domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Banquete – Grande elenco em cinema de atores de Daniela Thomas

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O Jantar da Carnificina

Saída da polêmica de Vazante (2017), seu trabalho anterior, a diretora Daniela Thomas não se afasta por completo da controvérsia com seu novo filme. O Banquete aborda temas diferentes de seu filme anterior, no entanto, igualmente pungentes e fervorosos.

O tema aqui é a liberdade de expressão da imprensa, servido numa bandeja com fortes tintas políticas, recriando acontecimentos ocorridos na década de 1990 (época na qual o longa se situa) e traçando forte paralelo com a incessante e sempre atual batalha entre veículos de comunicação em massa e seus governos.



Por opção dos realizadores, O Banquete foi retirado da programação do Festival de Gramado deste ano, no qual participaria da mostra competitiva, devido à morte do jornalista Otavio Frias Filho, diretor de redação do jornal Folha de São Paulo. O longa usa como pano de fundo de sua trama justamente uma carta aberta do jornalista ao então presidente Collor e do fato tira grande parte de suas metáforas e referências ao cenário político atual – e não apenas no Brasil.

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Escrito pela própria diretora, O Banquete é pura verborragia cênica. Um teatro filmado no qual a cineasta dá espaço para seu elenco de primeira tomar os holofotes, gerando um dos melhores esforços performáticos da década no cinema nacional, num verdadeiro ensemble.  Num único cenário – um jantar celebrativo de aniversário de casamento de colegas – Thomas vai aumentando a pressão desta panela prestes a explodir, enquanto simplesmente assistimos prontos a nos contorcer na poltrona de pura tensão.

Affairs, segredos, traições, sedução, ressentimento e rancor adormecidos começam a vir à tona com mais violência a cada hora passada neste aquário de personagens, o qual Daniela Thomas nos convida a analisar. Elevando a um novo patamar o ditado “não existe nada ruim que não possa piorar”, essas pessoas inteligentes e cultas, todas parte de um renomado veículo (editores, colunistas, críticos), irão se devorar umas as outras até o final da noite.

De fato, a cineasta revelou que o método de composição foram intensos ensaios, nos quais os intérpretes tinham total liberdade para criar seus personagens e seus diálogos. Uma vez de acordo que aquela seria a abordagem que todos iriam usar, as filmagens rolaram na forma de um longo plano-sequência (tal qual verdadeiramente uma peça), montado e editado para o filme no produto final – já que prontamente notamos cortes logo de início. O sentimento de clausura pode ser sentido durante toda a projeção.

No elenco de nomes de peso, destacam-se Drica Moraes, Mariana Lima e Fabiana Gugli, enaltecendo a força feminina dentro da obra. A diferença em cada comportamento dos convidados é outro ponto interessante a se destacar. Thomas confecciona com esmero cada detalhe minucioso que compõe a personalidade tão distinta de cada um destes convidados, prontas a colidirem. Numa interessante dinâmica – na maior parte do tempo abusiva – essas pessoas estão prontas a reduzirem seus desafetos à suas próprias insatisfações pessoais. A personagem de Gugli, por exemplo, é a maior representante do saco de pancadas da noite, se resumindo a um convite pronto a ser dilacerado. Sua atuação é exclusivamente internalizada.

Mariana Lima é pura explosão na pele da atriz Bia, para quem o banquete é oferecido. Destemida, a personagem é puro carisma, dona de diálogos lascivos e desavergonhados. Tamanha confiança é embalada por uma intérprete do porte de Lima – que atinge, talvez, notas tão altas como nunca anteriormente em sua carreira. O mesmo pode ser dito da protagonista Drica Moraes, que defende a anfitriã Nora com tamanha propriedade que facilmente se torna candidata a prêmios por sua atuação. Além disso, é Moraes quem guarda mais segredos em sua personagem, dona de uma agenda ainda não decifrada pelos outros convidados, mas que se mostrará letal à sanidade psicológica coletiva ao desfecho desta reunião.

O Banquete é o cinema nacional em sua melhor forma. Dono de um texto riquíssimo e interpretações afiadas. Daniela Thomas exibe pleno domínio de cena e cria uma perfeita simbiose com seus atores. Sem querer chamar atenção exclusivamente para seu subtexto, O Banquete não esquece de entreter como cinema, mesclando diversão ao conteúdo.

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O tema aqui é a liberdade de expressão da imprensa, servido numa bandeja com fortes tintas políticas, recriando acontecimentos ocorridos na década de 1990 (época na qual o longa se situa) e traçando forte paralelo com a incessante e sempre atual batalha entre veículos de comunicação em massa e seus governos.

Por opção dos realizadores, O Banquete foi retirado da programação do Festival de Gramado deste ano, no qual participaria da mostra competitiva, devido à morte do jornalista Otavio Frias Filho, diretor de redação do jornal Folha de São Paulo. O longa usa como pano de fundo de sua trama justamente uma carta aberta do jornalista ao então presidente Collor e do fato tira grande parte de suas metáforas e referências ao cenário político atual – e não apenas no Brasil.

Escrito pela própria diretora, O Banquete é pura verborragia cênica. Um teatro filmado no qual a cineasta dá espaço para seu elenco de primeira tomar os holofotes, gerando um dos melhores esforços performáticos da década no cinema nacional, num verdadeiro ensemble.  Num único cenário – um jantar celebrativo de aniversário de casamento de colegas – Thomas vai aumentando a pressão desta panela prestes a explodir, enquanto simplesmente assistimos prontos a nos contorcer na poltrona de pura tensão.

Affairs, segredos, traições, sedução, ressentimento e rancor adormecidos começam a vir à tona com mais violência a cada hora passada neste aquário de personagens, o qual Daniela Thomas nos convida a analisar. Elevando a um novo patamar o ditado “não existe nada ruim que não possa piorar”, essas pessoas inteligentes e cultas, todas parte de um renomado veículo (editores, colunistas, críticos), irão se devorar umas as outras até o final da noite.

De fato, a cineasta revelou que o método de composição foram intensos ensaios, nos quais os intérpretes tinham total liberdade para criar seus personagens e seus diálogos. Uma vez de acordo que aquela seria a abordagem que todos iriam usar, as filmagens rolaram na forma de um longo plano-sequência (tal qual verdadeiramente uma peça), montado e editado para o filme no produto final – já que prontamente notamos cortes logo de início. O sentimento de clausura pode ser sentido durante toda a projeção.

No elenco de nomes de peso, destacam-se Drica Moraes, Mariana Lima e Fabiana Gugli, enaltecendo a força feminina dentro da obra. A diferença em cada comportamento dos convidados é outro ponto interessante a se destacar. Thomas confecciona com esmero cada detalhe minucioso que compõe a personalidade tão distinta de cada um destes convidados, prontas a colidirem. Numa interessante dinâmica – na maior parte do tempo abusiva – essas pessoas estão prontas a reduzirem seus desafetos à suas próprias insatisfações pessoais. A personagem de Gugli, por exemplo, é a maior representante do saco de pancadas da noite, se resumindo a um convite pronto a ser dilacerado. Sua atuação é exclusivamente internalizada.

Mariana Lima é pura explosão na pele da atriz Bia, para quem o banquete é oferecido. Destemida, a personagem é puro carisma, dona de diálogos lascivos e desavergonhados. Tamanha confiança é embalada por uma intérprete do porte de Lima – que atinge, talvez, notas tão altas como nunca anteriormente em sua carreira. O mesmo pode ser dito da protagonista Drica Moraes, que defende a anfitriã Nora com tamanha propriedade que facilmente se torna candidata a prêmios por sua atuação. Além disso, é Moraes quem guarda mais segredos em sua personagem, dona de uma agenda ainda não decifrada pelos outros convidados, mas que se mostrará letal à sanidade psicológica coletiva ao desfecho desta reunião.

O Banquete é o cinema nacional em sua melhor forma. Dono de um texto riquíssimo e interpretações afiadas. Daniela Thomas exibe pleno domínio de cena e cria uma perfeita simbiose com seus atores. Sem querer chamar atenção exclusivamente para seu subtexto, O Banquete não esquece de entreter como cinema, mesclando diversão ao conteúdo.

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