quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | No Gogó do Paulinho – Comédia da Amazon traz as origens do Paulinho Gogó

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Em time que está ganhando, não se mexe – já diz o ditado. E, após o estrondoso (e, de certa forma, inesperado) sucesso de ‘Os Farofeiros’ no cinema, em 2018, a dupla Paulinho Gogó e Cacau Protásio está de volta ao protagonismo, dessa vez em ‘No Gogó do Paulinho’, nova comédia brasileira da Amazon Prime.



Sentado em um banco da Praça Paris, no centro do Rio de Janeiro, Paulinho Gogó (Maurício Manfrini) reflete sobre como sua vida chegou ao ponto em que está. Durante essa reflexão em voz alta, Paulinho vai contando as histórias de sua vida, e isso vai atraindo os transeuntes da praça, que se sentam para ouvir e debater a veracidade dos fatos. E todos os causos levam a como ele conseguiu conquistar o amor da sua vida: Nega Juju (Cacau Protásio).

Configurado no formato de esquetes sequenciais, o roteiro de Paulo Cursino (que também é responsável por outro grande lançamento desse fim de ano, ‘Tudo Bem no Natal Que Vem’, da Netflix) consegue costurar essas esquetes com o fio condutor da trama – Paulinho Gogó na praça, no momento presente – de modo que os episódios não fiquem soltos no longa. Essa preocupação – que parece evidente – nem sempre tem ocorrido nas comédias nacionais, portanto, é um ponto positivo que deve ser exaltado.

As aventuras e desventuras de Paulinho Gogó se alternam entre o humor inocente (uma vez que o próprio personagem parece estar se deparando com as malícias da vida, muitas delas vividas ainda na infância, interpretadas pelo ator mirim Gabriel Moreira – o Cascão, da ‘Turma da Mônica’) e as indiretinhas que o espectador vai conseguir pescar (como no episódio do avião, em que um dos soldados tem a voz bem parecida com um certo presidente). O humor indireto está, inclusive, nos vários sósias que aparecem para fingir serem grandes personalidades (que o público rapidamente consegue reconhecer) – uma brincadeira do roteiro para atribuir a Gogó a criação de grandes sucessos da música de Zeca Pagodinho, Molejo, etc.

Embora se chame ‘No Gogó do Paulinho’, quem rouba mesmo a cena é Cacau Protásio e sua equivalente mirim, Alice Donath, ambas muito confiantes em seus papéis, transitando da juventude para o mundo adulto com grande sintonia. É interessante reparar que embora o filme seja sobre Paulinho Gogó, a trama toda gira em torno da personagem Nega Juju, exaltando-a da forma como ela é e, portanto, exaltando o protagonismo de personagens pretas (e gordas) nas telonas.

Apesar dos muitos pontos positivos, ‘No Gogó do Paulinho’ quer atingir o grande público brasileiro, menos exigente de piadas inteligentes e mais interessado em ver-se representado nas trapalhadas de Gogó. É o tipo de filme que se passasse direto na tv aberta, faria grandíssimo sucesso, mas, tendo ido para a Amazon Prime pode acabar sofrendo a rejeição dos assinantes. Para quem acompanhou o surgimento desse personagem em ‘A Praça é Nossa’, é um filme bastante nostálgico que resgata os grandes sucessos deste personagem que ajudou a reconfigurar o programa de Carlos Alberto de Nóbrega. É uma bela homenagem, mas que apenas quem acompanhou o programa conseguirá desfrutar por completo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Sentado em um banco da Praça Paris, no centro do Rio de Janeiro, Paulinho Gogó (Maurício Manfrini) reflete sobre como sua vida chegou ao ponto em que está. Durante essa reflexão em voz alta, Paulinho vai contando as histórias de sua vida, e isso vai atraindo os transeuntes da praça, que se sentam para ouvir e debater a veracidade dos fatos. E todos os causos levam a como ele conseguiu conquistar o amor da sua vida: Nega Juju (Cacau Protásio).

Configurado no formato de esquetes sequenciais, o roteiro de Paulo Cursino (que também é responsável por outro grande lançamento desse fim de ano, ‘Tudo Bem no Natal Que Vem’, da Netflix) consegue costurar essas esquetes com o fio condutor da trama – Paulinho Gogó na praça, no momento presente – de modo que os episódios não fiquem soltos no longa. Essa preocupação – que parece evidente – nem sempre tem ocorrido nas comédias nacionais, portanto, é um ponto positivo que deve ser exaltado.

As aventuras e desventuras de Paulinho Gogó se alternam entre o humor inocente (uma vez que o próprio personagem parece estar se deparando com as malícias da vida, muitas delas vividas ainda na infância, interpretadas pelo ator mirim Gabriel Moreira – o Cascão, da ‘Turma da Mônica’) e as indiretinhas que o espectador vai conseguir pescar (como no episódio do avião, em que um dos soldados tem a voz bem parecida com um certo presidente). O humor indireto está, inclusive, nos vários sósias que aparecem para fingir serem grandes personalidades (que o público rapidamente consegue reconhecer) – uma brincadeira do roteiro para atribuir a Gogó a criação de grandes sucessos da música de Zeca Pagodinho, Molejo, etc.

Embora se chame ‘No Gogó do Paulinho’, quem rouba mesmo a cena é Cacau Protásio e sua equivalente mirim, Alice Donath, ambas muito confiantes em seus papéis, transitando da juventude para o mundo adulto com grande sintonia. É interessante reparar que embora o filme seja sobre Paulinho Gogó, a trama toda gira em torno da personagem Nega Juju, exaltando-a da forma como ela é e, portanto, exaltando o protagonismo de personagens pretas (e gordas) nas telonas.

Apesar dos muitos pontos positivos, ‘No Gogó do Paulinho’ quer atingir o grande público brasileiro, menos exigente de piadas inteligentes e mais interessado em ver-se representado nas trapalhadas de Gogó. É o tipo de filme que se passasse direto na tv aberta, faria grandíssimo sucesso, mas, tendo ido para a Amazon Prime pode acabar sofrendo a rejeição dos assinantes. Para quem acompanhou o surgimento desse personagem em ‘A Praça é Nossa’, é um filme bastante nostálgico que resgata os grandes sucessos deste personagem que ajudou a reconfigurar o programa de Carlos Alberto de Nóbrega. É uma bela homenagem, mas que apenas quem acompanhou o programa conseguirá desfrutar por completo.

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