sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica Netflix | The Titan – Ficção Científica com Taylor Schilling, musa da casa

A Mosca do Futuro

No neoclássico oitentista A Mosca (1986), um cientista almejava a criação de uma tecnologia revolucionária para a humanidade, e no processo, num misto de egocentrismo e excentricidade, resolve utilizar a si mesmo como cobaia do experimento, amaldiçoando assim sua existência. No longa de David Cronenberg, coube à mulher (papel de Geena Davis), companheira do sofredor protagonista, servir como âncora moral da história, ao mesmo tempo surgindo como elo de salvação para o sujeito.

A Mosca não é um tema original, já que é baseado no filme A Mosca da Cabeça Branca, de 1958, e antes disso histórias como a do Médico e o Monstro e o Fantasma da Ópera foram imortalizadas, nas décadas de 1930 e 1920 respectivamente, trazendo ideias parecidas – a do homem comum transformado em monstro, e como isto afeta seu relacionamento amoroso pessoal. Agora, um novo mote para esta trama é apresentado pela Netflix, e assim como a própria empresa de streaming – que reflete o futuro das mídias audiovisuais – este conto imortal é modernizado para uma nova geração.

Em The Titan, os recursos naturais de nosso planeta começam a ficar escassos num futuro não muito distante. Assim, um órgão do governo norte-americano planeja colonizar Titan, a lua de Saturno, que possui as qualidades mais habitáveis dentre as demais opções para os humanos. Apesar disso, ajustes serão necessários, já que ainda existem muitas diferenças para a adequação da vida terrestre no local. O filme acompanha a bateria de testes e exames da equipe selecionada para se tornar a pioneira a deixar nosso planeta rumo ao desconhecido do espaço.

Em sua primeira metade, a obra é uma mescla de Apollo 13 (1995), de Ron Howard, com Perdidos no Espaço, e foca no drama da família protagonista, encabeçada por Sam Worthington (um especialista no gênero) e Taylor Schilling, que interpreta a esposa doutora. A fim de conseguirem se estabelecer no local, os astronautas do futuro precisam passar por modificações genéticas, que aos poucos vão mudando sua estrutura física e inclusive comportamental, até de fato se transformarem em… bem, iremos deixar você conferir o longa, sem grandes spoilers.

É nesta segunda metade, no entanto, que The Titan surge com ficção beirando o horror, e volta-se para os elementos citados no início deste texto. Um dos fatores que impulsiona o filme é a presença da menina de ouro da casa, Taylor Schilling, mais conhecida como Piper Chapman, da primeira série original da plataforma, Orange is the New Black (2013- ). Aqui, a bela atriz de 33 anos tem a chance de mergulhar em um papel mais dramático, dentro de um gênero diferente. Schilling, trocando as madeixas loiras costumeiras, herda uma personagem que é a alma do longa e a verdadeira protagonista.

O filme conta ainda com atores do peso de Tom Wilkinson e Nathalie Emmanuel trazendo prestígio ao longa. Apesar disso, o filme escrito por Max Hurwitz e dirigido pelo alemão estreante Lennart Ruff sofre do mal das produções menos cultuadas da plataforma, e não esconde o jeitão de filme feito para a TV – quando o termo ainda era pejorativo. Falta intensidade mais cinematográfica ao filme, que apesar da fotografia e direção de arte chamativas, exibe falta de fôlego narrativo.

Não deixe de assistir:

Reviravoltas demais criam freadas ao ritmo, dando a impressão que por diversas vezes a obra poderia ser encerrada, sem que o cineasta saiba exatamente a hora de terminar. Mesmo sem atingir o potencial que poderia, The Titan é uma pequena ficção científica que promete agradar os aficionados, e aqueles que não tiverem medo de abraçar por completo o absurdo.

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