Vivemos em uma época em que o gênero de terror voltou a ser alvo de busca pelo público do cinema. Cada vez mais chegam filmes com a temática, alguns sendo exaltados pela crítica e pelos espectadores, e outros entrando para a lista dos que nem sequer fizeram a sua obrigação. Existe meio termo quando o assunto é terror? Existe. E o que traduzo como ‘meio termo’ são aqueles que até dá para conferir num dia que você não quer pensar muito. Enfim, O Chamado Mal se enquadra nesta última categoria.
O longa-metragem escrito e dirigido por Michael Winnick (Dublê do Medo) conta a história de um professor universitário e sua esposa grávida que se mudam de cidade. Ao chegar neste novo local, eles recebem um presente de boas-vindas e com isso liberam uma entidade maligna com intenções assassinas.
Quando se realiza um filme com a temática terror é de crucial importância que o mesmo conte com elementos assustadores. No caso de O Chamado do Mal, o telespectador irá se deparar com um verdadeiro show de água com açúcar, ou seja, uma história mal apresentada, construída e sem elementos surpreendentes que consigam causar impacto naqueles que se dispõem a assistir. A narrativa se baseia numa premissa já vista anteriormente, entretanto, não se esforça para dar uma perspectiva diferenciada ou entregar uma trama com mais consistência.
Os protagonistas, Lisa (Bojana Novakovic) e Adam Pierce (Josh Stewart) também não são donos de grandes atuações, trabalhando com um enredo que pouco se aprofunda ou permite amadurecimento. É como se todo o desenvolvimento acontecesse rápido demais, sem dar tempo de sentir nas interações dos personagens veracidade. Os diálogos também não surtem grandes efeitos, dando a impressão de estarem o tempo todo conversando coisas rasas. A entidade maligna, que é interpretada por quatro atrizes diferentes (Presley Richardson, Joy Kate Lawson, Bailee MyKell Cowperthwaite e Jo-Ann Robinson), é uma vilã fraca, sem muita construção e cuja motivação é óbvia e simples demais.
A irmã de Lisa, Becky (Melissa Bolona), entra na história dando a impressão de que traria mais a acrescentar devido a personalidade descrita e os trejeitos da mesma, entretanto, não tarda muito e ela é deixada de lado sem grandes explicações para sua partida. Delroy Lindo dá vida ao Dr. Clark, diretor do departamento de matemática da Universidade que também mexe com a parte paranormal. Lindo, que dá aulas de atuação em The Good Fight, se esforça ao máximo com o roteiro que tem e é o que mais se destaca dentro da produção.
Do outro lado, a direção cinematográfica também não apresenta um trabalho digno de marcar na memória, entregando ângulos esperados e uns jump scares medianos. Ademais, as poucas paisagens utilizadas não trazem nada de interessante e a maior parte do filme se concentra em ambientes fechados. A arte mistura uma espécie de objetos novos, modernos, e passa uma sensação de deslocamento de realidade para com alguns cenários da casa onde Lisa e Adam estão vivendo. É como se fosse algo proposital (vocês irão ver no quarto do bebê), mas que acaba por provocar estranheza no espectador.
De um aspecto geral, O Chamado do Mal é um longa que junta aquele arroz com feijão meio queimado que a gente come quando não tem outra opção. É um filme que não necessariamente chamará a atenção do público ou ficará impregnado na memória após assistir. Contudo, a trama até serve para aquele dia em que você chega cansado e quer conferir algo sem precisar pensar muito a respeito (ou até dormir no meio).