sexta-feira , 15 novembro , 2024

Crítica Netflix | Ava – Jessica Chastain ganha uma ‘Atômica’ para chamar de sua

Ava ou Eve?

Jessica Chastain é uma das atrizes mais empoderadas de Hollywood. Em constante apoio a questões femininas, a estrela duas vezes indicada ao Oscar usa seu status para que mais mulheres protagonizem histórias no cinema, e também participem atrás das câmeras nas mais variadas funções. Ela incentiva colegas, como a vencedora do Oscar Octavia Spencer, para que invistam em filmes como produtoras, tomando assim as rédeas de suas próprias carreiras. Não por menos é isso que Spencer tem feito, em suas recentes séries de TV, e filmes, como o thriller Ma (2019).

Não é coincidência então que o diretor de Ma seja o mesmo Tate Taylor deste Ava. O cineasta é igualmente um porta-voz de histórias femininas e tem no currículo além dos citados, Histórias Cruzadas (2011) e A Garota no Trem (2016). Taylor e Octavia Spencer são colegas de longa data, e adicionaram Chastain ao seu círculo interno de amigos após trabalharem com ela no longa citado, indicado a quatro Oscar (incluindo melhor filme), sobre empregadas e patroas na década de 1960. E após o diretor ter revivido a parceria com Spencer, segue para reviver com sua outra musa, Jessica Chastain, neste thriller de espionagem lançado recentemente na Netflix por aqui.



Também como produtora do filme, o que Jessica Chastain faz aqui é pegar um subgênero onde esperaríamos um homem protagonizando, e essencialmente transformar em uma história feminina, dona de todas as questões de seu universo. Mas veja bem, o que muitas vezes ocorre em filmes assim, é que apenas temos trocado o papel masculino pelo feminino sem que o tratamento desta adaptação seja sequer adereçado. Ou seja, apenas os nomes são trocados no roteiro. Aqui não. Ava é um thriller de espionagem e ação sobre uma assassina de aluguel, mas que aborda tópicos como o relacionamento familiar com a mãe e a irmã, ex-companheiros amorosos, o alcoolismo e até um elo paterno com o superior que a alistou.

Chastain, a produtora, faz um ótimo trabalho ao dar chance para atores esquecidos em papeis de destaque em “seu filme”. Assim, a veterana Geena Davis reaparece no papel de sua mãe, John Malkovich vive seu treinador e figura paterna e Joan Chan vive uma rainha do submundo. O mais legal é que todos recebem tempo de tela suficiente para brilhar em verdadeiras atuações e momentos que parecem saídos diretamente de um drama intimista. Este é inclusive um dos aspectos mais fortes de Ava. Além disso, a produtora traz para um dos papeis mais importantes, a melhor amiga da vida real, a atriz Jess Weixler, que interpreta sua irmã no longa. Common e Colin Farrell (com quem Chastain já havia trabalhado em Miss Julie) completam o elenco principal.

Ava, que anteriormente era intitulado Eve (e precisou, sem que saibamos o motivo, ser retrabalhado como o novo título – o que inclui redublagem e refilmagem de cenas), traz ainda exímias coreografias de luta, com Chastain (e sua dublê) sendo colocadas à prova. O filme cria cenas verdadeiramente viscerais, com direito a muito sangue e contato físico. Pode não manter o nível do citado Atômica (com Charlize Theron), talvez mais pela falta de criatividade da câmera de Taylor (em contraste aos planos-sequência arquitetados por David Leitch) do que pelo comprometimento e criatividade nos movimentos da ação em si. Fora isso, o que não falta são tiroteios e Chastain matando a torto e a direito.

Pois bem, apesar de ter sido só elogios até aqui com Ava, não espere uma reinvenção da fórmula e para apreciar minimamente a obra é preciso ter gosto pelo subgênero. O roteiro é básico, e nem de longe algo que já não tenhamos visto antes inúmeras vezes – de forma até mesmo mais chamativa. É inegável, no entanto, que aqui temos bons atores, interagindo de forma séria, o que termina por dar credibilidade a qualquer material. E apesar de se sair bem tanto no quesito ação quanto no quesito drama, sentimos falta de um aprofundamento maior em ambos. Enquanto assistia, pensava em como um diretor do nível de Quentin Tarantino, por exemplo, trataria o tema – ou melhor, ele já o fez, com Kill Bill. Dá para sentir a diferença?

Lá fora, críticos apontaram a falta de coligação justamente entre a ação e o drama do filme, como se Jessica Chastain em um vestido longo vermelho matando soldados alemães como mosquitos e Jessica Chastain abrindo o coração numa reunião do AA nunca se misturassem, como água e óleo. Fora isso, outros acharam que Chastain e sua personagem mereciam reaparecer numa sequência, mas que estavam presas a um filme que não as faz jus. Seja como for, Ava já engatilhou sua continuação – como mostra o desfecho do filme. Se irá ganhar, só o tempo dirá. Se o resultado for negativo, não vale se desesperar, pois muito em breve Chastain estará de volta ao gênero, ao lado de mais quatro mulheres muito poderosas (Penélope Cruz, Lupita Nyong’o, Diane Kruger e Fan Bingbing) na superprodução As Agentes 355.

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Não é coincidência então que o diretor de Ma seja o mesmo Tate Taylor deste Ava. O cineasta é igualmente um porta-voz de histórias femininas e tem no currículo além dos citados, Histórias Cruzadas (2011) e A Garota no Trem (2016). Taylor e Octavia Spencer são colegas de longa data, e adicionaram Chastain ao seu círculo interno de amigos após trabalharem com ela no longa citado, indicado a quatro Oscar (incluindo melhor filme), sobre empregadas e patroas na década de 1960. E após o diretor ter revivido a parceria com Spencer, segue para reviver com sua outra musa, Jessica Chastain, neste thriller de espionagem lançado recentemente na Netflix por aqui.

Também como produtora do filme, o que Jessica Chastain faz aqui é pegar um subgênero onde esperaríamos um homem protagonizando, e essencialmente transformar em uma história feminina, dona de todas as questões de seu universo. Mas veja bem, o que muitas vezes ocorre em filmes assim, é que apenas temos trocado o papel masculino pelo feminino sem que o tratamento desta adaptação seja sequer adereçado. Ou seja, apenas os nomes são trocados no roteiro. Aqui não. Ava é um thriller de espionagem e ação sobre uma assassina de aluguel, mas que aborda tópicos como o relacionamento familiar com a mãe e a irmã, ex-companheiros amorosos, o alcoolismo e até um elo paterno com o superior que a alistou.

Chastain, a produtora, faz um ótimo trabalho ao dar chance para atores esquecidos em papeis de destaque em “seu filme”. Assim, a veterana Geena Davis reaparece no papel de sua mãe, John Malkovich vive seu treinador e figura paterna e Joan Chan vive uma rainha do submundo. O mais legal é que todos recebem tempo de tela suficiente para brilhar em verdadeiras atuações e momentos que parecem saídos diretamente de um drama intimista. Este é inclusive um dos aspectos mais fortes de Ava. Além disso, a produtora traz para um dos papeis mais importantes, a melhor amiga da vida real, a atriz Jess Weixler, que interpreta sua irmã no longa. Common e Colin Farrell (com quem Chastain já havia trabalhado em Miss Julie) completam o elenco principal.

Ava, que anteriormente era intitulado Eve (e precisou, sem que saibamos o motivo, ser retrabalhado como o novo título – o que inclui redublagem e refilmagem de cenas), traz ainda exímias coreografias de luta, com Chastain (e sua dublê) sendo colocadas à prova. O filme cria cenas verdadeiramente viscerais, com direito a muito sangue e contato físico. Pode não manter o nível do citado Atômica (com Charlize Theron), talvez mais pela falta de criatividade da câmera de Taylor (em contraste aos planos-sequência arquitetados por David Leitch) do que pelo comprometimento e criatividade nos movimentos da ação em si. Fora isso, o que não falta são tiroteios e Chastain matando a torto e a direito.

Pois bem, apesar de ter sido só elogios até aqui com Ava, não espere uma reinvenção da fórmula e para apreciar minimamente a obra é preciso ter gosto pelo subgênero. O roteiro é básico, e nem de longe algo que já não tenhamos visto antes inúmeras vezes – de forma até mesmo mais chamativa. É inegável, no entanto, que aqui temos bons atores, interagindo de forma séria, o que termina por dar credibilidade a qualquer material. E apesar de se sair bem tanto no quesito ação quanto no quesito drama, sentimos falta de um aprofundamento maior em ambos. Enquanto assistia, pensava em como um diretor do nível de Quentin Tarantino, por exemplo, trataria o tema – ou melhor, ele já o fez, com Kill Bill. Dá para sentir a diferença?

Lá fora, críticos apontaram a falta de coligação justamente entre a ação e o drama do filme, como se Jessica Chastain em um vestido longo vermelho matando soldados alemães como mosquitos e Jessica Chastain abrindo o coração numa reunião do AA nunca se misturassem, como água e óleo. Fora isso, outros acharam que Chastain e sua personagem mereciam reaparecer numa sequência, mas que estavam presas a um filme que não as faz jus. Seja como for, Ava já engatilhou sua continuação – como mostra o desfecho do filme. Se irá ganhar, só o tempo dirá. Se o resultado for negativo, não vale se desesperar, pois muito em breve Chastain estará de volta ao gênero, ao lado de mais quatro mulheres muito poderosas (Penélope Cruz, Lupita Nyong’o, Diane Kruger e Fan Bingbing) na superprodução As Agentes 355.

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