Toni Collette é um forte nome na indústria cinematográfica. Atualmente em cartaz nos cinemas com o indicado ao OscarO Beco do Pesadelo’, é dessas atrizes que escolhem a dedo os trabalhos nos quais vai se debruçar. E a mais nova produção em que está envolvida é a minissérie de suspenseNinguém Pode Saber, que chegou ao primeiro lugar no Top 10 da Netflix e continua se mantendo entre os mais vistos da plataforma desde sua estreia.

Numa pequeníssima cidade no interior dos EUA, a jovem atendente de telefone da polícia civil Andy (Bella Heathcote) vive sua rotina comum desde que se mudou de volta para cuidar da mãe, Laura (Toni Collette), que se recupera de um câncer de mama. No dia do aniversário de Andy as duas saem para almoçar quando, de repente, um jovem alucinado começa a atirar na lanchonete. Para proteger a filha, Laura enfrenta o rapaz e acaba matando-o com um golpe incomum e preciso de faca, e imediatamente viraliza na internet, tornando-se uma espécie de heroína local. Só que isso acaba fazendo com que pessoas de seu passado descubram seu paradeiro e voltem a atormentá-la. Agora, para novamente proteger sua filha, Laura terá que enviar Andy sozinha numa jornada pelos Estados Unidos, enquanto ela mesma deverá encarar seus próprios fantasmas a fim de finalmente poder viver em paz.

Dividido em oito episódios com média de cinquenta minutos de duração cada, ‘Ninguém Pode Saber’ possui uma boa história de suspense, mas a execução em formato serial acabou gerando uma barriga no meio do enredo que dá uma leve cansada justamente quando o espectador começa a se empolgar pela trama. Baseado no livro de Karin Slaughter, a primeira temporada possui um enredo intrigante – os tais segredos do passado de Laura – porém, os primeiros quatro capítulos se resumem em apresentar o enredo e mostrar o empenho de Andy (e do espectador ao mesmo tempo) em desenrolar esse nó; a segunda parte, por fim, traz a maioria das respostas.

Assim, o roteiro de Charlotte Stoudt acaba ficando mal balanceado: até a metade do segundo episódio a trama capta a atenção, até a saída de Andy da cidade; a partir daí e até as respostas aparecerem, é um bocado de enrolação, com personagens sendo inseridos sem muita utilidade e/ou apenas para ingenuamente tentar nos confundir. O problema de a diretora Minkie Spiro fazer isso tão no começo da série é acabar cansando de fato o espectador, que, impaciente, pode querer pular logo para o meio do quarto episódio, quando tudo começa a se revelar mais rapidamente. Por outro lado, é legal pensar que é uma história escrita, dirigida, roteirizada e estrelada por mulheres.

Para quem gosta de histórias completas, ‘Ninguém Pode Saber’ tem um ciclo que se fecha ao último episódio, de modo que quem investir seu tempo terá boa parte de suas perguntas respondidas sem sentir necessidade de uma nova temporada. Com aparência de minissérie, encabeçado pela sempre sólida Toni Collette e contando ainda com a presença de Terry O’Quinn (de ‘Lost’), o suspenseNinguém Pode Saber’ prende a atenção e, caso se configure como uma história seriada, provavelmente será renovada para uma segunda temporada.