sexta-feira , 15 novembro , 2024

Crítica | Não Olhe – É Melhor Obedecer ao Título

Não Olhe’ é um filme que parece um TCC bem resolvido do diretor Assaf Bernstein (‘A Grande Mentira’). Recheado de clichês cansativos e atuações tão empolgantes quanto um picolé de chuchu, o longa promete ser uma das produções de terror da semana, mas o sangue só rola apenas nos minutos finais.

Maria (India Eisley) é a típica adolescente norte-americana desajustada na sociedade: tem uma melhor amiga Barbie-linda (Lily, interpretada por Penelope Mitchell), sofre bullying na escola e tem um crush no namorado da melhor amiga (Sean, interpretado por Harrison Gilbertson). Seus pais (Mira Sorvino e Jason Isaacs – como foram parar nesse projeto?) não a ouvem, deixando a garota meio solta, seja porque a mãe, Amy, não consegue entendê-la como adolescente, seja porque o pai controlador, Dan – que é também cirurgião plástico e tem uma preocupação excessiva com a estética –, exige dela uma postura de mocinha vencedora, e não de uma garota perdedora rejeitada pelos coleguinhas.



O resultado dessa combinação é uma menina que anda encolhida, sequer levanta a cabeça, cuja câmera filma de baixo pra cima para reforçar a ideia de coitada oprimida. Até o dia em que, do nada – e é do nada mesmo, não há um gatilho que justifique essa mudança – Maria se olha no espelho e seu reflexo, em vez de olhar de volta, simplesmente começa a falar com ela. O que de início é um estranhamento, logo se torna o único meio de confissão da adolescente reprimida, ao ponto do reflexo – Airam, que é Maria ao contrário – oferecer trocar de lugar com ela, afinal, a aparência é sempre melhor do que como realmente nos sentimos por dentro.

Enquanto terror, o filme deixa muuuuito a desejar, concentrando-se nos últimos quinze minutos – e todos eles são de uma violência tão gratuita e sem justificativa, que até mesmo os fãs do gênero terão dificuldades para aceitar. Enquanto thriller, ‘Não Olhe’ é, na verdade, um prato cheio para os psicólogos, com todo tipo de drama individual para ser analisado: os pecados capitais, desejos suprimidos, inclinações para incesto, os arquétipos etc. . Sem contar as cenas eróticas e de nudez que são completamente fora do lugar na trama. Parecem mesmo que foram encaixadas no enredo apenas para deixar satisfeito o público adolescente.

Enquanto proposta, o diretor Assaf Bernstein pareceu querer abraçar várias camadas, porém, ficou no raso em todas elas, sem conseguir se aprofundar em nenhuma das temáticas. Enquanto projeto, o filme está ali, bem feitinho, seguindo o manual, tal como ensinam no final da faculdade. Porém, como diz bem o título, ‘Não Olhe’, então, é melhor não olhar mesmo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Maria (India Eisley) é a típica adolescente norte-americana desajustada na sociedade: tem uma melhor amiga Barbie-linda (Lily, interpretada por Penelope Mitchell), sofre bullying na escola e tem um crush no namorado da melhor amiga (Sean, interpretado por Harrison Gilbertson). Seus pais (Mira Sorvino e Jason Isaacs – como foram parar nesse projeto?) não a ouvem, deixando a garota meio solta, seja porque a mãe, Amy, não consegue entendê-la como adolescente, seja porque o pai controlador, Dan – que é também cirurgião plástico e tem uma preocupação excessiva com a estética –, exige dela uma postura de mocinha vencedora, e não de uma garota perdedora rejeitada pelos coleguinhas.

O resultado dessa combinação é uma menina que anda encolhida, sequer levanta a cabeça, cuja câmera filma de baixo pra cima para reforçar a ideia de coitada oprimida. Até o dia em que, do nada – e é do nada mesmo, não há um gatilho que justifique essa mudança – Maria se olha no espelho e seu reflexo, em vez de olhar de volta, simplesmente começa a falar com ela. O que de início é um estranhamento, logo se torna o único meio de confissão da adolescente reprimida, ao ponto do reflexo – Airam, que é Maria ao contrário – oferecer trocar de lugar com ela, afinal, a aparência é sempre melhor do que como realmente nos sentimos por dentro.

Enquanto terror, o filme deixa muuuuito a desejar, concentrando-se nos últimos quinze minutos – e todos eles são de uma violência tão gratuita e sem justificativa, que até mesmo os fãs do gênero terão dificuldades para aceitar. Enquanto thriller, ‘Não Olhe’ é, na verdade, um prato cheio para os psicólogos, com todo tipo de drama individual para ser analisado: os pecados capitais, desejos suprimidos, inclinações para incesto, os arquétipos etc. . Sem contar as cenas eróticas e de nudez que são completamente fora do lugar na trama. Parecem mesmo que foram encaixadas no enredo apenas para deixar satisfeito o público adolescente.

Enquanto proposta, o diretor Assaf Bernstein pareceu querer abraçar várias camadas, porém, ficou no raso em todas elas, sem conseguir se aprofundar em nenhuma das temáticas. Enquanto projeto, o filme está ali, bem feitinho, seguindo o manual, tal como ensinam no final da faculdade. Porém, como diz bem o título, ‘Não Olhe’, então, é melhor não olhar mesmo.

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