Michelangelo Caravaggio foi um famoso pintor italiano da época do Barroco e do Renascimento, que retratava essencialmente passagens e figuras religiosas. Em 1609, pintou o quadro ‘Natividade com São Francisco e São Lourenço’, porém, em 1969 o quadro foi roubado do oratório de São Lourenço, na cidade siciliana de Palermo. A obra de arte até hoje nunca foi recuperada, por isso, várias versões da história surgiram desde então, e uma delas ocasionou neste ‘O Caravaggio Roubado’, filme de Roberto Andò.
A trama começa com um roteirista bem pilantrão, Alessandro (Alessandro Gassman, bem convincente no papel de um bon vivant), tendo uma reunião no escritório da produtora de cinema e fingindo que tem um super roteiro pra vender. Na sequência, descobrimos que na verdade ele paga a Valéria (Micaela Ramazzotti, bem boa como uma mulher tímida e sem vida social, mas que se transforma ao longo do filme), secretária do estúdio, que trabalha por fora como escritora fantasma, redigindo todos os roteiros de sucesso de Alessandro. Neste momento, entretanto, Valéria está sem ideias. Porém, coincidentemente um sujeito bastante suspeito se aproxima dela e diz que tem uma história inacreditável para lhe contar.
Não é preciso dizer que, contra todos os princípios da prudência, Valéria segue o sujeito (cuja identidade não podemos revelar aqui, mas é interpretado por Renato Carpentieri), e o que ele tem para dizer é inacreditável: ele tem provas de que a máfia italiana está por trás do roubo do Caravaggio, e quer dar essa história como próximo roteiro de Valéria. A partir daí, o que era para ser um simples filme se transforma numa luta de sobrevivência, com o submundo do crime se interligando com o mundo da sétima arte como velhos companheiros.
‘O Caravaggio Roubado’ é um filme de suspense bem típico, desses cuja música de ambientação cresce nos momentos-chave para ajudar a criar a tensão da cena. Se o roteiro de Roberto Andò se mantivesse apenas na dúvida de qual teria sido o paradeiro do quadro original, o longa teria uma condução ao clímax muito melhor. Porém, o que acontece é que, na entrada para o segundo ato, o longa se desvia para outros elementos apresentados casualmente, referente à vida dos personagens, e que acaba criando uma barriga no ritmo do filme.
Por outro lado, ‘O Caravaggio Roubado’ mistura suspense, obra de arte, máfia italiana e história real – e isso já é mais do que suficiente para despertar a curiosidade do espectador. Dentro da metalinguagem fílmica de Andò, o resultado é um bom e intrigante thriller.