domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Novo episódio de ‘Only Murders in the Building’ é o MELHOR da 4ª temporada até agora

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É um fato dizer que a 4ª temporada de Only Murders in the Building vem se provando uma das melhores da série – e, quando esperávamos que a série atingiria uma espécie de platô criativo, mantendo-se fiel à sua grandiosidade narrativa e performática, fomos presenteados com o episódio mais sólido do recente ciclo até agora.

Intitulado “Adaptation”, o capítulo assinado por J.J. Philbin e Ella Robinson Brooks é um deleite para os olhos e uma das gemas do circuito seriado deste ano, mergulhando de cabeça em uma mistura perfeita de mistério, comédia e drama que nos mantém vidrados nas telinhas do começo ao fim. E, como se não bastasse, era notável como o elenco vinha fazendo um trabalho esplêndido, entregando-se de corpo e alma a seus respectivos personagens; porém, nesta iteração, eles elevam suas performances a níveis espetaculares, seja na cadência dos diálogos, seja na química que mantêm um com o outro.



Seguindo de perto os eventos do capítulo anterior, Charles (Steve Martin), Mabel (Selena Gomez) e Oliver (Martin Short) encontram o local onde a falecida Sazz (Jane Lynch) desejava montar um acampamento para treinar jovens dublês – apenas para se depararem com uma histérica Bev (Molly Shannon) apontando-lhes um revólver. Porém, Bev explica que apenas teve uma reação imediata à aparição do trio, visto que ela mesma estava investigando o que aconteceu a Sazz – principalmente depois de revelar a eles que a dublê havia entregado uma mensagem estranha sobre o bem-estar e o futuro do filme pelo qual a produtora estava responsável, minutos antes de ser baleada. Não demora muito até que Bev, Charles, Mabel e Oliver entrem em comum acordo sobre um dos membros do longa-metragem estar envolvido com o assassinato.

A partir daí, as investigações tomam um rumo maior: os nossos amados detetives, crentes de que estavam chegando a algum lugar, percebem que certos elementos não se encaixam e posam como um obstáculo para o caminhar das coisas. E, após conversarem com Bev e levarem um “banho de água fria” da policial Donna (Da’Vine Joy Randolph), eles percebem que a gama de suspeitos é muito maior do que imaginavam – envolvendo cada um dos membros da equipe técnica e do elenco. Tentando arrancar álibis ou motivos daqueles que os cercam (sem deixar óbvio de quem realmente desconfiam), Charles, Mabel e Oliver percebem que podem estar caminhando para um precipício enquanto lidam com suas próprias angústias.

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Philbin e Brooks são o nosso verdadeiro foco aqui: ocupando-se com maestria de um roteiro movido pelo melhor do nonsense, cada engrenagem se encaixa com perfeição à outra, permitindo que o ritmo de um breve episódio de pouco mais de meia hora seja calculado com esmero e navegando entre os altos e baixos de um bom enredo. Além disso, percebemos o cuidado com que as escritoras singram por um tema de presença forte na atualidade – o da síndrome do impostor -, permitindo que os problemas pessoais dos personagens, protagonistas ou coadjuvantes, sejam reflexo de suas escolhas e de que formam escolhem os caminhos tomados em prol de um objetivo que, por enquanto, não está tão claro. E é claro que o título do episódio seria levado em consideração, homenageando, em tema e em precisão, um dos maiores clássicos de Charlie Kaufman, ‘Adaptação’.

Como a cereja do bolo, temos atuações irretocáveis que vão para além de Martin, Short e Gomez. O destaque principal é dado aos membros regulares e convidados da iteração, a começar por Shannon, uma das grandes gênias da comédia, que sabe como conduzir a expressividade propositalmente exagerada de Bev em uma agressividade passiva e condescendente que nos arranca gargalhadas; Randolph, dando as caras em breves sequências, nos ataca com ferocidade e conforto dentro das camadas que pode explorar acerca de Donna; Paul Rudd diverte-se em uma interpretação hilária de Glen Stubbins, ex-dublê de Ben Glenroy e, agora, dublê de Oliver no longa da Paramount; e até mesmo Eva Longoria busca elementos de seu tempo em ‘Desperate Housewives’ como Gabby para compor sua pontual aparição.

Only Murders in the Building retorna com um capítulo impecável que não possui quaisquer falhas – e que, sabendo como conduzir a si mesmo através de um time de talento inegável, permite que a história sagre uma das primeiras grandes reviravoltas (que nos deixa instigados para a semana seguinte).

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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É um fato dizer que a 4ª temporada de Only Murders in the Building vem se provando uma das melhores da série – e, quando esperávamos que a série atingiria uma espécie de platô criativo, mantendo-se fiel à sua grandiosidade narrativa e performática, fomos presenteados com o episódio mais sólido do recente ciclo até agora.

Intitulado “Adaptation”, o capítulo assinado por J.J. Philbin e Ella Robinson Brooks é um deleite para os olhos e uma das gemas do circuito seriado deste ano, mergulhando de cabeça em uma mistura perfeita de mistério, comédia e drama que nos mantém vidrados nas telinhas do começo ao fim. E, como se não bastasse, era notável como o elenco vinha fazendo um trabalho esplêndido, entregando-se de corpo e alma a seus respectivos personagens; porém, nesta iteração, eles elevam suas performances a níveis espetaculares, seja na cadência dos diálogos, seja na química que mantêm um com o outro.

Seguindo de perto os eventos do capítulo anterior, Charles (Steve Martin), Mabel (Selena Gomez) e Oliver (Martin Short) encontram o local onde a falecida Sazz (Jane Lynch) desejava montar um acampamento para treinar jovens dublês – apenas para se depararem com uma histérica Bev (Molly Shannon) apontando-lhes um revólver. Porém, Bev explica que apenas teve uma reação imediata à aparição do trio, visto que ela mesma estava investigando o que aconteceu a Sazz – principalmente depois de revelar a eles que a dublê havia entregado uma mensagem estranha sobre o bem-estar e o futuro do filme pelo qual a produtora estava responsável, minutos antes de ser baleada. Não demora muito até que Bev, Charles, Mabel e Oliver entrem em comum acordo sobre um dos membros do longa-metragem estar envolvido com o assassinato.

A partir daí, as investigações tomam um rumo maior: os nossos amados detetives, crentes de que estavam chegando a algum lugar, percebem que certos elementos não se encaixam e posam como um obstáculo para o caminhar das coisas. E, após conversarem com Bev e levarem um “banho de água fria” da policial Donna (Da’Vine Joy Randolph), eles percebem que a gama de suspeitos é muito maior do que imaginavam – envolvendo cada um dos membros da equipe técnica e do elenco. Tentando arrancar álibis ou motivos daqueles que os cercam (sem deixar óbvio de quem realmente desconfiam), Charles, Mabel e Oliver percebem que podem estar caminhando para um precipício enquanto lidam com suas próprias angústias.

Philbin e Brooks são o nosso verdadeiro foco aqui: ocupando-se com maestria de um roteiro movido pelo melhor do nonsense, cada engrenagem se encaixa com perfeição à outra, permitindo que o ritmo de um breve episódio de pouco mais de meia hora seja calculado com esmero e navegando entre os altos e baixos de um bom enredo. Além disso, percebemos o cuidado com que as escritoras singram por um tema de presença forte na atualidade – o da síndrome do impostor -, permitindo que os problemas pessoais dos personagens, protagonistas ou coadjuvantes, sejam reflexo de suas escolhas e de que formam escolhem os caminhos tomados em prol de um objetivo que, por enquanto, não está tão claro. E é claro que o título do episódio seria levado em consideração, homenageando, em tema e em precisão, um dos maiores clássicos de Charlie Kaufman, ‘Adaptação’.

Como a cereja do bolo, temos atuações irretocáveis que vão para além de Martin, Short e Gomez. O destaque principal é dado aos membros regulares e convidados da iteração, a começar por Shannon, uma das grandes gênias da comédia, que sabe como conduzir a expressividade propositalmente exagerada de Bev em uma agressividade passiva e condescendente que nos arranca gargalhadas; Randolph, dando as caras em breves sequências, nos ataca com ferocidade e conforto dentro das camadas que pode explorar acerca de Donna; Paul Rudd diverte-se em uma interpretação hilária de Glen Stubbins, ex-dublê de Ben Glenroy e, agora, dublê de Oliver no longa da Paramount; e até mesmo Eva Longoria busca elementos de seu tempo em ‘Desperate Housewives’ como Gabby para compor sua pontual aparição.

Only Murders in the Building retorna com um capítulo impecável que não possui quaisquer falhas – e que, sabendo como conduzir a si mesmo através de um time de talento inegável, permite que a história sagre uma das primeiras grandes reviravoltas (que nos deixa instigados para a semana seguinte).

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