sexta-feira, abril 26, 2024

Crítica | O Amor é Estranho

O Amor em Todas as Suas Formas

Sucesso em todos os festivais nos quais foi exibido desde sua estreia em Sundance (incluindo no do Rio), O Amor é Estranho escalou até muitas listas dos melhores, incluindo a do prestigiado e icônico veículo francês Cahiers du Cinéma. A história não poderia ser mais atual, e apresenta um relacionamento que já dura quatro décadas, entre os personagens dos veteranos John Lithgow (Interestelar) e Alfred Molina (The Normal Heart). A dupla decide oficializar a relação, ao mesmo tempo precisando enfrentar uma das maiores adversidades de sua vida conjunta a esta “altura do campeonato”.

George (Molina) é demitido de seu cargo de professor num local cristão, forçando-os a vender seu apartamento e procurar um local mais acessível ao seu novo orçamento. No ínterim, precisam recorrer ao apoio da família e amigos. George passa a viver temporariamente com vizinhos, dois policiais, também um casal homossexual; enquanto Ben (Lithgow) busca abrigo na casa do sobrinho (Darren Burrows), sua esposa escritora (Marisa Tomei) e o jovem filho deles (Charlie Tahan). O difícil momento força uma separação temporária, que irá colocar à prova, mas também fortalecer, seu relacionamento.

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O primoroso roteiro de Ira Sachs (Vida de Casado e Deixe a Luz Acesa) – também o diretor da obra – apresenta diversas vertentes do amor, e as discute de forma séria e adulta, pensando em todos os aspectos. Apesar de ser um filme sobre o relacionamento da dupla protagonista, O Amor é Estranho também foca em outros relacionamentos e outros tipos de amor (como o amor entre parentes ou amigos). Temos, por exemplo, o relacionamento do sobrinho de Ben e sua esposa, ou do menino Joey (Tahan) com seu melhor amigo Vlad (Eric Tabach), e depois com a namorada, na descoberta de sua sexualidade na adolescência.

Em jogo também entra o amor que os parentes e amigos sentem pela dupla, já que de forma altruísta superam barreiras para ajudá-los. Enquanto George entra em contato com o mundo jovem novamente, ao participar de festas e conhecer amigos de seus anfitriões, Ben se torna algo como um estorvo, ao atrapalhar tarefas escolares do menino Joey ou a criatividade de Kate (Tomei) para escrever, já que trabalha em casa. Além de ser uma obra repleta de sentimentos, o filme também aborda o eterno fantasma econômico que assola os americanos sem um bom plano financeiro para a vida.

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O assustador mercado imobiliário de Nova York (muito identificável aqui no Rio de Janeiro) é um elemento latente do filme de Sachs, e se comporta como o grande vilão da história. Alfred Molina (60 anos na época do lançamento) e John Lithgow (68 anos na época do lançamento) entregam alguns dos melhores desempenhos de suas carreiras, de forma muito honesta. De tremendo bom gosto e com mais alma do que a maioria dos filmes que geralmente recebemos, O Amor é Estranho continuará a ser eleito um dos melhores, seja qual for o ano de sua exibição (para nós brasileiros, é garantido de figurar nas listas deste ano).

Imagine a sensibilidade, doçura e acessibilidade de Hoje eu Quero Voltar Sozinho, em versão da terceira idade, e com problemas adultos e reais, extremamente identificáveis para todos. O Amor é Estranho não se deixa rotular ou ficar “preso numa caixa”. Com seu apelo imediatista, o filme lida com pessoas maduras e evoluídas, mostrando como enfrentam um grande problema a certa altura da vida. Se for para resumi-lo, é mais válido dizer que esta é uma história americana. No entanto, apresentando sentimentos reconhecíveis a todos os seres humanos. O desfecho é estarrecedor e belo, beirando a perfeição.

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