Em um contexto onde os super-heróis nunca estiveram tão em alta como atualmente, a indústria de Hollywood tenta sempre espremer uma nova história envolta no subgênero. E Esquadrão Trovão é a tentativa da Netflix de flertar com o universo dos quadrinhos de maneira mais popular e abrangente, trazendo a dupla Ben Falcone e Melissa McCarthy novamente à frente do projeto. Mas infelizmente, nem a presença da vencedora do Oscar Octavia Spencer é capaz de garantir um fôlego sustentável nesta, que entra para a lista de fracas produções originais da gigante do streaming.
Na trama, duas amigas de infância se reencontram mais de trinta anos depois, para combater uma ameaça mortal de um grupo de supervilões que segue aterrorizando sua cidade natal. Com estilos de vida bem distintos, elas serão submetidas a um experimento que lhes garantirá os super poderes necessários para conquistar a paz dos moradores locais. Formando um contraste peculiar, McCarthy e Spencer tentam dar corpo e gás a uma trama que se inspira nas dinâmicas dos longas buddy cop, mas infelizmente não conseguem garantir aquele delicioso sabor de uma comédia de ação inusitada, como vemos em filmes como Um Tira da Pesada, A Hora do Rush e Máquina Mortífera.
Mas as intenções são boas e Falcone – que assina o roteiro, a direção e ainda faz uma ponta no longa – tenta mesclar o humor pastelão com o screwball, a fim de promover o riso a partir de situações simples, banais e mais práticas. No entanto, os clichês de outros dos seus filmes anteriores não funcionam tão bem aqui, fazendo com que o longa caia em um limbo em sua primeira metade. Com um roteiro que se estende exageradamente na introdução de suas personagens, Esquadrão Trovão segue a maior parte do tempo sem conseguir aquelas risadas esperadas e a seriedade excessiva da protagonista de Spencer não causa o contraste inicialmente idealizado pelo diretor.
Com quase duas horas de duração, a comédia peca por não saber usar o seu tempo de tela com sabedoria e muitas vezes patina em uma trama pouco dinâmica e cativante. Sua segunda metade tenta trazer algumas cenas de ação mais eletrizantes e os bons efeitos visuais até conseguem suprir a carência do humor. Mas ainda assim, o longa desperdiça os seus protagonistas, apaga a Melissa Leo de tal forma que mal conseguimos percebê-la e traz Jason Bateman relembrando os tempos de comédia, em um personagem que tenta ser um alívio cômico adicional, mas pouco nos interessa genuinamente.
Com uma ideia comum até demais, mas que poderia muito bem ter se desenvolvido com maior habilidade, a comédia inspirada no mundo dos quadrinhos é fraca em suas piadas e quase chega a ser repetitiva em alguns momentos. Deixando a audiência a ver navios, Esquadrão Trovão nos coloca à espera de uma comédia que, embora apareça em sua descrição oficial, esqueceu de comparecer ao longo de suas quase duras horas de produção.