quinta-feira, junho 20, 2024

Crítica | O Anel de Eva – Filme usa Ficção Para Contar Sobre Fuga de Oficiais Nazistas para o Brasil na II Guerra Mundial

Quanto mais mexemos no passado da história mundial, mais descobrimos coisas até então desconhecidas pelas pessoas. Isso vale tanto para regiões ainda não escavadas por arqueólogos, por exemplo, e que descobrem características culturais enterradas pelo tempo, quanto também vale para histórias (ou parte delas) que ficaram enterradas no passado, sob sigilo ou segredo, e que ao se puxar um pedacinho do fio que a amarra, acaba desvendando todo um mistério até então não sabido pela população. E quando focamos nosso olhar para as guerras mundiais, mesmo hoje, há cerca de cem anos passados de ambos os episódios, ainda é possível descobrir mais e mais absurdos que ocorreram naqueles períodos, mas que até então não eram de conhecimento de grande público. E como veículo de divulgação, os livros e produções de ficção têm servido como grandes ferramentas de comunicação, tal qual ocorre com o longa ‘O Anel de Eva’, filme brasileiro de drama que chega a partir dessa semana ao circuito exibidor.

Homem rezando em um ambiente escuro com luz.

Eva (Suzana Pires, do inédito ‘Câncer com Ascendente em Virgem’) e Marcelo (Luciano Bortoluzzi) acabaram de perder o pai. Em meio à tristeza da perda, Pedro (Sandro Lucose) entrega à Eva uma caixa cheia de elementos que comprovam que Eva não só não é filha biológica dos pais deles, como também sequer fora registrada em cartório. Tudo isso porque Marcelo, que é médico, nunca se interessou pela fazenda da família, mas, agora, diante da morte do pai e a abertura do inventário da herança, ele quer lutar para que a partilha seja justa para ele, que se considera filho legítimo. Mas Eva está muito mais preocupada com os porcos selvagens que rondam a fazenda e o misterioso conteúdo da tal caixa, que fará com que seu caminho se cruze com o do perigoso fazendeiro Martin (Odilon Wagner, cuja carreira se consolidou nas novelas de tv).

Em uma hora e meia de duração, ‘O Anel de Eva’ tem como argumento um fator muito interessante e que certamente provoca a curiosidade do espectador: a vinda de (então) oficiais nazistas para o Brasil, na época das guerras mundiais, para aqui se esconderem – e se isentarem dos julgamentos que viriam após a queda do Reich. Este tema ainda é muitíssimo pouco debatido ou colocado nos filmes, mas fato é que o Brasil recebeu muitos soldados e oficiais do exército de Hitler, que aqui buscaram de refugiar e viver a vida em paz, longe das consequências que enfrentariam por seus envolvimentos na guerra. Há boatos até de que o próprio Hitler teria se escondido no Amazonas, mas até hoje nada foi confirmado.

Homem de chapéu conversando ao ar livre.

Partindo desse tema pouco conversado abertamente, o roteiro de Pedro Reinato e Eduardo Ribeiro insere diversos elementos para construir um enredo sofisticado e cheio de vontade, mas que justamente por tanto querer, acaba faltando em alguns pontos. Os muitos elementos inseridos (a briga familiar, a questão da herança, a busca de identidade, a sexualidade da sobrinha, a ciência, a vida no interior, a vida amorosa da protagonista etc) acabam desviando o foco do que é o cerne da curiosidade do espectador: a história levantada sobre a possibilidade de oficiais nazistas terem se escondido no interior do país.

Mesmo assim, ‘O Anel de Eva’ é um filme corajoso de Duflair Barradas por tocar nesse delicado assunto e por fazê-lo através de um protagonismo feminino, firmemente encarado pela igualmente forte Suzana Pires. É o cinema autoral brasileiro que busca provocar reflexão e incômodo ao grande público.

Duas pessoas armadas em cena tensa de filme.

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