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O luto, a perda, o enfrentamento da culpa, as lambadas do destino são importantes vertentes para buscarmos entender os caminhos de Não se Mexa, filme que frequentou o Top 10 da Netflix nesse final de outubro, início de novembro. O clima de tensão se apresenta para um choque nas linhas da amargura dos personagens definindo de forma objetiva um duelo entre vítima e perseguidor. Mas será isso suficiente para reter a atenção do espectador?
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Na trama acompanhamos Iris (Kelsey Asbille) uma mulher entregue ao luto permanente após a perda do filho pequeno de maneira trágica e com fortes marcas no seu casamento. Certo dia resolve ir até o local onde ocorreu o acidente e acaba tendo seu destino cruzado com o de Richard (Finn Wittrock), que logo se apresenta como um alguém disposto a despejar sua sede de sangue. Lutando pela vida após ter sido injetada com uma substância paralisante, Iris correrá contra o tempo para sobreviver.
Esse é um clássico filme de luta pela sobrevivência com a psicopatia dominando o vilanismo. Do drama ao suspense, o filme dirigido pela dupla Brian Netto e Adam Schindler, dentro do recorte sinistro definido do ‘nada a perder’ busca soluções narrativas para circular o enfrentamento da culpa com algumas variáveis. Pena que a construção do lado maternal com seus conflitos emocionais, e o olhares para esse forte laço com novos olhares após a perda caminham pelo superficial. Sem estender a corda para um passado construtivo, ficamos reféns do presente e das inconsequências que se tornam a base dos acontecimentos.
Mesmo com o foco na vítima, a narrativa abre espaço para as complexidades do assassino perturbado. As versões de si mesmo se tornam o escape para a construção desse vilão. Esse lado psicológico ambíguo, onde a mentira e frustrações reinam, busca uma modelagem também na perda, uma certeza quando chegamos ao entendimento de parte desse contexto.
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Em resumo, buscando no que foi criado como base para seus dois personagens principais, Não se Mexa – projeto produzido por Sam Raimi – não foge do que se propõe, ser um filme que gera angústias e calafrios numa batalha pela vida.