domingo , 24 novembro , 2024

Crítica Netflix | O Método Kominsky – Envelhecer é uma piada que nunca perde a graça

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Saber explorar a tenacidade da Melhor Idade, resgatando o vigor de consagrados atores, é uma habilidade pouco usada por Hollywood na maior parte de sua trajetória. Sempre focada na beleza da juventude, a indústria nem sempre foi gentil com seus membros mais antigos, principalmente quando são mulheres – condenando-as várias vezes ao ostracismo por aposentadoria compulsória. E cruzar as fronteiras dos 30 anos já é ardiloso, dentro e fora do meio. Mas encarar o restante da sua carreira pelas linhas de expressão de uma face no auge dos seus 60 e 70 anos é ainda mais desafiante, em um ramo onde a plasticidade do inalcançável é o que cativa os olhos. Mas a Netflix mais uma vez surpreende e como fez em Gracie and Frankie, transforma o ato de envelhecer em uma deliciosa piada que jamais perde a graça com a série O Método Kominsky.



Sandy Kominsky (Michael Douglas) é um ator que teve sua breve ascensão ao estrelato graças a um Tony Award, mas que por seu comportamento difícil viu as portas se fecharem diante si. Dono de uma habilidade performática admirável, seu talento se transformou em aulas de atuação para atores novatos que almejam uma carreira de sucesso em Hollywood. Ainda assim, aos 75 anos, ele insiste em reconquistar seu espaço, com a ajuda de um dos agentes mais famosos do ramo e que – por sinal – também é o seu melhor amigo, Norman (Alan Arkin). Juntos, eles traçam uma jornada entre fracassos, sucessos e a iminente morte em curtos episódios de pouco mais de 20 minutos de duração, que transitam pelo agridoce sabor que a velhice resguarda a todos.

Com um humor pontual que transforma a fase final da vida em um tragicômico conto, O Método Komisky é cativante por saber unir com delicadeza a dramaticidade, o amargor dos dias mais ardilosos e as inerentes alegrias que viver tanto traz consigo. Construindo uma comédia permeada pelas durezas naturais dessa faixa etária, como princípios de enfermidades graves e a perda de entes queridos, a série original da Netflix não é piegas, tão pouco mórbida em seu tom, mas domina com precisão a dramédia, sempre fortalecendo sua narrativa no lado cômico. Mostrando que, de fato, os melhores anos das nossas vidas se encontram no período que mais tememos, a produção é um deleite identificável para quem já chegou nesse temido momento, e uma deliciosa surpresa para o restante de nós, que temos uma boa caminhada até esses dias.

Trazendo dois brilhantes vencedores do Oscar, que possuem carreiras admiráveis, como os grandes protagonistas, a gigante do streaming mostra que rir de si mesmo é a maneira mais inteligente de lidar com os reveses e artimanhas que os últimos anos resguardam em si. Brincando com a morte como quem a encara com vigor e leveza, a série criada por Chuck Lorre (The Big Bang Theory e Two and a Half Men) é o melhor trabalho do produtor até o momento. Autêntica e genuinamente divertida, ela é capaz de levar a audiência das lágrimas ao riso em uma fração de segundos, sem se tornar enfadonha e incoerente, como se forçasse sua construção cômica onde de fato não haveria espaço. Como um reflexo direto de que a vida é uma inesgotável jornada agridoce de descobertas invariáveis, O Método Kominsky é natural como o curso da idade, pondera reflexões agradáveis e gera um grau de identificação com seus personagens surpreendentemente cativante. Independente de você estar em seus anos dourados ou não, Douglas e Arkin tem mais em comum contigo do que você jamais imaginaria.

Com apenas oito episódios em sua primeira temporada, a série original da Netflix é entregue à audiência em doses homeopáticas. Podendo ser uma enxurrada de 20 episódios extasiantes, Lorre prefere caminhar a passos lentos, seguindo o ritmo dos seus próprios protagonistas. Nos deixando sedentos por mais anedotas da vida na Melhor Idade, conferimos os capítulos em rápidas piscadas, com pressa para rir mais, mas temendo também pelo final da temporada. E madura e irreverente como é, a produção não se atém unicamente às inevitáveis descobertas dos anos finais, sendo ainda uma sutil crítica à indústria cinematográfica, conduzida por homens velhos que – ironicamente – insistem em desvalorizar os atores em suas fases mais maduras, desqualificando-os e reduzindo-os a papéis medianos que extraem toda a vitalidade que um dia apresentaram nas telonas. E sob a percepção de Michael Douglas e Alan Arkin, recebemos essa narrativa mediante duas brilhantes atuações, que se completam com a mesma profundidade que só uma antiga amizade conseguiria.

Profunda e extremamente catártica, a aclamada série ainda recebeu dois grandes prêmios em 2019, conquistando o Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator em Série de Comédia ou Musical, para Michael Douglas, e Melhor Série de Comédia ou Musical. Trazendo Arkin e Douglas no auge do seu bom humor e de suas respectivas atuações, O Método Kominsky é uma das raridades de Hollywood, com uma dinâmica relacional contagiante que mostra – com genialidade e genuinidade – que para quem não tem medo da morte, a vida sempre será uma hilariante aventura, independente da idade.

 

 

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Sandy Kominsky (Michael Douglas) é um ator que teve sua breve ascensão ao estrelato graças a um Tony Award, mas que por seu comportamento difícil viu as portas se fecharem diante si. Dono de uma habilidade performática admirável, seu talento se transformou em aulas de atuação para atores novatos que almejam uma carreira de sucesso em Hollywood. Ainda assim, aos 75 anos, ele insiste em reconquistar seu espaço, com a ajuda de um dos agentes mais famosos do ramo e que – por sinal – também é o seu melhor amigo, Norman (Alan Arkin). Juntos, eles traçam uma jornada entre fracassos, sucessos e a iminente morte em curtos episódios de pouco mais de 20 minutos de duração, que transitam pelo agridoce sabor que a velhice resguarda a todos.

Com um humor pontual que transforma a fase final da vida em um tragicômico conto, O Método Komisky é cativante por saber unir com delicadeza a dramaticidade, o amargor dos dias mais ardilosos e as inerentes alegrias que viver tanto traz consigo. Construindo uma comédia permeada pelas durezas naturais dessa faixa etária, como princípios de enfermidades graves e a perda de entes queridos, a série original da Netflix não é piegas, tão pouco mórbida em seu tom, mas domina com precisão a dramédia, sempre fortalecendo sua narrativa no lado cômico. Mostrando que, de fato, os melhores anos das nossas vidas se encontram no período que mais tememos, a produção é um deleite identificável para quem já chegou nesse temido momento, e uma deliciosa surpresa para o restante de nós, que temos uma boa caminhada até esses dias.

Trazendo dois brilhantes vencedores do Oscar, que possuem carreiras admiráveis, como os grandes protagonistas, a gigante do streaming mostra que rir de si mesmo é a maneira mais inteligente de lidar com os reveses e artimanhas que os últimos anos resguardam em si. Brincando com a morte como quem a encara com vigor e leveza, a série criada por Chuck Lorre (The Big Bang Theory e Two and a Half Men) é o melhor trabalho do produtor até o momento. Autêntica e genuinamente divertida, ela é capaz de levar a audiência das lágrimas ao riso em uma fração de segundos, sem se tornar enfadonha e incoerente, como se forçasse sua construção cômica onde de fato não haveria espaço. Como um reflexo direto de que a vida é uma inesgotável jornada agridoce de descobertas invariáveis, O Método Kominsky é natural como o curso da idade, pondera reflexões agradáveis e gera um grau de identificação com seus personagens surpreendentemente cativante. Independente de você estar em seus anos dourados ou não, Douglas e Arkin tem mais em comum contigo do que você jamais imaginaria.

Com apenas oito episódios em sua primeira temporada, a série original da Netflix é entregue à audiência em doses homeopáticas. Podendo ser uma enxurrada de 20 episódios extasiantes, Lorre prefere caminhar a passos lentos, seguindo o ritmo dos seus próprios protagonistas. Nos deixando sedentos por mais anedotas da vida na Melhor Idade, conferimos os capítulos em rápidas piscadas, com pressa para rir mais, mas temendo também pelo final da temporada. E madura e irreverente como é, a produção não se atém unicamente às inevitáveis descobertas dos anos finais, sendo ainda uma sutil crítica à indústria cinematográfica, conduzida por homens velhos que – ironicamente – insistem em desvalorizar os atores em suas fases mais maduras, desqualificando-os e reduzindo-os a papéis medianos que extraem toda a vitalidade que um dia apresentaram nas telonas. E sob a percepção de Michael Douglas e Alan Arkin, recebemos essa narrativa mediante duas brilhantes atuações, que se completam com a mesma profundidade que só uma antiga amizade conseguiria.

Profunda e extremamente catártica, a aclamada série ainda recebeu dois grandes prêmios em 2019, conquistando o Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator em Série de Comédia ou Musical, para Michael Douglas, e Melhor Série de Comédia ou Musical. Trazendo Arkin e Douglas no auge do seu bom humor e de suas respectivas atuações, O Método Kominsky é uma das raridades de Hollywood, com uma dinâmica relacional contagiante que mostra – com genialidade e genuinidade – que para quem não tem medo da morte, a vida sempre será uma hilariante aventura, independente da idade.

 

 

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