sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Nosso Sonho – Cinebiografia de Claudinho e Buchecha é o MELHOR Filme Brasileiro do Ano

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Ser taxativo é sempre muito delicado no âmbito das artes. Porém, quando encontramos uma conjunção tão perfeita de tantos departamentos que fazem parte de uma produção cinematográfica é irresistível não enxergar esta produção como um produto perfeito, mesmo correndo o risco de ser injusto como outros bons filmes. Portanto, não é exagero dizer que o longa ‘Nosso Sonho’ é o melhor filme brasileiro do ano.



Era início dos anos 1990 quando Buchecha (Juan Paiva, em seu melhor trabalho) foi obrigado a deixar sua casa em São Gonçalo e ir morar com sua tia no Morro do Salgueiro, na mesma cidade. Lá ele reencontra seu grande amigo de infância, Claudinho (Lucas Penteado, brilhante), que o apresenta a todo mundo. Feliz por ter conseguido um trabalho de carteira assinada, Buchecha inicialmente nem dá bola para os comentários de seu amigo sobre montar uma dupla de MC para cantar funk. Porém, quando percebe o impacto que os MCs têm nas mulheres, Buchecha muda de ideia e topa participar de uma batalha para representar o Morro do Salgueiro. O que ele jamais poderia imaginar é que aquele seria o início da história da maior dupla de funk melody desse país.

Para quem teve a infância ou a adolescência na virada dos anos 1990 para os anos 2000, ouvir Claudinho e Buchecha era simplesmente algo do qual não se podia fugir. As músicas dos caras tocavam nas rádios, nos programas de televisão, nas festas da classe média, nos bailes de favela; eles estampavam capas de revista e chegaram a fazer parceria com cantores de renome como Lulu Santos e Adriana Calcanhoto. Tendo embalado toda uma geração, ‘Nosso Sonho’ também funciona como um registro de uma época e como apresentação para as atuais gerações.

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A importância da dupla para a música brasileira é indiscutível, apesar de muita gente não reconhecer o funk como música. Essa é a beleza do roteiro de Eduardo Albergaria, Daniel Dias e Mauricio Lissovsky, que caminha lado a lado entre o drama e o musical (sob a direção de Plínio Profeta, que também foi responsável pela trilha de ‘Medida Provisória‘), colocando canções inteiras da dupla no filme justamente para estimular a nostalgia e a felicidade no público que conhece as letras. Vale apontar a dedicação da dupla Lucas e Juan que realmente canta todas as músicas, demonstrando toda a entrega e o potencial dos dois para realizar o filme. Mesmo sendo drama, o roteiro dosa com perfeição os momentos de humor, balanceados especialmente por Lucas Penteado, que constrói um Claudinho leve e carismático. Sua atuação confere homenagem e amor ao cantor e certamente lhe renderá muitos prêmios.

Com participação especial luxuosa de Antonio Pitanga, o longa conta com Isabela Garcia e Tati Tibúrcio no elenco principal. O enredo ainda encontra espaço para homenagear outra dupla muito querida da geração anos 1990: MC Cidinho e MC Doca. Talvez o único ponto que poderia ter sido melhorado é a montagem, que por mais de uma vez se demora para além do necessário em determinadas cenas, prolongando-a ao ponto de fazer quebrar o ritmo, tão ágil e de tão dinâmico da narrativa. Mesmo assim, não é o suficiente para cansar o espectador.

O projeto de contar a vida desses icônicos artistas encontrou as mãos certas na direção de Eduardo Albergaria, que imprimiu dinamismo nas cenas de baile e sem focar em nenhum tipo de tragédia que os dois possam ter vivido. Ao contrário, as duas horas de duração são sobre amizade e parceria na perseguição de um sonho improvável, mas que se tornou real na voz desses dois.

Nosso Sonho’ é um filmaço alegre, pra cima, para ver e rever muitas vezes e cantar alto na sala de cinema. É o funk gonçalense ganhando as telonas, como cantaram Claudinho e Buchecha.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Ser taxativo é sempre muito delicado no âmbito das artes. Porém, quando encontramos uma conjunção tão perfeita de tantos departamentos que fazem parte de uma produção cinematográfica é irresistível não enxergar esta produção como um produto perfeito, mesmo correndo o risco de ser injusto como outros bons filmes. Portanto, não é exagero dizer que o longa ‘Nosso Sonho’ é o melhor filme brasileiro do ano.

Era início dos anos 1990 quando Buchecha (Juan Paiva, em seu melhor trabalho) foi obrigado a deixar sua casa em São Gonçalo e ir morar com sua tia no Morro do Salgueiro, na mesma cidade. Lá ele reencontra seu grande amigo de infância, Claudinho (Lucas Penteado, brilhante), que o apresenta a todo mundo. Feliz por ter conseguido um trabalho de carteira assinada, Buchecha inicialmente nem dá bola para os comentários de seu amigo sobre montar uma dupla de MC para cantar funk. Porém, quando percebe o impacto que os MCs têm nas mulheres, Buchecha muda de ideia e topa participar de uma batalha para representar o Morro do Salgueiro. O que ele jamais poderia imaginar é que aquele seria o início da história da maior dupla de funk melody desse país.

Para quem teve a infância ou a adolescência na virada dos anos 1990 para os anos 2000, ouvir Claudinho e Buchecha era simplesmente algo do qual não se podia fugir. As músicas dos caras tocavam nas rádios, nos programas de televisão, nas festas da classe média, nos bailes de favela; eles estampavam capas de revista e chegaram a fazer parceria com cantores de renome como Lulu Santos e Adriana Calcanhoto. Tendo embalado toda uma geração, ‘Nosso Sonho’ também funciona como um registro de uma época e como apresentação para as atuais gerações.

A importância da dupla para a música brasileira é indiscutível, apesar de muita gente não reconhecer o funk como música. Essa é a beleza do roteiro de Eduardo Albergaria, Daniel Dias e Mauricio Lissovsky, que caminha lado a lado entre o drama e o musical (sob a direção de Plínio Profeta, que também foi responsável pela trilha de ‘Medida Provisória‘), colocando canções inteiras da dupla no filme justamente para estimular a nostalgia e a felicidade no público que conhece as letras. Vale apontar a dedicação da dupla Lucas e Juan que realmente canta todas as músicas, demonstrando toda a entrega e o potencial dos dois para realizar o filme. Mesmo sendo drama, o roteiro dosa com perfeição os momentos de humor, balanceados especialmente por Lucas Penteado, que constrói um Claudinho leve e carismático. Sua atuação confere homenagem e amor ao cantor e certamente lhe renderá muitos prêmios.

Com participação especial luxuosa de Antonio Pitanga, o longa conta com Isabela Garcia e Tati Tibúrcio no elenco principal. O enredo ainda encontra espaço para homenagear outra dupla muito querida da geração anos 1990: MC Cidinho e MC Doca. Talvez o único ponto que poderia ter sido melhorado é a montagem, que por mais de uma vez se demora para além do necessário em determinadas cenas, prolongando-a ao ponto de fazer quebrar o ritmo, tão ágil e de tão dinâmico da narrativa. Mesmo assim, não é o suficiente para cansar o espectador.

O projeto de contar a vida desses icônicos artistas encontrou as mãos certas na direção de Eduardo Albergaria, que imprimiu dinamismo nas cenas de baile e sem focar em nenhum tipo de tragédia que os dois possam ter vivido. Ao contrário, as duas horas de duração são sobre amizade e parceria na perseguição de um sonho improvável, mas que se tornou real na voz desses dois.

Nosso Sonho’ é um filmaço alegre, pra cima, para ver e rever muitas vezes e cantar alto na sala de cinema. É o funk gonçalense ganhando as telonas, como cantaram Claudinho e Buchecha.

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