domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Beco do Pesadelo – Guillermo Del Toro entrega suspense noir complexo e um tanto cansativo

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Guillermo del Toro é um renomado diretor de cinema especializado em realizar filmes de terror e fantasia que se fundem ao imaginário do espectador – não à toa, é um dos diretores queridinhos desse milênio. Del Toro conseguiu imprimir sua assinatura em Hollywood, com suas produções que flertavam entre o obscuro e o fantasmagórico, o bizarro e o belo, a fantasia e a realidade. Isso é algo que os fãs já identificam e esperam ver em seus filmes. Quando o diretor anunciou que iria fazer uma nova versão do clássico ‘O Beco do Pesadelo’, de 1947, a expectativa foi alta para ver como o lúdico entraria em sua leitura da história. Mas, apesar de o filme ser bom e funcionar, há pouco resquício da assinatura de del Toro neste seu novo projeto, que encerrou o Festival do Rio 2021.



Carlisle (Bradley Cooper) é um rapaz ambicioso que se apaixona perdidamente por Molly (Rooney Mara), uma artista de circo. Por isso, decide segui-la, e é assim que consegue um emprego no Circo de Clem (Willem Dafoe). Com uma carinha de bom moço e bastante humildade, Carlisle vai conquistando a confiança de todos ali, e, aos poucos, seus companheiros vão lhe passando todo o conhecimento que têm sobre os números que apresentam. Tudo muda, porém, quando ele conhece a sedutora vidente Zeena (Toni Collette) e o marido dela, Pete (David Strathairn), um ex-adivinho cujos segredos estão todos redigidos em um caderninho. Quando Carlisle descobre que Pete é alcoólatra, ele vê nessa falha sua chance de se apoderar do conhecimento do homem sobre como manipular a mente humana, e, assim, quem sabe, poder construir uma vida melhor para si e Molly longe dali.

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Com duas horas e meia de duração, o longuíssimo ‘O Beco do Pesadelo’ é esteticamente belo, capturando muito bem a atmosfera noir da narrativa do livro de William Lindsay Gresham, mas muito pouco dos elementos da assinatura do famoso ganhador do Oscar de Melhor Direção em 2018 estão no projeto. As cores em tons de azul e dourado e a fotografia que constrói uma aura de mistério nos personagens são o pouco que vemos de del Toro em seu primeiro filme após ‘A Forma da Água’. Então, quem espera encontrar o mesmo encantamento de ‘O Labirinto do Fauno’ ficará decepcionado.

Entretanto, se deixarmos esse sentimento de lado e esquecermos quem assina a direção, ‘O Beco do Pesadelo’ é um bom filme de suspense noir, centrado em um personagem masculino desprezível cuja astúcia cativa o espectador. Bradley Cooper se destaca na ascensão e queda de seu protagonista, despertando os sentimentos exatos em que o assiste. O grande elenco – que ainda inclui nomes como Cate Blanchett e Ron Perlman – dá corpo à produção, mas, com uma história centrada na jornada do protagonista, poucos encontram espaço para se desenvolver no enredo.

O Beco do Pesadelo’ é um noir imersivo, cuja sedução envolvente embala o espectador num ritmo bem lento. Vai agradar não pelo elenco ou pelo diretor, mas pelo absurdo da história de até onde a ganância e a mesquinharia de um homem pode levar. Pela sua extensão, entretanto, é recomendável tomar um café antes de assisti-lo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Guillermo del Toro é um renomado diretor de cinema especializado em realizar filmes de terror e fantasia que se fundem ao imaginário do espectador – não à toa, é um dos diretores queridinhos desse milênio. Del Toro conseguiu imprimir sua assinatura em Hollywood, com suas produções que flertavam entre o obscuro e o fantasmagórico, o bizarro e o belo, a fantasia e a realidade. Isso é algo que os fãs já identificam e esperam ver em seus filmes. Quando o diretor anunciou que iria fazer uma nova versão do clássico ‘O Beco do Pesadelo’, de 1947, a expectativa foi alta para ver como o lúdico entraria em sua leitura da história. Mas, apesar de o filme ser bom e funcionar, há pouco resquício da assinatura de del Toro neste seu novo projeto, que encerrou o Festival do Rio 2021.

Carlisle (Bradley Cooper) é um rapaz ambicioso que se apaixona perdidamente por Molly (Rooney Mara), uma artista de circo. Por isso, decide segui-la, e é assim que consegue um emprego no Circo de Clem (Willem Dafoe). Com uma carinha de bom moço e bastante humildade, Carlisle vai conquistando a confiança de todos ali, e, aos poucos, seus companheiros vão lhe passando todo o conhecimento que têm sobre os números que apresentam. Tudo muda, porém, quando ele conhece a sedutora vidente Zeena (Toni Collette) e o marido dela, Pete (David Strathairn), um ex-adivinho cujos segredos estão todos redigidos em um caderninho. Quando Carlisle descobre que Pete é alcoólatra, ele vê nessa falha sua chance de se apoderar do conhecimento do homem sobre como manipular a mente humana, e, assim, quem sabe, poder construir uma vida melhor para si e Molly longe dali.

Com duas horas e meia de duração, o longuíssimo ‘O Beco do Pesadelo’ é esteticamente belo, capturando muito bem a atmosfera noir da narrativa do livro de William Lindsay Gresham, mas muito pouco dos elementos da assinatura do famoso ganhador do Oscar de Melhor Direção em 2018 estão no projeto. As cores em tons de azul e dourado e a fotografia que constrói uma aura de mistério nos personagens são o pouco que vemos de del Toro em seu primeiro filme após ‘A Forma da Água’. Então, quem espera encontrar o mesmo encantamento de ‘O Labirinto do Fauno’ ficará decepcionado.

Entretanto, se deixarmos esse sentimento de lado e esquecermos quem assina a direção, ‘O Beco do Pesadelo’ é um bom filme de suspense noir, centrado em um personagem masculino desprezível cuja astúcia cativa o espectador. Bradley Cooper se destaca na ascensão e queda de seu protagonista, despertando os sentimentos exatos em que o assiste. O grande elenco – que ainda inclui nomes como Cate Blanchett e Ron Perlman – dá corpo à produção, mas, com uma história centrada na jornada do protagonista, poucos encontram espaço para se desenvolver no enredo.

O Beco do Pesadelo’ é um noir imersivo, cuja sedução envolvente embala o espectador num ritmo bem lento. Vai agradar não pelo elenco ou pelo diretor, mas pelo absurdo da história de até onde a ganância e a mesquinharia de um homem pode levar. Pela sua extensão, entretanto, é recomendável tomar um café antes de assisti-lo.

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