domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | No Andar de Baixo

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A Mão que faz Lambança desde o Berço

É muito gostoso participar de Festivais de Cinema, adentrando diferentes mundos, cenários e gêneros a cada exibição ao longo de dias. Esse passeio por estilos cinematográficos diferentes torna gratificante a experiência de cinéfilos, afinal qual a graça de se repetir e perceber somente um tipo de cinema? Partindo de tal princípio e mergulhando no gênero mais tenso da sétima arte, o suspense, No Andar de Baixo foi um dos chamarizes no evento deste ano em tal segmento.

Escrito e dirigido pelo britânico David Farr – que como diretor faz seu debute em longas, sendo mais conhecido pelos roteiros de Hanna (2011), ação protagonizada por Saoirse Ronan e Cate Blanchett, e The Night Manager, minissérie baseada em John Le Carré e protagonizada por Tom HiddlestonNo Andar de Baixo é a nova produção do gênero a abordar a maternidade de uma forma aflitiva, tormentosa e assustadora. Do clássico O Bebê de Rosemary (1968) até Corações Famintos (2014), um dos destaques do Festival do Rio 2014, outra jovem futura mamãe será novamente testada ao limite, transformando uma das maiores alegrias de muitas mulheres em um verdadeiro pesadelo.



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Na história passada em Londres, Clémence Poésy (a Fleur Delacour da franquia Harry Potter) e Stephen Campbell Moore (Pegando Fogo) interpretam Kate e Justin, o casal protagonista apaixonado, à espera de seu primeiro rebento. Apesar de Kate ter problemas graves com a própria mãe, a dinâmica pacífica da dupla será bruscamente interrompida após chegada dos novos condôminos Jon e Theresa, interpretados por David Morrisey (o Governador de The Walking Dead) e a belíssima atriz finlandesa Laura Birn (Caçada Mortal), igualmente marido e mulher à espera do primogênito.

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Como ensinam as boas maneiras, os anfitriões convidam os recém-chegados para um jantar, a fim de familiarizarem-se e estabelecerem um convívio cordial. Tal evento é a espinha dorsal para a estrutura do suspense, pois serve de ponto divisório no qual irão ser estabelecidos propósitos, personalidades e nível de interação de cada jogador apresentado. É um daqueles momentos chave dentro de um roteiro. A cena é bem conduzida por Farr e pelos atores, nela conseguimos vislumbrar a atitude meticulosamente dominadora do rico empresário interpretado por Morrisey (o ator tem se tornado especialista em personagens ameaçadores, que inicialmente seduzem) e a fragilidade emocional da “prisioneira” fiel vivida por Birn. Tais nuances são pressentidas pelo casal protagonista, criando momentos bem satisfatórios de tensão.

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Para não entregar muito da trama, vale dizer que a noite não termina nem perto de bem, com uma tragédia se abatendo sobre um dos casais. A partir daí, o filme adquire ares cada vez mais elevados de um thriller, fazendo crescer a cada cena até um desfecho apoteótico. É admirável o talento de certos cineastas e seu domínio de gênero, no Festival deste ano tivemos alguns exemplos. São roteiros criados com uma crescente de tensão a cada novo bloco de cenas, estrategicamente confeccionadas, subindo a cada novo momento nosso interesse pelo que está sendo mostrado e pelo que virá a seguir.

No Andar de Baixo é um filme de orçamento pequeno, passado basicamente em um único cenário, a casa dividida em duas, e com um elenco principal de quatro atores, sem nenhum rosto famoso. Nesse tipo de filme, o roteiro deve ser a força e o diferencial, e aqui o cineasta Farr acerta criando uma narrativa acessível, em uma obra cujo teor remete muito ao das produções de suspense das décadas de 1980 e 1990. Porém, desenvolve tudo sem exageros ou egocentrismos, transitando bem entre entretenimento e um drama cru e realístico. Apesar de certa previsibilidade no desfecho desta história, o filme de Farr entrega camadas de desenvolvimento de personagens e reviravoltas que soam como truques de mágica, fazendo o público olhar para um lado, enquanto mostra algo no outro. O efeito”fumaça e espelhos” é criado, mas o diretor não perde a coragem, seguindo com forte grau de intensidade e valor de choque até a última cena, assim entrando para seleta lista de filmes do subgênero “terror na gravidez”.

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Escrito e dirigido pelo britânico David Farr – que como diretor faz seu debute em longas, sendo mais conhecido pelos roteiros de Hanna (2011), ação protagonizada por Saoirse Ronan e Cate Blanchett, e The Night Manager, minissérie baseada em John Le Carré e protagonizada por Tom HiddlestonNo Andar de Baixo é a nova produção do gênero a abordar a maternidade de uma forma aflitiva, tormentosa e assustadora. Do clássico O Bebê de Rosemary (1968) até Corações Famintos (2014), um dos destaques do Festival do Rio 2014, outra jovem futura mamãe será novamente testada ao limite, transformando uma das maiores alegrias de muitas mulheres em um verdadeiro pesadelo.

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Na história passada em Londres, Clémence Poésy (a Fleur Delacour da franquia Harry Potter) e Stephen Campbell Moore (Pegando Fogo) interpretam Kate e Justin, o casal protagonista apaixonado, à espera de seu primeiro rebento. Apesar de Kate ter problemas graves com a própria mãe, a dinâmica pacífica da dupla será bruscamente interrompida após chegada dos novos condôminos Jon e Theresa, interpretados por David Morrisey (o Governador de The Walking Dead) e a belíssima atriz finlandesa Laura Birn (Caçada Mortal), igualmente marido e mulher à espera do primogênito.

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Como ensinam as boas maneiras, os anfitriões convidam os recém-chegados para um jantar, a fim de familiarizarem-se e estabelecerem um convívio cordial. Tal evento é a espinha dorsal para a estrutura do suspense, pois serve de ponto divisório no qual irão ser estabelecidos propósitos, personalidades e nível de interação de cada jogador apresentado. É um daqueles momentos chave dentro de um roteiro. A cena é bem conduzida por Farr e pelos atores, nela conseguimos vislumbrar a atitude meticulosamente dominadora do rico empresário interpretado por Morrisey (o ator tem se tornado especialista em personagens ameaçadores, que inicialmente seduzem) e a fragilidade emocional da “prisioneira” fiel vivida por Birn. Tais nuances são pressentidas pelo casal protagonista, criando momentos bem satisfatórios de tensão.

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Para não entregar muito da trama, vale dizer que a noite não termina nem perto de bem, com uma tragédia se abatendo sobre um dos casais. A partir daí, o filme adquire ares cada vez mais elevados de um thriller, fazendo crescer a cada cena até um desfecho apoteótico. É admirável o talento de certos cineastas e seu domínio de gênero, no Festival deste ano tivemos alguns exemplos. São roteiros criados com uma crescente de tensão a cada novo bloco de cenas, estrategicamente confeccionadas, subindo a cada novo momento nosso interesse pelo que está sendo mostrado e pelo que virá a seguir.

No Andar de Baixo é um filme de orçamento pequeno, passado basicamente em um único cenário, a casa dividida em duas, e com um elenco principal de quatro atores, sem nenhum rosto famoso. Nesse tipo de filme, o roteiro deve ser a força e o diferencial, e aqui o cineasta Farr acerta criando uma narrativa acessível, em uma obra cujo teor remete muito ao das produções de suspense das décadas de 1980 e 1990. Porém, desenvolve tudo sem exageros ou egocentrismos, transitando bem entre entretenimento e um drama cru e realístico. Apesar de certa previsibilidade no desfecho desta história, o filme de Farr entrega camadas de desenvolvimento de personagens e reviravoltas que soam como truques de mágica, fazendo o público olhar para um lado, enquanto mostra algo no outro. O efeito”fumaça e espelhos” é criado, mas o diretor não perde a coragem, seguindo com forte grau de intensidade e valor de choque até a última cena, assim entrando para seleta lista de filmes do subgênero “terror na gravidez”.

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