elementos interessantes que foram mostrados superficialmente. A paixão da bisavó de Kamala pelo bisavô humano tinha tanto potencial, só que optaram por trazer cenas básicas e rápidas para abordar a origem desinteressante dos Djinn. Uma história de amor capaz de fazer com que uma mulher renegasse sua própria espécie para ficar em um planeta estranho com um humano é muito mais interessante do que um grupo de ETs irrelevantes banidos que querem abrir um portal pra voltar pra casa.

Há também uma conexão com os Kree, ligando a Ms. Marvel à Capitã Marvel (Brie Larson), que é bem interessante e deve render uma história bem interessante em The Marvels. É uma pena que a personagem só tenha aparecido na pós-créditos, mas ainda assim é o bastante para ligar as duas e criar certa ansiedade para o filme. Isso sem contar que a Capitã parecia estar investigando os Dez Anéis do Shang-Chi, então talvez haja ainda mais conexões nesses próximos projetos.

Enfim, fazendo uma avaliação geral da série, fica a impressão de que a história seria melhor adaptada em um filme de pouco mais de 2h de duração. Também fica a sensação de que se mantivessem a pegada adolescente do início o resultado seria melhor. Mesmo assim, pelo talento da jovem Iman Vellani e da qualidade intrínseca à Ms. Marvel, que é uma personagem muito boa em todas as mídias, é bem provável que milhões de pessoas que não conheciam a personagem tenham se apaixonado e agora sejam fãs. Ou seja, é uma série com todos os erros da atual Marvel, mas que também reúne algumas das melhores qualidade do estúdio. Infelizmente, os acertos não eximem os erros, fazendo de Ms. Marvel uma série na média.

Nota: 6.

Ms. Marvel está disponível no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Mas antes de falar dos pontos negativos, a protagonista do show, Iman Vellani, que dá vida à Kamala/ Ms. Marvel, foi um achado. Sua atuação é muito segura e traz uma empolgação muito bem-vinda ao Universo Cinematográfico Marvel. Ela encarna a Kamala Khan com tanta facilidade, que faz parecer um trabalho fácil. E como esse foi seu primeiro trabalho de relevância, vai ser difícil se desassociar da personagem, que faz dela uma referência para o MCU nos próximos anos. É impossível ver a menina em tela e não se encantar com seu talento e carisma.

E como a produção fez dela uma X-Men, não uma integrante dos Inumanos, pode esperar que a menina ainda fará muitas aparições nos próximos anos. Além de The Marvels, é bem provável que ela apareça em pelo menos mais uns quatro filmes ou séries, já que o estúdio está apresentando esse tanto de heróis crianças/ jovens em suas produções.

O elenco de apoio também é muito bom. Os coadjuvantes também esbanjam carisma e ostentam um núcleo próprio que é muito interessante, quando a série decide dar atenção a eles, é claro. Além disso, a relação entre Kamala e Bruno é maravilhosa de ver. A duplinha ostenta uma química colossal que enche os olhos. O trabalho deles faz realmente o público acreditar que são melhores amigos há anos e anos.

A questão familiar que envolve a vida dos Khan nos Estados Unidos, enfrentando preconceitos e uma luta própria para manter suas crenças e tradições vivas, é muito interessante. A princípio, essa diferença deles para a filha é bem intensa – chegando até a chocar em certos momentos -, mas traz um conflito muito bom para a trama.

Seguindo essa pegada de conflito cultural de uma Kamala que cresceu nos EUA, mas precisa manter as tradições da família, a série adapta elementos culturais que ligam o heroísmo da protagonista a suas raízes. Assim, o símbolo do raio e o nome da personagem – que eram apenas homenagens genéricas à Capitã Marvel nas HQs – se tornou uma variação do nome da Kamala em sua língua original, ela ganhou um tecido ligado aos guerreiros paquistaneses, e seu traje de herói, lindíssimo, foi feito por sua mãe após aceitá-la como ela é. Da mesma forma, a máscara da Ms. Marvel foi feita pelo próprio Bruno, dando a ela uma ligação com os amigos.

Infelizmente, apesar do início promissor, a série foi se perdendo na reta final com uma trama confusa sobre viagem no tempo e com os novos vilões, os Djinn. Tudo bem que a Marvel não tem lá um histórico de tantos vilões bem desenvolvidos ou interessantes nas telonas, mas essa questão dos Djinn foi nível Malekith de porcaria. O arco deles foi insuportavelmente anticlimático, servindo apenas para ocupar tempo de tela e tentar trazer uma sensação de perigo para a jornada de autoconhecimento – sem sucesso. Tudo que permeia eles é insuportável, sem conseguir manter o público minimamente interessado por eles. E sabe o que é pior? Eles vêm do nada e terminam em lugar nenhum. O impacto deles para o universo e para a própria série é praticamente nulo, já que a ameaça final sequer são eles.

Já os poderes da Kamala, que causaram polêmica quando foram alterados, inicialmente não comprometeram. O problema é que ela pouco usava eles. E no último episódio, quando ela passa a usá-los com plena capacidade, veio um incômodo por conta do CGI. Talvez se mantivessem os poderes de esticamento corporal, tivesse ficado ainda pior. Mas não dá para aceitar que uma produção com orçamento de cinema faça cenas tão artificiais quanto essas. Ms. Marvel é o alerta que a Marvel precisa entender para enfim se tocar que qualidade é melhor que quantidade. Porque eles arriscam comprometer futuras boas histórias se mantiverem essa computação gráfica de videogame dos anos 2000.

Outra frustração é no quesito desenvolvimento. Se eles queriam trabalhar a Ms. Marvel como uma mutante, por que deixar essa revelação para a última cena da série de forma completamente apressada? Quer dizer, a revelação poderia ser feita na última hora sem problemas, mas que trabalhassem no Bruno estudando a questão, criando um mistério no ar mesmo. Do jeito que trouxeram, só ficou jogado mesmo.

Sobre o arco no Paquistão, ele traz uma representatividade muito grande, mas até nele há um desenvolvimento complicado. As cenas do passado da família tinham elementos interessantes que foram mostrados superficialmente. A paixão da bisavó de Kamala pelo bisavô humano tinha tanto potencial, só que optaram por trazer cenas básicas e rápidas para abordar a origem desinteressante dos Djinn. Uma história de amor capaz de fazer com que uma mulher renegasse sua própria espécie para ficar em um planeta estranho com um humano é muito mais interessante do que um grupo de ETs irrelevantes banidos que querem abrir um portal pra voltar pra casa.

Há também uma conexão com os Kree, ligando a Ms. Marvel à Capitã Marvel (Brie Larson), que é bem interessante e deve render uma história bem interessante em The Marvels. É uma pena que a personagem só tenha aparecido na pós-créditos, mas ainda assim é o bastante para ligar as duas e criar certa ansiedade para o filme. Isso sem contar que a Capitã parecia estar investigando os Dez Anéis do Shang-Chi, então talvez haja ainda mais conexões nesses próximos projetos.

Enfim, fazendo uma avaliação geral da série, fica a impressão de que a história seria melhor adaptada em um filme de pouco mais de 2h de duração. Também fica a sensação de que se mantivessem a pegada adolescente do início o resultado seria melhor. Mesmo assim, pelo talento da jovem Iman Vellani e da qualidade intrínseca à Ms. Marvel, que é uma personagem muito boa em todas as mídias, é bem provável que milhões de pessoas que não conheciam a personagem tenham se apaixonado e agora sejam fãs. Ou seja, é uma série com todos os erros da atual Marvel, mas que também reúne algumas das melhores qualidade do estúdio. Infelizmente, os acertos não eximem os erros, fazendo de Ms. Marvel uma série na média.

Nota: 6.

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Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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