quinta-feira, abril 18, 2024

Crítica | O Assassino: O Primeiro Alvo – Adaptação de livro rende filme de ação genérico

Com quantos Dylan O´Brien se faz um herói de ação?

O ator Dylan O´Brien se tornou sensação teen da noite para o dia. Tudo porque o rapaz estrelou algumas produções abraçadas pelo público de tal faixa etária, vide os filmes da franquia Maze Runner (2014, 2015 e 2018) e o seriado novelesco Lobo Adolescente (Teen Wolf). Isso foi o bastante para seu nome ser catapultado ao status de ídolo da juventude. Mas o que ocorre em casos assim é que o talento precisa ser posto à prova para que o ícone corresponda a sua fama.

Não estou dizendo que O´Brien não tenha talento algum como ator, apenas é o caso de salto muito rápido, ou o clássico passo maior que a perna. Existe um espaço profundo que separa um ídolo adolescente em obras miradas a este tipo de público e o protagonista de um filme de maior ressonância. Para este passo ser dado é necessário um pouco mais de experiência e atuações em outros tipos de obras antes, de diferentes gêneros, até mesmo em papeis secundários.

A participação do jovem ator em Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (2016) embasa minha teoria. O´Brien se sai muito bem ali, com um trabalho na medida certa, amadurecendo sua performance num filme mais significativo e de maior relevância ao público adulto. Ele desempenha um trabalho que não é muito pequeno, mas ao mesmo tempo não é o centro das atenções.

 

Exatamente o oposto ocorre em O Assassino: O Primeiro Alvo, baseado em um dos livros da série literária criada por Vince Flynn (jovem autor falecido aos 47 anos em 2013). Aqui, O´Brien, aos 26 anos, mas carinha e jeitinho de 20, é moldado como herói de ação, e pedido para que segure um filme de espionagem nas costas como protagonista. Não cola! Alguém lembra de Taylor Lautner (o lobinho de Crepúsculo) tentando fazer o mesmo em Sem Saída (2011)? Pois é, o resultado termina como algo parecido.

Com sua aparência de Justin Bieber (o que inclui o penteado), o ator vive Mitch Rapp, um jovem obsessivo, que da noite para o dia (literalmente) invade computadores de terroristas, aprende o idioma deles, tudo sobre suas crenças e consegue chegar perto o suficiente para desmantelar uma célula. Isso tudo antes de adentrar na CIA ou completar trinta anos.

Essa escalação equivocada é tão verdade que em entrevistas de bastidores, diversos envolvidos afirmaram que até o último momento a decisão seria por um protagonista mais velho – o que faria muito mais sentido. Nesses casos, a experiência conta sim! A escalação errônea, no entanto, é apenas um dos muitos problemas de O Assassino.

Não deixe de assistir:

Na trama, Mitch Rapp (O´Brien) exala sua felicidade piegas, digna das maiores vergonhas alheias, ao pedir a namorada em casamento durante as férias paradisíacas em Ibiza, Espanha. Para termos um filme, a alegria do sujeito precisa durar pouco, e ela acaba quando terroristas armados invadem o local e executam quase todos os turistas de forma bastante cruel. A cena é tensa, mas também de muito mau gosto, e não faz sentido algum, já que era um ato contra os EUA.

O amargurado jovem em luto dedica sua vida então para encontrar e se vingar de tal grupo terrorista islâmico, até ser interceptado e treinado pela CIA, personificada pela personagem da bela e talentosa Sanaa Lathan (Por um Triz). Ela “desova” o rapaz com uma verdadeira lenda viva dentro da agência, o recluso Stan Hurley, papel de Michael Keaton – o maior nome e verdadeiro chamariz neste elenco. Ele é o sujeito responsável pelo treinamento dos maiores espiões da agência. Só para contextualizar, a preparação de agentes foi mais real e bem trabalhada em O Novato (2003), com Colin Farrell e Al Pacino, por exemplo.

O nível de seriedade do filme é “tanto” que quase o transforma em uma paródia do gênero. Todos os itens na cartilha de obras assim são perpassados sem qualquer originalidade ou contribuição, o que faz de O Assassino um destes longas que apenas sugam sem acrescentar nada. Imagine o mais genérico dos filmes de ação e espionagem e você vislumbrará esta produção. Tudo o que esperamos acontecer estará incluído aqui e, quando passar, esqueceremos antes da próxima cena.

Sim, temos a figura do mestre severo (Keaton) que precisará ser resgatado ao final – e isso não é spoiler, qual é, você já viu um milhão de filmes assim. O vilão, claro, é um ex-aluno de tal mestre (você nunca viu Star Wars?), papel do azarado Taylor Kitsch (2ª Temporada de True Detective). Seria mais interessante termos como protagonista o personagem do lutador Scott Adkins (Os Mercenários 2). Ver o grandalhão levar uma sova do “meio quilo” O´Brien foi duro – Avatar, de James Cameron, é quase um documentário por comparação de credibilidade.

Bem, vale dizer também que tudo isso seria perdoado se o filme mergulhasse de vez na galhofa e se declarasse como diversão despretensiosa ou prazer culposo, um blockbuster apenas voltado ao entretenimento, como a franquia Velozes e Furiosos e os filmes de James Bond da era Pierce Brosnan (que descartam completamente as leis da física); mas O Assassino tem sim interesse com o real, e com certo drama, querendo tentar nos convencer que pretendem falar sério. É para rir.

Para não dizer que O Assassino é um desperdício completo, o filme do diretor Michael Cuesta (O Mensageiro, 2014) guarda uma parte técnica ok, que não merece desprezo, apresenta a promissora Shiva Negar, no papel da dúbia agente islâmica Annika, e traz Keaton em ótima fase (depois de Birdman, Spotlight, Fome de Poder e Homem-Aranha: De Volta ao Lar) realmente se divertido aqui e se tornando, de longe, como esperado, o melhor elemento dentro desta farofa sem gosto. A prova disso são suas caras e bocas ao desfecho no confronto com o vilão, que me pegaram ansiando por sua volta como o bio-exorcista Beetlejuice, na tão aguardada continuação de Os Fantasmas se Divertem (1988) planejada por Tim Burton.

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